Capítulo 25

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Nina Novaes.

Assim que entro no quarto, não penso duas vezes ao me jogar no colchão do beliche que tinha ali. Me encolho toda e fico de cara com a parede, tentada a bater minha cabeça nela repetidas vezes.

E eu que pensava que o baile seria mil maravilhas, não podia estar mais enganada.

O jeito que terminei com Willian não foi nem de longe o que imaginei que seria. Planejava ser legal e terminar amigavelmente, não jogar na cara dele através daquelas lágrimas que ainda sou apaixonada por outro. Ele não merecia isso e eu estava péssima por ele. Mas tudo aconteceu de uma forma que eu não esperava e quando eu vi... Puff! Terminei. Quando a poeira baixasse e tudo voltasse ao normal, eu com certeza me desculparia com ele por não ter sido aquilo que ele imaginava que eu seria.

O lado bom de tudo isso é que finalmente eu me sinto em paz comigo mesma. Até mesmo um pouco menos ridícula por não gostar do cara com quem estou saindo. Aquilo precisava acabar e de um jeito ou de outro, foi o mais certo a ser feito.

A sensação de paz não dura mais do que dez segundos, porque nesse instante me lembro da cena de Alícia beijando Alex e do quanto eu me sentia verdadeiramente mal por me importar tanto com aquilo.

Eu não sabia qual tipo de feitiço aquele homem havia jogado contra mim, mas eu só sabia querer cada vez mais dele.

Passo as mãos pelo rosto, me sentindo esgotada emocionalmente. Sem contar que meus pés estavam me matando pela corrida nas escadas. Quando estou prestes a enfiar o rosto em um daqueles travesseiros, ouço uma batida discreta na porta. Pensar que seria Willian era muito otimista da minha parte. No máximo era Marcelo, Sofia ou... Alex. Mas ele não me viu entrar aqui, viu?

Em dois ou três passos já estou de frente a porta. Puxo-a um pouquinho e dou uma olhada, mas não consigo ver muito bem, porque o corredor está escuro.

─ Tá se escondendo de quem? ─ Alex pergunta.

─ De ninguém ─ respondo, abrindo a porta de vez. ─ Pensei que era... Outra pessoa.

Dou as costas para ele e volto para a cama, dessa vez me sentando e abraçando os meus joelhos. Sem esperar convite, Alex entra no quarto e fecha a porta atrás de si. Percebo que já está sem terno e com a gravata frouxa.

─ O pé no saco não vai vir te procurar depois de... Você sabe ─ ele reprime um sorriso, arqueando a sobrancelha. Por que ele sempre tinha que vir com esse sorrisinho presunçoso?

Resolvo não responder, o que acaba por deixar claro que eu não queria falar sobre Willian. Alex afrouxa ainda mais a gravata e se senta no chão de qualquer jeito, mantendo os olhos bem fixos em mim.

─ Quase o perdemos hoje ─ eu digo depois de um tempo em silêncio. No mesmo instante ele sabe que estou me referindo ao Denis.

─ É...

─ Ele é tão pequeno. Por um momento pensei que... Sei lá. Fiquei com medo. Pensei que ele não fosse resistir.

─ Mas ele é forte, você viu. Já passou por tantas cirurgias. Agora um transplante...

─ É... Será que nós vamos mesmo vê-lo jogar a qualquer dia?

─ Posso apostar que sim, anjo.

Assinto, satisfeita e até tranquilizada pela resposta. Gostaria de dizer que nesse momento fiz outra coisa além de olhar para o Alex, mas eu não conseguia desgrudar os olhos dele. Começo a me perguntar (até inutilmente) o que fez com que eu me apaixonasse por ele. Certamente a droga daquele cabelo loiro. O sorriso egocêntrico. O jeito como dizia "anjo"... Era até ridículo gostar tanto de ouvi-lo dizer isso. Ah, sem contar os olhos... Meu Deus, como eu gostaria de saber o que ele estava pensando agora. Mas era sempre tão difícil decifrar.

Anjo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora