Capítulo 41

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Nina Novaes.

Fui para trás da mesa do bolo para enfim poder cortá-lo de mãos dadas com Alex, porque eu não suportava mais a ideia de tê-lo longe de mim. Eu o queria perto o tempo todo. Assim que cortei o primeiro pedaço, Sofia aparece na minha frente novamente com a câmera nas mãos.

- Pra quem vai ser o primeiro pedaço? Espero que pra mim, porque eu que fiz o Alex aparecer nessa festa, querida.

- E eu fiz a festa, pentelha! - Celo resmunga aparecendo ao lado de Sofia. - E tô morrendo de fome, Ni.

Dou risada os analisando e então desvio o olhar para Alex, que me olhava com a expressão divertida.

- Eu até iria dar o primeiro pedaço para o meu noivo, mas ele não seria meu noivo hoje se não fosse a Sô... Então, o primeiro pedaço é seu, amiga.

Ela dá um gritinho de se escutar até da portaria e joga a câmera para Marcelo, que começa a nos filmar bufando. Entrego o pratinho, ela me abraça agradecendo e logo em seguida, olha para a câmera com um sorriso irônico.

- Parece que o noivo e o melhor amigo estão sem credibilidade nenhuma, não é mesmo?

- Você coagiu ela a te dar! Baixinha insuportável - Celo resmunga parando a filmagem. Depois, procura alguém com os olhos e quando acha, grita: - Dona Suzana, será que a senhora corta um pedaço de bolo pra mim?

Minha mãe dá risada e assente, vindo em minha direção e pegando a espátula de minhas mãos.

- Pode deixar que eu sirvo, filha. Vai cumprimentar seus convidados e curtir seu noivo. Ai, meu Deus, nem consigo acreditar que meu bebê vai casar.

- Você já sabia que ele viria, mãe?

- Claro que sim! Ele até pediu minha benção por telefone. É um fofo!

Olho para Alex com a sobrancelha levantada, que me dá o melhor de seus sorrisos.

- Viu? Sou um amor de genro - ele diz me puxando dali.

Decido cumprimentar meus convidados, que até então não tinha falado. Vou na direção do meu pai, que me olha com um sorriso no rosto. O abraço rapidamente, meio desconfortável, afinal não tinha nenhuma intimidade com ele.

Meus contatos com meu pai se resumiam a "feliz natal", "feliz ano novo" e "feliz aniversário". Ele nunca foi um pai para mim, nunca se fez presente na minha vida. Ele se separou de minha mãe quando eu tinha três anos de idade e desde lá, se transformou em outra pessoa (como minha mãe gosta de dizer). Esqueceu completamente que havia colocado uma filha no mundo e começou a curtir ensandecidamente a vida de solteiro com seus 27 anos. Virou um baladeiro de plantão e já deve ter mais uns três filhos por aí.

Eu costumava sentir muito a falta dele quando pequena, mas aprendi a superar. Eu já havia o entendido e o "perdoado" há alguns anos atrás, quando ele percebeu que eu já era adulta o suficiente para o escutar. Conversamos muito e por isso hoje vivemos em paz, porém cada um no seu canto.

- Oi, pai.

- Oi, Ni! Feliz aniversário, filha. Você está radiante. Quero que você seja muito feliz nessa nova fase da sua vida - ele diz parecendo sincero e eu me seguro para não revirar os olhos.

- Obrigada... Pai, vocês ainda não se conheceram oficialmente. Então, esse aqui é o Alex, meu namor... - franzo a testa, me corrigindo rapidamente. - Meu noivo. Alex, esse é o Seu Zé, meu pai.

- É um prazer conhecê-lo, senhor - Alex cumprimenta formalmente e sei que é porque ele sabe da minha história com meu pai.

- Prazer, rapaz. Espero que cuide bem da Nina.

Anjo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora