Capítulo 14

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Nina Novaes.

Tenho que ficar no hospital até depois de meu expediente acabar, já que Alex deixou algumas coisas pendentes e Dr. Roberto me chamou depois que eu saí da emergência, pois precisava de orientações sobre os pacientes. São pouco mais de 20h quando posso ir para casa. A essa altura já cansei de olhar para a tela do celular, que permanece intacta a não ser por mensagens da minha mãe. Nós marcamos de almoçar neste sábado.

Em casa, quando acabo o banho, estou a ponto de ligar para o Alex quando ele por fim me liga. Quase deixo o celular cair ao atender.

– Oi... – eu digo, somente.

Ei. Como é que você tá? – ele pergunta. Sua voz está meio rouca e distante.

– Você quem precisa me responder – digo, rindo contra a vontade. Ficamos um instante em silêncio. – Fiquei preocupada.

Eu sei. Desculpe. Eu... Tô bem, acho. Engraçado como a gente vê a morte de perto todos os dias e...

– Ainda assim não estamos prontos.

É.

– Onde você está?

No carro.

– Indo pra...?

Pro bar.

Eu sabia!

– Ah, não, não vai não.

Ele ri baixinho.

Acho que alguém está esquecendo do nosso acordo.

– Que seja. Vai pra casa, Alex.

– Não tenho nada para fazer lá.

Penso por um instante e então suspiro.

– Me deixe ficar com você, então... Posso chegar ao seu apartamento em meia hora.

Proposta interessante.

– Viu?

Quase tão interessante quanto as garçonetes do bar.

– Cala a boca – eu digo e nós rimos.

Te espero em meia hora, anjo.

E então ele desliga.

Ótimo. Qual a chance de eu desempenhar o meu papel de boa amiga? Espero que grande, porque em dez minutos já estou dentro do meu carro a caminho da casa dele.

Não consigo definir exatamente o que eu e Alex estamos tendo, é complicado demais para eu tentar entender. Ele é um cara legal, um ótimo cirurgião, inteligente pra caramba, é lindo, tem pegada e, o melhor de tudo, me quis da mesma forma que eu o quero. Embora eu tenha fechado um acordo com ele, já estava extremamente arrependida. Agora parecia bastante óbvio que eu não conseguiria manter a minha palavra por muito tempo. Sinal disso é eu estar aqui indo para seu apartamento tentar ajudá-lo num momento difícil da vida dele. Se eu não estivesse sentindo nada por ele, apenas o ligaria e desejaria melhoras. Mas não, aqui estou eu com meu peito apertado e louca para estar dentro do abraço de Alex novamente.

Acho que estou ferrada.

Quando chego, paro o carro em frente ao prédio e falo ao porteiro que queria ver Alex. Ele já logo me deixa entrar, à pedido do mesmo. Subo o elevador com o estômago revirado e a cabeça a mil, sem saber o que esperar dessa noite. Aperto a campainha e dez segundos depois, Alex abre a porta para mim. Está do mesmo jeito que o deixei no hospital mais cedo, só que dez vezes mais abatido. Meu primeiro impulso é abraçá-lo.

Anjo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora