A minha força

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Caminho pelos corredores obscuros do Distrito 13 sem prestar atenção nos demais, que passam de um lado para o outro, em direção às suas próximas tarefas do dia. Mas nada disso importa.

Haymitch segura a minha mão e seguimos nosso caminho até onde, acredito, nenhum dos dois sabem exatamente. Talvez estejamos indo ao meu compartimento. Talvez estejamos apenas caminhando, à procura de um destino.

Ninguém se pronuncia. Seguimos nossos passos em silêncio até que eles nos levam ao meu compartimento. Eu já imaginava isso. É automático. Talvez seja o melhor lugar para estar agora.

Aqui me sinto como uma prisioneira de guerra desde o dia em que pus meus pés neste lugar. Mas, assim como uma prisioneira, aqui tenho certa privacidade. Sei que ninguém irá escancarar esta porta à minha procura ou à procura de Haymitch.

Me direciono a minha cama enquanto Haymitch fecha a porta. Quando me sento, pego o travesseiro e o abraço com a pouca força que ainda me resta e volto a chorar, enterrando o rosto nele. Balanço meu corpo para frente e para trás, repetidas vezes, enquanto sou consumida por meus próprios soluços.

Percebo que Haymitch se senta ao meu lado e encosta uma mão nas minhas costas, movimentando-a, lentamente, para cima e para baixo. Eu queria poder falar-lhe que tudo ficaria bem, ou pedir desculpas por ter perdido minha melhor chance de fazer sua vida melhor, de fazê-lo esquecer tudo de ruim que aconteceu com ele até então, que poderíamos construir uma nova vida depois da guerra, com uma família. A nossa família. Mas agora tudo está desfeito. Desfeito no mesmo instante em que fiquei sabendo como tudo poderia ser se evitássemos toda essa confusão. Eu me sinto vazia.

É como se todas as possibilidades de você ter um momento feliz fossem para o lixo e queimassem, deixando claro que você nunca terá uma segunda chance. Que sua vida será obscura e sua única saída será a morte.

Levanto um pouco a cabeça e sinto-a latejar. Chorar tem sido a única coisa que estava ao meu alcance. Mas a cada minuto que se passa, parece que não chorei o suficiente. Meus olhos estão inchados e mal consigo abri-los direito.

Ainda sem trocarmos uma palavra sequer, Haymitch me pega em seus braços e me põe no colo. Então enterro meu rosto na curva do seu pescoço e volto a soluçar, mas agora com menos força. Não tenho mais forças para nada.

Ele passa os dedos delicadamente pelos meus cabelos e encosta sua cabeça na minha.

- Você tem que ser forte - sussurra e eu balanço a cabeça.

- Não dá - sussurro em resposta. Haymitch aperta um pouco o abraço.

Encontrar minha força é algo que agora é impossível para mim. Sem sombra de dúvida, nunca mais voltarei a ser a Effie que eu era, nem mesmo a Effie que me tornei quando cheguei aqui. Não há nada que me faça sorrir. A tal luz no fim do meu túnel foi apagada para sempre.

- Quero que me escute - ele diz e percebo que sua voz está controlada. Desde que parou de beber, Haymitch tem mostrado controle sobre si mesmo e não foi diferente dessa vez. Então apenas tento regularizar minha respiração, tentando controlar meus soluços enquanto o ouço prosseguir. - A culpa não é sua. Nunca foi. Então não deve ficar se torturando pelo que aconteceu - ele faz uma pausa e o único som que ouço é quando fungo.

"Eu também sofri uma perda" continua. "Já falei isso para você uma vez, mas por alto. Não contei tudo, exatamente." ele para e enxuga um lado do meu rosto que está molhado de lágrimas. "Depois que eu venci os jogos, Snow me viu como uma ameaça. E como 'vingança', ele decidiu... matar a minha família. Ele matou todos eles, sem piedade, sem me dar o direito de sequer me despedir. Ele matou e faria de novo se pudesse."

You're Always Here - HayffieOnde histórias criam vida. Descubra agora