Capítulo 26

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Alex Boaventura.

Acordo com o toque do meu celular. Enfio a cabeça debaixo do travesseiro e espero que ele pare, mas o toque recomeça. Só podia ser a minha mãe.

— Oi m...

— Filho? Ah, graças a Deus! Estou te ligando desde que amanheceu.

— Ahn... Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu sim! Quero saber do baile.

Levo alguns segundos para entender, depois começo a rir.

— É claro! Esqueci que eu tinha que te ligar para te passar um relatório.

— Pois é! Comece me contando com quem você passou a noite.

— A senhora não prefere saber quanto eu doei para a ONG?

— ONG? Que ONG, Alex? Eu quero saber se você reatou com aquela moça!

Me sento na cama, passando a mão pelo cabelo, e respondo, mais feliz do que eu pretendia parecer:

— Eu segui o seu conselho, mãe... Fui sincero! Meio idiota, talvez, mas sincero. E nós voltamos.

— Ah, que graça, filho! Estou tão orgulhosa! Quando é que você vai trazê-la aqui, hein?

— Aí já é outra história, mãe.

— Não quero saber! Você nunca trouxe ninguém em casa, Alex! Trate de trazer essa moça aqui.

— Tá, tá bom...

Ok, agora me conte todo o resto... Você dispensou aquela sirigaita ruiva, né?

Ah, é, e isso me lembrava de outra missão impossível. A primeira era me declarar para a mulher que eu descobri que amava e esperar pelo milagre dela me aceitar de volta, coisa que eu achava ter conseguido fazer. E a segunda era terminar algo que eu nem sabia que tinha começado com a última pessoa do mundo a saber lidar com o fato de ser dispensada. E nessa missão eu tinha certeza que fracassaria.

(...)

Desligo o carro e olho para a casa de Alícia, sabendo que ela apareceria a qualquer momento. Eu geralmente não precisava enviar mensagens nem coisa do tipo, porque ela tinha um ouvido biônico ou era alguma espécie de bruxa, já que sempre sabia quando eu chegava. Na verdade, eu estava começando a considerar a ideia dela ter colocado um rastreador no meu carro ou, pior, em mim.

Se isso fosse verdade, ao menos agora eu não precisaria dar explicações sobre onde eu estava ontem, né? Poupava todo aquele blá blá blá e... Ah, eu disse. Aquela mulher só podia ser louca! Quando olho novamente, ela já está descendo os degraus na direção do carro. E eu poderia jurar que nunca a havia visto com a cara mais amarrada.

Ela abre a porta do passageiro e se joga ao meu lado, cruzando os braços.

— Já aviso que não quero ouvir suas desculpas esfarrapadas sobre ontem.

— Ahn, então... Tchau?

Ela cerra os olhos, depois solta um resmungo forçado.

— O que você fez foi imperdoável, Alex.

— Do que exatamente você está falando? — pergunto, porque não sei se ela se refere ao fato de eu tê-la abandonado no baile ou de eu ter ficado com a Nina.

— Como do quê? Você me abandonou naquele lugar para dar um de herói num plantão que nem era o seu. Faça-me o favor, honey! — abro a boca para responder, mas ela continua a todo o vapor: — E ainda por cima pede para o grosso do Marcelo vir me avisar que você não ia voltar. Eu por acaso tenho cara de palhaça?

Anjo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora