Capítulo Catorze

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Jackie's POV

Acordo com a cabeça latejando de dor. Abro os meus olhos e percebo que estou em uma sala branca, sem imóveis ou até mesmo janelas. Parecia um abismo.
Sem conseguir lembrar de como fui parar ali, levanto e caminho até uma porta alta. Trancada.
Estranho e tento abrir mais uma vez. Me irrito e dou um soco nela, adiantando em nada.
Ando mais pela sala branca feito neve, e quadrada. Sento no chão e olho para o teto. Uma câmera pousava sobre um dos quatro cantos. Levanto e olho melhor para o pequeno dispositivo me observando. Em um dos lados tinha escrito: "Dyad Laboratory AUS experiment 04857"
Laboratório? Experimento? Austrália?
Um flashback percorre pela minha cabeça e logo me lembro de tudo que havia acontecido.
Estávamos no avião, em direção à Austrália para uma verificação em mim e Michael. Mas eu surtei, e sem pensar, já tinha o pensamento de morte percorrendo minha mente. Até que...até que Michael me beijou. E tudo se apagou.
"Um novo destino. O mesmo amor. A mesma ruína." Lembro do que a vidente havia me dito enquanto estava no Brasil.
Dyad Laboratory. Era para estarmos em Juvenilles Institute. "Um novo destino".
Eu estava apaixonada enlouquecidamente pelo Michael. Mas nunca quis dar um primeiro passo. E quando descobri oq eu era, nem cogitava a ideia de ficar perto dele, morria de medo de machucá-lo. Tentava manter maior distância possível, por mais que eu quisesse estar o tempo todo abraçada a ele. Ele havia admitido que também me amava quando estávamos do outro lado de Los Angeles. Mas não podia aceitar seu amor. Me sentia proibida de tal coisa. Ainda o amo. Sinto sua falta. "O mesmo amor."
Mas uma coisa não se encaixava. "A mesma ruína". Tentava entender que ruína a vidente se referia. A palavra chegava a me dar calafrios.
-Os meus amigos.- digo em sussurro lembrando-os.
Precisava sair daquela sala, daquele lugar de algum jeito. Arranco a câmera da parede e decido usá-la para quebrar a porta.
Bato uma, duas, três vezes até que consigo criar uma rachadura. A porta era fina, então conseguia abrir o resto do buraco com a minha mão. Sinto meus dedos sangrarem por causa da madeira. Tento abrir mais a rachadura, até que consigo, com um pouco mais de força, arrancar um pedaço grande da porta o suficiente para que eu pudesse passar por ela.
Limpo os sangue que corria entre meus dedos na minha roupa, só depois percebendo que vestia algo diferente do que quando estava no avião. Assim como a sala, a calça capri que vestia era branca. A camiseta branca regata também era, até sujá-la de sangue.
Sem nem ligar para isso, vou caminhando pelo corredor deserto, exceto pela sala em que estava e alguma outras câmeras no teto.
Com algumas luzes piscando, me sentia em um filme de terror. Mas continuei caminhando até que encontrasse uma saída de onde estava.
Quando já não estava mais aguentando, consigo avistar uma porta grande também branca. Corro até ela, e quando abro um outro corredor aparece, mas este, diferente do outro, havia milhares de outras portas nos lados. Olho para a porta grande a qual havia aberto que dava passagem para o corredor em que estava. Do lado tinha uma placa vermelha que dava o aviso: "Entrada proibida." E mais abaixo em palavras garrifadas: "PERIGO". Olho para a placa confusa. Claro, eu era o perigo.
Morrendo de raiva, dou um soco na placa, machucando ainda mais meus dedos ensanguentados.
Verificando de porta em porta para ver se encontrava um dos meus amigos, vou andando pelo corredor quase batendo os pés descalços.
Meu coração para por um segundo quando chego na porta do número 01875. Pela janela em forma de um círculo, avisto Julia deitada sobre uma maca azul clara.
Um alívio percorre sobre o meu corpo tenso quando consigo abrir a porta.
Corro até ela com as lágrimas nos olhos. Um minuto passa e Jubs acorda meio atordoada. Ela leva um susto quando me vê.
-Jackie?! Você está bem?! O que aconteceu com você?- diz ela olhando com os olhos arregalados para as minhas mãos e minha camiseta vermelha.
-Tah tudo bem, eu to bem. E você?
-Eu, eu não sei bem.- diz ela passando a mão na sua cabeça, logo ela percebe que a mesma estava enfaixada. Aí meus Deus, o que eu fiz? Penso para mim mesma.
-Pera. O avião. Você, Michael. Onde nós estamos?- Jubs diz tendo um lapso de lembrança.
-Não sei bem. Mas não é o lugar onde estávamos destinados a ir. Éramos para estarmos no Instituto Juvenilles. Estamos em um laboratório de experimentos chamado Dyad. Eu não sei, mas não gosto nem um pouco daqui pelo o que sinto.
-Experimentos? Cadê o resto do pessoal?
-Também não sei. Você foi a única que eu encontrei até agora. Julia nós temos que encontrá-los e sair daqui. Não tenho um pressentimento bom sobre esse lugar.
-Sim, também não. Vamos.- diz ela se levantando. Ao mesmo tempo em que nos preparávamos para sair uma voz feminina seguida da pessoa em si e mais dois guardas armados surgem na porta da sala.
-Aonde as duas pensam que estão indo?- a garota, que até aparentava ser mais nova que eu, estava em pé vestindo um jaleco branco e segurando uma prancheta.
Olho para o crachá que tinha na vestimenta da garota. De cabelos cacheados e um pouco mais baixa que eu, ela se chamava Emanuella.
-Quem é você? Onde estão nossos amigos? E que lugar é este?- pergunto estranhando o fato de uma garota nova aparentar trabalhar no lugar.
-Creio que não poderei responder suas perguntas. Assim como, creio que a senhorita nem deveria estar nesta sala ou até mesmo corredor. Seu lugar é no corredor Z. Você é um perigo para as pessoas a sua volta.-Diz Emanuella logo acenando para que os guardas me levassem.
-O que? O que é isso? O que vocês vão fazer conosco?-digo dando passos para trás, até bater numa mesinha. Nela, pousava um bisturi. Agarro o instrumento no mesmo segundo em que um dos guardas injeta na Julia um soro fazendo ela desmaiar e leva ela para algum outro lugar. O outro guarda chega perto de mim e logo enfio o bisturi em seu olho esquerdo. Sangue jorra sobre meu rosto, mas de certa forma, senti prazer em ter feito aquilo.
Enquanto o guarda gritava de agonia caído no chão, andava, ainda com o mesmo bisturi, em direção à Emanuella, a mesma me olhava desesperada e antes que a deixasse fugir, agarro ela pelo pulso e apoio o instrumento afiado sobre sua garganta.
-Vamos fazer assim, ou você me leva até o dono da porra desse lugar, ou eu apenas rasgo sua garganta aqui mesmo.- digo sorrindo ironicamente por fora, mas quase morrendo de vontade de acabar com ela.
Emanuella, tremendo, deixa cair sua prancheta e aponta em direção a uma outra porta.
-Boa menina.
Caminho segurando firme o bisturi na garganta da garota. Andamos por cinco minutos até que ela aponta mais uma vez indicando uma porta verde escura.
Abro a porta com força com apenas com uma mão, pois com a outra ameaçava Emanuella. Dou de cara com um salão enorme cheio de mesas, gente, comida e decorações.
Todos que estava conversando param no mesmo momento em que apareço no salão.
-Emanuella?- escuto Léo correndo em nossa direção. Solto a garota e a mesma, cai no chão colocando a mão sobre o pescoço e voltando a respirar  normalmente.-Amor? O que você fez com ela?!- ele grita em minha direção.
-Vo...Você conhece ela?-digo confusa. Amor? Como assim?
-Arg! Eu não te contei! Sim, ela é a minha namorada! Agora pode me explicar porquê você estava segurando um bisturi na garganta dela?!-ele grita.
Olho para ele ainda mais confusa. Ele tem uma namorada e nunca me falou sobre? E o que ela está fazendo aqui na Austrália?
-Não vai me responder?!- dessa vez ele me empurra. Dessa vez me irrito.
-Cadê os meninos?-digo rangendo os dentes tentando parecer o mais calma possível.
-Eles estão em suas salas se recuperando tudo por sua culpa! Primeiro você mata o Arthur. Depois quase nos mata porque de repente você se sente miserável. E agora ainda me aparece com um bisturi na garganta da minha namorada. Você é louca?!-dessa vez ele berra contra mim. Suas palavras machucavam mais profundamente que uma faca.
-Eu...eu não...- mal termino a frase, e mais outras palavras eram jogadas para mim.
-Não só louca, mas insana, assassina! Você é um monstro!
Sinto meu sangue borbulhando em minhas veias. Ele já tinha ido longe demais! Respirando de forma pesada, ajeito minhas mãos em forma de punho. Monstro? Mostraria a ele o monstro.
Estava consciente. Não o mataria. Mas o faria devolver as palavras que ele havia dito a mim. Avanço nele, fazendo-o cair. Um, dois, três socos, e logo seu nariz sangra.
-Monstro? Assassina?! Sério mesmo Leonardo!?-grito levantando ele pelo colarinho.
Me preparo para dar um próximo soco, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, algo me atinge na cabeça. Deixando Léo cair, me sinto atordoada e tonta.
-Desculpa pela pancada princesa.-a voz de Michael passa pelos meus ouvidos.
Caio ao lado do Léo e meus olhos lentamente vão se fechando.
É só um sonho, penso para mim mesma.
Amanhã será um novo dia.

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Capítulo baseado no episódio 01X2 de The 100.
Espero que tenham gostado.
Comentário sobre serão aceitos.
Bjsos

PS.: I (kinda) Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora