— Te ensinar a lutar?! — Alex pergunta, sem pestanejar. Suas narinas estão dilatadas e o cenho franzido. — Você perdeu a noção?
— Alex, eu perdi muitas coisas... Mas a minha noção não foi uma delas — digo com a voz firme. — A escolha é sua.
Ele anda de um lado para o outro, passando a mão pelos cabelos loiros, no que parece uma tentativa de decidir o que fazer.
— Eu não posso te ensinar a lutar... Por que eu faria isso afinal? Pra você poder fugir de novo?
— Depois do que aconteceu da última vez, pode ter certeza de que eu não vou tentar fugir. Mas eu preciso saber me defender, eu não vou ficar esperando a Jo dar a louca de novo e me dar uma sur...
— Isso não vai acontecer de novo.
— Como você pode ter tanta certeza?
Ele para de andar como se finalmente tivesse a resposta para alguma coisa, e vem até mim. Ele para na minha frente, com medo de se aproximar mais, apesar de eu não recuar nem um centímetro. Posso sentir o calor que emana de seu corpo atingir o meu e prendo a respiração involuntariamente. Meu coração acelera de repente.
— Porque eu não vou deixar — ele finalmente diz, olhando nos meus olhos.
Seu olhar é o mesmo que vi quando ele me tirou da água depois de pular do penhasco. É protetor, acolhedor. Mas mesmo assim, não dou o braço a torcer.
— E o que garante que a Jo vai te obedecer? — pergunto, olhando-o nos olhos e me mantendo firme, para ter certeza de que ele não vai me fazer mudar de ideia. — Ela não me parece o tipo de pessoa que segue as regras.
Vejo a ponta de dúvida que eu precisava surgir em seu rosto. Alex me dá as costas e abaixa a cabeça, tentando esconder. Ele apoia a mão direita na porta do quarto enquanto balança a cabeça em negativa.
— Alex.
— Não dá, Emma... Não posso — ele diz, antes de puxar a maçaneta da porta e sair do quarto.
— Alex! — chamo-o mais uma vez, na esperança de que ele volte, mas nada acontece.
Começo a dar murros na parede mais próxima, tentando pensar em algo. Em uma solução. Eu preciso fazê-lo mudar de ideia, mas como?
Como fazer ele ver que a Jo não vai mudar?
Ando de um lado para o outro tentando me concentrar, mas só consigo pensar no fato de que ele escolheu Jo ao invés de mim de novo. É inacreditável.
Chuto a porta do quarto dessa vez e só então percebo que Alex havia deixado-a entreaberta, do mesmo jeito que fez mais cedo. Será que ele acha que eu vou o perdoar pelo simples fato de não estar mais trancada em um quarto? Eu ainda estou trancada em uma cabana e em uma floresta, então isso não muda nada, babaca, penso em voz alta.
Escuto a porta da cabana sendo aberta e pela fresta aberta que meu chute deixou posso ver Jo entrar, sozinha. Respiro fundo, sem ter ideia do que vou fazer.
Termino de abrir a porta do meu quarto e levo um susto com o rangido que ela faz. Patética, penso. Saio do quarto e caminho pelo corredor devagar.
Quando chego ao final, eu paro e espio Jo. Ela está de costas para mim, sentada na cadeira em que eles costumavam me prender, lendo um livro. Dou mais um passo, com cuidado, tentando chegar até ela, mas o piso de madeira faz barulho com o peso de meu corpo e Jo se vira rapidamente, me olhando assustada.
— O que você pensa que tá fazendo? Quem deixou você sair? — ela pergunta, me olhando com ódio.
— E-Eu — meu rosto enrubesce com o gaguejar, e limpo minha garganta tentando não cometer esse erro de novo. — Eu achei que pudesse sair do quarto, Alex deixou a porta aberta — digo, dando enfoque no nome de Alex, para provocá-la.
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Sequestrada #Wattys2016
Diversos"- A partir de agora, eu quero que você esqueça tudo o que você acha que sabe sobre sua família." Quando um atentado a um avião do governo matou centenas de pessoas, a última coisa que Emma Wright poderia imaginar era que sua família tives...