2. Eu te amo

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Quando eu estava me arrumando para voltar à escola, não poderia imaginar que minha tarde iria mudar de ponta à cabeça. Vesti a calça jeans, minha camisa do uniforme e um tênis preto lindo que comprei numa loja do shopping. O celular apitou, sem dúvida seria alguma mensagem da operadora me mandando recarregar. Peguei o aparelho e me surpreendi com o nome que li no visor. Não podia acreditar que era verdade, para mim ele nem iria ligar naquela semana...

Era Enzo Gabriel me convidando para dar um perdido com ele. Perdido para mim talvez fosse uma volta, bater um papo, nunca entendi de fato aquela gíria, mas na verdade acabei descobrindo um novo significado para tal expressão que me deixou feliz da vida. Sem nem saber o que seria aquele perdido, acabei aceitando de imediato. Com Enzo, eu toparia ir até o inferno. Eu faria qualquer coisa por ele e com ele, por mais que fosse o vilão da história que todo mundo tenta fazer a caveira do moço. Gente invejosa que queria ser metade do que meu bebê é, metade do que ele tem.

Reencontrá-lo depois de três anos naquela casa me traria de volta muitas recordações de um paraíso eterno. Marcamos em frente à faculdade, pois era caminho. E fiquei lá, esperando um tempinho, que não era nada em comparação ao que viria em breve, as melhores horas que passaríamos juntos. Enquanto eu o esperava, refletia sobre o que iríamos fazer de volta ao cenário do meu primeiro muito prazer. Eu tinha certeza que ele só queria me agradar e não tinha nenhum interesse sexual/amoroso em relação a mim. Às vezes parecia que ele tinha pena, o que me deixava pior ainda. Enzo havia dito que não se relacionava com garotos há dois anos (Bem, eu tinha entendido relacionar como se envolver, ficar, mas na verdade era namorar). Pensei na vida, no nosso passado, em como eu gostava dele mal o conhecendo, o cara em quem eu dei meu primeiro beijo gay. Meu eterno Enzo! Amante flamejante! E o tempo passava comigo no aguardo observando qualquer movimento do seu carro vermelho. É engraçado, sempre que eu vejo um uno way vermelho lembro-me dele.

O carro vermelho chegou e Enzo me observava por trás de seus óculos escuros como se eu fosse uma presa pronta para cair na armadilha. Aquele cara me dava um frio na barriga que eu prefiro pontuar como... medo. Entrei no veículo enquanto ainda falava no telefone e fomos. Desligou o celular e me olhou, tirou os óculos e eu olhei para seu olhos penetrantes. Ele é muito lindo mesmo, e intimidador. E está aqui agora, comigo. Tenho certeza que algumas bibas dariam a alma para estar no meu lugar.

– E aí!? – como sempre ele primeiro a puxar assunto. Começamos a conversar sobra a vida, os amores, últimos peguetes até chegar ao meu último: Maicon.

Eles se conheciam e se odiavam! Então se eu tivesse qualquer pretensão a fazer um sexo gay bem gostoso com os dois poderia ir desistindo daí.

– Maicon disse que você queria ficar com ele, mas ao mesmo tempo namorava cinco – revelei, eu e esse outro peguete havíamos conversado um pouco sobre Enzo.

– Eu quis namorar aquilo? – ficou revoltado e tratou o coitado do garoto com todo o desprezo possível – Eu dou o cu pra minha cachorra se ele vir aqui falar isso na minha cara.

Enzo e seu ótimo senso de humor. Ele era meu herói que aparecia para me salvar das angústias e parar o tempo como nesta tarde.

"Como consegue ser tão perfeito?", fiz aquela pergunta mentalmente. Ele era demais para os padrões normais de beleza, amor, carinho e fofura.

Eu gostava dele, gostava do Maicon, gostava de Luiz Otávio. Me sentia entre amores cruzados, mas, sem dúvida, Enzo era o que eu mais amava. Mas, para meu azar, nenhuns dos meus amantes flamejantes me queriam mais. Enzo disse que seríamos amigos e eu queria sim sua amizade. Eu gostava dele (só não sabia que poderíamos ser amigos coloridos), Maicon estava namorando uma bibinha louca (que bom pra ele!) e Luiz Otávio não sabe o que quer da vida, ou melhor, prefere não saber.

Três anos! Quanto tempo! Infelizmente nos separamos nas curvas do caminho tortuoso que seguimos até aqui e agora ele apareceu de surpresa pra gente se amar. É, pela primeira vez, eu fiz amor, naquela tarde chuvosa. Todas as vezes que eu o via tentava fugir, correr, como se eu não soubesse que aquilo não me levaria a lugar nenhum, tentar fugir de mim mesmo era patético.

Chegamos ao destino, como eu sempre quis ir até ali e não sabia o caminho (e por mais uma vez, não decorei o percurso, estava prestando atenção nele). Enzo saiu do carro e abriu a garagem, estacionou lá dentro e eu desci. Entramos.

A casa, a sala, o quarto, a cama. Meu Deus! Tudo no mesmo lugar do jeito que eu havia deixado e como sempre fora, perfeita como ele. Sentei no sofá e começamos a falar um pouco sobre toda minha vida, minha família e trouxe o casaco dele que havia me emprestado na última vez que fui me buscar após sua academia, essa foi a desculpa para que eu viesse até aqui. Enzo me pediu um abraço e eu dei. Daria a ele tudo que quisesse, até a senha da minha conta bancária.

– Vem pra cá, senta perto de mim – disse ele e eu obedeci. Ligou a televisão para que não ficasse um clima de silêncio perdido no ar e serviu bem de pano de fundo para nossa cena.

Ah, se eu soubesse o que iria acontecer depois, pelo menos teria ido psicologicamente e fisicamente preparado. Se eu soubesse o perdido que daríamos, teria até ido com uma cueca nova branca que eu comprei para ocasiões especiais como esta. Realmente, eu jurava que não aconteceria nada, só conversaríamos e pronto. Isto porque sempre achei (depois do reencontro) que ele só queria conversar comigo.

Mas não, Enzo parecia querer mais do que só papo. Queria beijo, sexo, uma tarde de prazer e no momento só eu poderia dar. E ele se lançou sobre mim, seus lábios nos meus num beijo tentador, que saudades da boca dele, a primeira boca masculina que beijei. Meu homem me beijava frenético, gostoso, maravilhoso! Eu o queria, mas não podia, já que não se relacionava com garotos há dois anos, não queria ser eu a fazê-lo se desconsertar do caminho ficando comigo.

Término do beijo.

– A gente não devia fazer isso! – falei.

– Tá. Se não quer a gente não faz! – afastou-se um pouco de mim.

– Não! – beijei-o novamente, óbvio que eu queria, mais que tudo.

Beijei-o deliciosamente. Sua língua explorava habilmente minha boca. Nunca fui beijado assim. Minha língua afaga timidamente a dele, as duas se uniam numa dança lenta e erótica, se tocando e se sentindo. OMG! Ele me quer! Enzo Gabriel, deus grego, me quer, e eu o quero, aqui, agora, no sofá da casa dele.

Finalizada a primeira sessão de beijos. Enzo saltou sobre minhas pernas e ficamos conversando. Ele me contou sobre os caras que ele já pegou e eu também, falamos de música, contou seu cantor favorito como se eu já não soubesse quem era. Lady Gaga!? Não! (vi no Face dele milhões de postagens em homenagem a tal cantor). Contou também que gostaria de escrever um livro de crônicas e comentários sobre letras de canções. Ele estava no meu colo. Sim, Enzo deus grego no meu colo.

E ele me beijou, mordi seus lábios e explorei sua boca. No silêncio das palavras e no quente de nossos corpos unidos em um só, percebi quão intensa era nossa química. Sem dúvida, aquela arde era meu êxtase, e Enzo, minha droga preferida! Fechei os olhos e ficamos de pé, ainda nos beijos quentes, fervorosos e talvez até apaixonados. É, gosto muito dele! Por que gosto tanto dele? Tá aí, não sei! Todos falam mal do meu príncipe e cada vez mais me apaixono. Coloquei-o num pedestal e agora se recusa a sair. Claro! Quem foi que pediu para que ele saísse!?

Preso aos beijos e de olhos fechados entreguei-me ao prazer de seu corpo e naquele momento eu só tinha uma certeza: "Eu te amo".


Muito prazerOnde histórias criam vida. Descubra agora