Sabe aquela garota nerd da sua classe que você não gosta? Aquela chata, que não faz nada da vida além de estudar e está sempre reclamando dos bagunceiros da sala? Aquela que você chama de "mal comida", "sem vida social", entre outras coisas do tipo? Muito prazer, essa sou eu!
Meu nome é Rita, e posso dizer com todo orgulho do mundo: sou a garota mais inteligente da sala. Exatamente por isso fui escolhida pelos professores para ser a representante. Talvez por isso mesmo eu não tenha muitos amigos e seja odiada pelo grupinho das garotas populares.
Como de costume, estou na escola sempre o mais cedo que o normal. Saio da sala da coordenadora com a lista de chamada e o diário de classe na mão.
Coisas que minhas poucas amigas chamam de "coisas de nerd".
Vou até a sala de aula e dou de cara com minha bitch... quer dizer, minha melhor amiga, Maria Eduarda - ou Duda, como prefere ser chamada.
─ Bom dia, flor do dia! - ela diz animada para mim.
─ Bom dia, Duda. - respondo - E ai? Fez a lição de química?
─ Em plena segunda-feira e a senhora pensando em lição de química? Vamos devagar, amiga! Mal acordei ainda!
─ Senhora não, senhorita! Ainda não sou casada. - corrijo-a - E sim, passei ontem o dia todo fazendo essa lição.
─ Ai ai... Nem digo nada. - Duda responde dando de ombros. - Pelo visto está de bom humor hoje.
─ Sim, talvez a professora devolva as provas de biologia, estou louca para ver minha nota! - digo ansiosa.
─ Menina, para de falar de coisas de escola!
De repente somos surpreendidas pelo barulho da porta sendo aberta no chute, é Stefanie - ou Fany, como a chamamos - toda afobada, correndo até nós. Ela para, respira fundo e diz:
─ Garotas, vocês não sabem da nova!
─ Nova? O que aconteceu? - pergunto curiosa. Para ela ter vindo nessa pressa deveria ser algo importante.
─ Fiquei sabendo que vai entrar gente nova na nossa turma! ─ Fany diz toda animada. Duda abre um sorriso e eu franzo o cenho.
─ Aí sim! É garoto ou garota? ─ Duda pergunta curiosa.
─ Gente nova justo no terceiro ano?! - digo confusa.
Tudo bem que é normal alunos de colégios particulares serem transferidos para a nossa escola, que é publica. Já passei por isso, infelizmente, mas estamos no terceiro e ultimo ano, perto da reta final. Quem é o louco?!
─ Bem, há boatos de que é um garoto, mas ninguém sabe de qual colégio veio. Algum particular, com certeza... ─ responde Fany.
─ Será que é gato? ─ Duda diz, entre risadinhas.
─ Espero que sim! ─ Fany responde com um sorriso esperançoso.
─ Ai gente, pode ser qualquer um, e sendo gato ou não, com certeza nem vai olhar na nossa cara. - digo dando de ombros.
─ Querendo ou não, Rita tem razão desta vez. - diz Fany.
─ Pois é. ─ concorda Duda, com um suspiro desanimado. ─ Agora, Rita, pode me ajudar na lição de química?
─ Finalmente um assunto interessante. ─ digo, abrindo um sorriso.
O tempo passa enquanto ajudo minhas amigas com a lição, até que o resto da turma chega juntamente com a professora, dando inicio a aula.
Horas depois o sinal toca indicando o intervalo. Saio da sala como todos os outros alunos. Depois de comer meu lanche, vou à biblioteca e continuo a leitura de meu livro, enquanto Duda, ao meu lado, apenas jogava algum jogo no celular.
─ Você não tira os olhos de um livro, hein? ─ ela diz, entediada.
─ Deveria experimentar também, é bom para o cérebro. ─ respondo, sem desviar o olhar de minha leitura.
─ Não, obrigada. ─ ela responde. - Do que fala esse daí?
─ Este é sobre um cara que descobre que... ─ o sinal indicando o final do intervalo me interrompe. ─ Vamos, a aula vai começar! ─ Digo apressada, puxando-a pelo braço.
─ Calma, minha filha! - diz Duda, toda desajeitada. - Vamos dar uma passada no banheiro antes?
─ Tudo bem, acho que dá tempo...
Vou com Duda ao banheiro e enquanto ela o usa, dou uma penteada em meus cabelos loiros - que, por sinal, precisavam de mais cuidado, até que, para meu azar, a patricinha mais piranha da sala aparece por lá, me dando uma encarada.
Por algum motivo que não entendo, Sofia me odeia e vive fazendo de tudo para me humilhar desde que entrei nesta escola. Uma garota falsa, mentirosa e manipuladora, já a dedurei por colar em provas, por roubar trabalhos de outros alunos e uma vez coloquei a cabeça do sapo que tínhamos acabado de dissecar na aula de ciências dentro de sua bolsa... É, acho que já entendi porque ela me odeia tanto.
─ Que foi? Perdeu a bunda aqui? - ela diz com sua voz irritante de esquilo, jogando os longos cabelos platinados para trás.
─ Não, é sua cara que se parece com uma! ─ respondo revirando os olhos.
Ela se prepara para responder algo, mas então suas escravas que ela chama amigas, a puxam para fora do banheiro.
Saio de lá com Duda e vou para a sala de aula, seguido da professora.
Horas depois, o sinal toca indicando o final da aula. Guardo as coisas na mochila e saio da sala, como todos os outros alunos.
─ Ei, Duda. Vamos comigo na coordenadora? Preciso entregar o relatório das aulas de hoje. - digo.
─ Vamos lá. - ela responde, então seguimos para a sala da coordenadora - Sabe, Rita. Não entendo como consegue fazer tantas coisas ao mesmo tempo, estudar, tirar notas boas e fazer suas tarefas de representante... E ainda namorar!
─ O nome disso é responsabilidade. - digo. - Mas vou te falar uma coisa, as vezes sinto falta de ter um tempo para mim...
─ Imagino... Eu já estaria morta em seu lugar!
Entrego a papelada para a coordenadora e saio da sala. Ligo para Felipe, meu namorado.
Algumas vezes nos encontramos logo depois da aula para almoçarmos juntos, já que sua casa não fica tão longe e ele estuda no colégio em que eu estudava antes - onde nos conhecemos. Porém, com o passar do tempo essas saídas se tornaram menos frequentes, aliás, muita coisa mudou. Sabe quando aquele príncipe de repente se torna um monstro?
─ O que houve, Rita? ─ Pergunta Duda.
─ É Felipe. ─ Respondo com um suspiro desanimado. ─ Não me atende...
─ Deve estar ocupado, ué. ─ ela responde como se fosse a coisa mais obvia do mundo. ─ Deve estar em aula ainda...
─ Ele não está em aula essa hora. ─ Respondo. ─ Bem, vou indo para casa...
─ Ei, tive uma ideia! Por que você não faz uma surpresa para ele? ─ Duda diz animada. ─ Sei lá, apareça lá de repente e chame-o para sair, ele vai gostar!
─ Não sei, não era para ele fazer isso? ─ Digo sem muita confiança.
─ Garota, não é você que diz que a relação entre vocês está esfriando? Se ele não toma uma atitude, tome você!
─ É, você tem razão, acho que vou dar uma passada lá... ─ respondo sem muita confiança.
Nos despedimos no portão da escola e então sigo até o colégio de Felipe, que não fica muito longe daqui.
Minutos depois, finalmente revejo aqueles portões azuis depois de tanto tempo, observo cada arvore e cada detalhe daquele colégio de alunos da classe alta, na qual estudei por tanto tempo e conheci Felipe. Quantas coisas aconteceram aqui...
Tá, chega disso, vamos procurar Felipe!
Será que ele ficará feliz em me ver?
![](https://img.wattpad.com/cover/46814028-288-k593728.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Tatuador
Teen FictionRita Becker é uma típica garota nerd - estudiosa, dedicada e extremamente certinha. Essa personalidade se deve a seus pais exigentes, sua irmã bem sucedida e seu namoro conturbado. Por ser a representante de classe e a dona das maiores notas da turm...