16. Entre sussurros e gemidos

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Mal acreditava eu que tudo aquilo poderia acontecer numa efusiva explosão de desejos que se concretizavam com tal rapidez. Diego havia marcado de me encontrar na faculdade. Eu sabia que provavelmente daríamos uns agarros, mas aquilo não era de fato oficial. Era noite, às oito horas eu estava próximo a entrada de sua faculdade. Apesar de ser um pouco escuro, estava repleto de carros e pessoas que transitavam com frequência por ali. Portanto, qualquer chance de nos pegarmos em algum canto estava permanentemente descartada.

Demorou alguns longos minutos com os quais não soube eu lidar com a espera. Mas depois de três mensagens, com a última sendo bem desesperada, ele me ligou. Já eram oito e dez. Ele entrava às oito e meia, mas ainda estava subindo o morro, o que demoraria uns dez minutos. Marquei de ir descendo em sua direção. Ele acabou me avisando na ligação com aquela voz super sexy que não daria para fazermos nada. Estava atrasado. Desci em sua direção, e no meio da descida encontrei-o. Ao longe, nem deu para reparar que era ele, pois sua alta estatura ficava muito resumida à distância.

Diego ainda estava com aquele seu bigodinho estilo cafajeste que triplicava a nota de gostoso que eu atribuía a ele. Seu sorriso cativante e seu cabelo loiro combinavam perfeitamente com seu corpo esguio e sedutor. Ele sorriu para mim derretendo-me como chocolate que acaba de ser devorado.

– Todo arrumadinho hein... – ele balbuciou para mim.

– Sempre estou! – adoro esbanjar minha autoestima com ele.

– Vai pra onde agora? – perguntou enquanto olhava para os dois lados como se alguém tivesse seguindo-o.

– Vou pra casa.

– Tem certeza? – fez aquela cara sedutora.

– Tenho outra opção?

Saí andando, desconsolado, ao saber que não teríamos um encontro mais caloroso naquela noite. Mas sorri, depois de dar uns oito passos e ouvi-lo dizer "Não!". Quando virei e encarei seu sorriso loiro, tive certeza que um peso em sua consciência ainda gritava meu nome. Fiquei esperando que ele falasse alguma coisa, mas como um vácuo ocupava o lugar das palavras, resolvi eu mesmo preenchê-lo.

– Ah, vou te levar lá em cima!

_ Então vamos! – saímos andando em direção à faculdade.

No trajeto conversamos sobre coisas objetivas que tratavam sobre nossas vidas particulares. Sempre nos intervalos que não podemos gastar com frases libidinosas optamos por assuntos pessoais, pois assim um conhece um pouco melhor o outro.

– Tem bala? – ele pediu.

– Não. – abaixei a cabeça como se tivesse cometido um pecado imperdoável.

– Poxa, Pietro – adoro quando ele fala meu nome.

– Mas tenho dinheiro para comprar. – exibi uma nota de dez reais – Lá tem cantina?

– Sim – fez uma cara séria e mudou de assunto – Agora presta atenção! Você conhece a faculdade?

­– Não.

– Você vai seguir aqui nesta rua – e me indicou uma rua a esquerda. – Vai subir uma escada lá onde está aquela parede laranja. Compra bala. Segue reto e me encontra lá no pátio. Eu vou estar te esperando. Você tem dois minutos.

Corri e fiz o trajeto indicado tentando gastar o mínimo de tempo possível, naquele momento o relógio era o vilão da minha história. Fiquei meio perdido e pasmo de qualquer pessoa poder entrar lá sem o mínimo de rigor ou vigilância. Comprei a bala e segui em direção ao pátio. Lá tinha muita gente, seria difícil encontrá-lo. Mas corri quando vi que tinha acabado de cumprimentar um homem e estava subindo uma escada para o bloco da sua sala.

Muito prazerOnde histórias criam vida. Descubra agora