Capítulo 31

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Nina Novaes.

São quase dez horas da noite de domingo quando enfim entro em meu carro para ir embora. Devido à folga que pedi para meu chefe no sábado que vem para poder aproveitar o aniversário de Marcelo, vou ter que trabalhar dobrado esta semana. Alex não pegaria folga o dia inteiro, mas sendo cirurgião ele tem mais regalias do que eu aqui dentro, por isso ele já tinha ido embora às oito.

Passo os dedos por meus cabelos e faço uma careta ao notá-los cheios de nós. Aproveito para fazer um coque alto desajeitado e me olho no espelho do retrovisor. Meu Deus. Estou só o pó da rabiola.

Depois de trabalhar por mais de 12 horas seguidas, eu estaria querendo muito mesmo sair daqui com alguma dignidade. Tudo o que eu mais queria agora era um bom banho e minha cama.

Ligo o som e conecto meu celular nele, para poder ouvir minhas músicas. Aumento o volume para despertar um pouquinho e saio do estacionamento do hospital tranquilamente.

Meus pensamentos viajam para os acontecimentos de hoje e em como ele foi agitado. Estava tudo certo para eu passar o dia na ala da pediatria como em todos os outros dias. Mas aparentemente aos domingos as pessoas desaprendem a dirigir e aparecem mais gente acidentada do que o normal. Fui chamada na emergência e fiquei o dia todo por lá, de modo que mal consegui ver Alex. Ele também estava demasiado ocupado discutindo seus estudos com Dr. Roberto sobre uma cirurgia marcada para terça. Seria bem complicada e os dois a realizariam juntos.

O trânsito de domingo a noite estava ótimo, por isso consegui chegar em casa em menos de meia hora.

Estaciono meu carro e fico mais alguns minutos dentro dele só me atualizando nas redes sociais. Por que instagram precisa ser tão viciante, meu Deus?

Quando enfim saio do carro e vou em direção do elevador, ele se abre e meu porteiro sai de dentro dele com uma cara de puro tédio.

– Boa noite, seu Inácio – cumprimento educada e ele dá um meio sorriso.

– Boa noite, dona Nina! Trabalhou muito? – ele pergunta enquanto caminha comigo de volta para o elevador. Qual é o problema dele?

– Sim, estou exausta.

– Hm, eu imagino. Infelizmente tenho uma má notícia. Vi pelas câmeras a senhora chegando e vim te avisar.

– Ah, que ótimo – ironizo me encostando na parede do elevador e ele faz o favor de apertar o térreo. – O senhor pode apertar meu andar aí, por favor?

– A senhora vai ter que ir comigo na portaria. Tem uma louca lá querendo falar com você – ele diz fazendo uma careta engraçada e ajeitando os óculos de grau no rosto.

– Uma louca? Essa é a má notícia?

– Sim, porque ela é realmente louca! Tem o cabelo vermelho e diz ser sua irmã.

Ah, não! Não, não, não! Por favor, meu Deus. Tudo o que não precisava para o dia de hoje era terminá-lo tendo que olhar para a cara da falsificada.

– Como eu sei que a senhora não tem irmã, já tentei expulsá-la de tudo quanto é jeito – ele continua quando vê que eu fico quieta. – Mas ela insiste em ficar aqui e esperar. Já quase chamei o seu Marcelo. Ele é policial, né? Podia dar um jeito. Mas ele não está em casa também.

Até pensei em respondê-lo, mas nesse momento o elevador se abre e nós já estamos no térreo. A ideia de subir sem que Alícia me veja passa rápido por minha cabeça, mas no instante seguinte, ela já está espiando para dentro do elevador.

Anjo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora