Capítulo 18 - Amadora

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Sopro os fios rebeldes que cobrem meu rosto e observo enquanto eles dão um salto e voltam a tocar meus lábios. Já perdi a conta de quantas vezes fiz isso. Vejo Alex me estender sua mão por entre os fiapos de cabelo loiro, para que eu consiga me levantar. Aceito e ele me puxa para cima facilmente. Ele está sem camisa e sua abdômen definido fica a mostra. Tento desviar o olhar, mas é quase impossível.

— Já tá na hora de você começar a revidar, não? — ele diz, me tirando do transe e me fazendo corar. Posso ver um meio sorriso surgir em seu rosto e me sinto ainda mais estúpida.

— Cala a boca — digo, tentando acertá-lo com um soco no peito, mas ele desvia e abre um sorrisinho satisfeito. Franzo as sobrancelhas.

Já faz cinco dias que pedi para Alex me ensinar a lutar. Cinco dias e só hoje conseguimos ficar sozinhos. Ele não quer que Dennis nem Jo descubram, o que torna minhas aulas quase impossíveis, já que eles sempre estão aqui e Alex sempre está trabalhando. Agora estamos fora da cabana, mas na parte de trás. Uma que eu ainda não havia visto. Dá de frente para um lago muito bonito e as pedrinhas que cobrem o chão machucam meus cotovelos toda vez que Alex me derruba.

Tento acertá-lo de novo, dessa vez no rosto. Mas ele desvia novamente e segura meu braço, me dando uma rasteira e me derrubando mais uma vez. Solto um grunhido irritado.

— Dá pra parar? — digo, enquanto me levanto, sozinha.

— Ué, você não queria aprender?

— Argh! Eu não deveria ter pedido nada! — reclamo, perdendo a paciência e dando-lhe as costas.

Ouço Alex expirar alto, e posso imaginá-lo balançando a cabeça.

— Ok— ele diz com má vontade. — Vamos fazer isso direito então.

Abro um sorriso gigantesco por alguns segundos, mas volto a ficar séria antes de me virar para Alex.

— Primeiramente, você tá fazendo tudo errado — ele diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Reviro os olhos. — Regra número um: nada de revirar os olhos.

— Eu não... Isso nem é...

— Aqui é — ele me interrompe, como se soubesse exatamente o que eu ia dizer. — Segunda regra: você não pode simplesmente ficar em pé esperando que eu te acerte. Precisa de uma defesa.

— Ok... Como é que eu faço isso?

— Aqui... — ele diz, se aproximando. — Você é destra, certo? — balanço a cabeça positivamente. — Então, pé esquerdo na frente do direito.

Faço o que ele diz e coloco um pé na frente do outro, mas quase perco o equilíbrio.

— Não, não assim... — Alex reclama balançando a cabeça em negativa. — Suas pernas precisam estar mais distantes, você não vai lutar esgrima!

Reviro os olhos de novo.

— Emma, os olhos!

— Argh! — grito irritada e tento empurrá-lo para longe de mim, mas ele afasta meus braços antes mesmo que eu encoste minhas mãos nele.

— Errado! Você não pode gritar antes de acertar o seu adversário, ele sempre vai saber quando se defender — ele me repreende mais uma vez. — Vai, pé esquerdo na frente... — ele separa minhas pernas com um chute fraco, me deixando sem equilíbrio e me obrigando a me apoiar em seus braços para não cair.

Suas mãos quentes tocam minhas costelas geladas e é como se eu levasse um choque. Solto-o rapidamente e ele faz o mesmo. Engulo em seco.

— É... Bom... — ele diz depois de alguns segundos como se não soubesse como continuar. Limpando a garganta, ele observa meu novo posicionamento. — Agora... A defesa. Você precisa proteger seu rosto. É só dobrar os braços e colocá-los na frente da cabeça, assim. — ele faz uma demonstração. — Entendeu?

Balanço a cabeça dizendo que sim e repito o seu exemplo.

— É... Dá pro gasto... — ele diz depois de me analisar por um tempo, soltando uma risadinha, que retribuo com uma outra irônica. — Certo, acho que por hoje tá de bom tamanho.

— O quê? Eu não sei nem dar um soco ainda, tá brincando?

— Mas você já sabe como não levar um... Já é alguma coisa, não?

— Vamos ver... Me acerta.

Alex me olha confuso.

— Vai Alex... Me dá um soco, faz alguma coisa...

Ele se posiciona da mesma forma que me ensinou e faço o mesmo. Mantenho meus braços sobre meu rosto esperando que ele me dê um golpe, mas nada acontece. Abaixo minha guarda para reclamar pela demora e só então Alex me dá um soco, fraco, mas que me acerta em cheio e quase caio.

— Ai!

— Você abaixou a guarda...

— Porque você demorou um século!

— Você prefere apanhar ou ter paciência?

Balanço a cabeça em negativa, em desistência. Não consigo lidar com Alex, ele insiste em agir com um babaca e eu não sei revidar nem os golpes, nem as palavras. Solto a respiração que estava prendendo de uma vez só.

— Quer saber? Tem razão, acho que já deu por hoje.

Dou-lhe as costas e começo a caminhar de volta para a porta dos fundos da cabana.

— Até porque nós temos todo o tempo do mundo, hã? — Alex diz, com a voz também carregada de irritação. Paro de caminhar e espero-o terminar de falar. — Afinal, você tá presa aqui comigo...

Suas palavras são mais fortes do que todos os golpes que levei hoje somados. Porque me faz lembrar a razão de eu estar aqui. A razão de eu precisar que Alex me ensine a lutar. Eu fui sequestrada e sua tentativa de me lembrar disso funciona perfeitamente. Toda a impaciência e irritação que eu estava sentindo antes aumentam ainda mais. Volto a olhar para ele.

— Como é que você consegue dizer isso em voz alta, sem remorso nenhum? — pergunto e posso ver que minhas palavras acertam Alex em cheio, porque ele muda sua expressão na hora e engole em seco. — Já que você fez questão de lembrar que eu sou sua refém, eu também vou te lembrar uma coisa... Isso que a gente tá fazendo não quer dizer nada. E nem muda o fato de que você arruinou a minha vida!

Entro para dentro da cabana sem olhar para trás, com a visão embaçada, quase tropeçando em meus próprios passos. Apoio-me na porta e fecho os olhos, contendo todas as lágrimas que quero derramar. Posso ouvir Alex chamar meu nome enquanto tenta abrir a porta que meu corpo bloqueia. Até que sou surpreendida por uma voz familiar até demais. A voz de Jo sai curta e grossa:

— Quer merda tá acontecendo aqui?

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Eu sei o que vocês devem estar pensando: ALELUIAAAA!

Voltei, gente.......Espero que vocês não estejam querendo me matar. Mas se estiverem, eu entendo, demorei muuuito pra atualizar e peço mil desculpas. Espero que não tenham desistido da história.

Prometo que agora eu vou tentar postar com mais frequência, até porque minhas férias estão próximas então vai ficar tudo mais fácil.

Bom, sobre esse capítulo: eu não sei nada sobre luta, então se eu tiver escrito algo errado, não me julguem kdkdk

E a Jo apareceu pra estragar o momento, como sempre rsrs. Será que ela já vai descobrir que o Alex tá ensinando a Emma a lutar?

Deixem o voto de vocês e o comentário, pode ser me xingando por demorar pra postar, eu mereço (mentirinha, não façam isso, xingar é feio)

Beijos













Sequestrada #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora