Capítulo 2 - Identidade Falsa

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** Alex Holbrook na foto **

— Feliz aniversário pra namorada mais linda desse mundo — Ryan diz, assim que desço do carro.

Ele me abraça apertado e eu retribuo.

— Obrigada.

Nós estamos juntos há uns 3 anos e somos o casal mais invejado da escola. O "casal perfeito", muitos dizem. Pontos para mim, por ser ótima em esconder defeitos — fiz isso a minha vida toda. Se essas pessoas soubessem metade do que é esse relacionamento, elas, provavelmente, pensariam diferente.

— Emma! — Lacey grita quando me vê e corre até mim. — Feliz aniversário!

— Obrigada. — digo, mais uma vez.

— Bom, espero que a festa ainda esteja de pé, porque eu, acidentalmente, convidei metade da escola, então...

Não consigo evitar uma gargalhada. Minha melhor amiga e sua boca grande.

— Tá de pé, sim. Mas relaxa, quanto mais gente melhor.

O sinal toca, assim que termino de falar e nós três nos encaminhamos até o colégio, onde mais pessoas vêm me desejar feliz aniversário e eu novamente agradeço, nem tão animada. Odeio repetições e odeio pessoas interesseiras, o que é, exatamente, o que metade das que vieram falar comigo são.

Vou até meu armário pegar meu material com Ryan ao meu lado, até que avisto um rosto familiar saindo da sala do diretor. Mas não consigo identificá-lo.

— Quem é? — pergunto a Ryan.

Ele leva um tempo analisando o homem que está a alguns metros de distância. Ele é alto, loiro e possui vestígios de uma barba mal feita em seu rosto. Está usando paletó e gravata pretos, o que o faz parecer bem mais velho do que realmente é.

— É Alex Holbrook, Emma. — Ryan diz, enfim. — Pensei que vocês se conhecessem.

Nós nos conhecemos, de fato. Agora eu me lembro. Alex é filho de Walter Holbrook, filho do morto. Nem posso imaginar o que ele está passando agora. Me lembro de quando brincávamos juntos, enquanto nossos pais discutiam política. Apesar da diferença de idade — uns 5 anos — nós nos dávamos muito bem. Só não consigo lembrar quando isso acabou.

— Mas o que ele tá fazendo aqui? Ele se formou há anos. — indago.

— Ele trabalha como detetive agora, talvez algum aluno tenha feito alguma burrada e precisaram chamar a polícia.

A expressão triste no rosto de Alex me diz que Ryan está errado. Ele não está trabalhando, ele está de luto.

De repente, me sinto mal. Aqui estou eu, preocupada com uma festa de aniversário estúpida, enquanto outras pessoas têm problemas muito maiores.

— O que foi, amor? — Ryan me tira do devaneio. — Ficou triste, de repente.

— Nada, não. — disfarço. — Já vou pra aula, okay?

— Tudo bem — ele me beija e se retira na direção oposta à minha.

Quando olho para Alex novamente, pego ele me encarando, mas ele desvia o olhar tão rápido que me pergunto se vi direito. Provavelmente não.

Caminho para a sala de aula. Dessa vez sem olhar para trás.

(...)

Acabamos de sair da escola e estamos parados em frente ao armazém do posto de gasolina.

— Trouxe a identidade falsa, né? — Ryan me pergunta.

Tiro a identidade de dentro da bolsa e desço do carro. Lacey e Ryan me acompanham. Viemos aqui para comprar as bebidas da festa, mas como nenhum de nós tem mais de 21 anos, precisamos de documentos falsos.

O armazém está em um estado deplorável. Me pergunto se já fizeram inspeção sanitária nesse lugar alguma vez, porque não parece. Passo entre as prateleiras com cuidado para não sujar minha roupa. Quanto ao cheiro, não há como escapar. É uma mistura de bebidas, com lixo e mofo. Insuportável.

— Não sabia que tava difícil conseguir uma vassoura hoje em dia — reclamo. — Olha o estado desse lugar.

— Vamos só pegar as bebidas e dar o fora. — Ryan diz, acelerando o passo.

Na sessão de bebidas o cheiro é ainda pior e decido que não sou obrigada a aturar isso, ainda mais no dia do meu aniversário.

— Eu vou esperar lá fora, tá bem? — aviso.

Lacey e Ryan concordam, me dando a deixa que eu precisava para sair.

Quando atravesso a porta do armazém e o ar fresco finalmente invade meu nariz, é como respirar pela primeira vez. Me apoio na parede e fecho os olhos por um instante, mas sou obrigada a abri-los quando uma voz me assusta.

— Problemas para respirar? — um homem jovem, mas com a aparência cansada, me encara de maneira perturbadora. — O que uma menina bonita como você tá fazendo num lugar desses... Sozinha? — ele toca uma mecha de meu cabelo, me dando calafrios.

Por instinto, eu retiro sua mão com força e me afasto. Insatisfeito, ele se aproxima novamente, me puxando pelo braço.

— Me solta!

O homem deixa uma risada escapar de sua boca, enquanto levanta os braços como se estivesse se rendendo.

— Te vejo por aí, princesa — ele sussurra próximo ao meu ouvido, antes de se retirar rapidamente.

Continuo imóvel, observando ele se afastar. Minhas mãos estão tremendo, e ainda estou tentando descobrir o que acabou de acontecer. É quando Ryan e Lacey voltam e me tiram do transe.

— O que houve, Emma? Quem é aquele homem? — Ryan pergunta, preocupado.

— Não faço ideia, deve ser um pervertido qualquer.

— Meu Deus. Você tá bem? — ele diz quando percebe que estou tremendo.

— Tô — me recomponho. — Vamos embora logo.

Pagamos as bebidas, sem nem precisar das identidades, e partimos em direção a minha casa.

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Olá, pessoas! Espero que estejam gostando da história! Estou muito feliz com o resultado do primeiro capítulo, muito obrigada a todos que leram.

Esse capítulo foi curtinho e meio parado porque é a partir do próximo que a história realmente começa, então não se preocupem. 

Beijos e continuem lendo


Sequestrada #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora