O Tatuador

21. Resposta

Passar a noite com minha irmã foi divertido, ficamos a madrugada toda colocando todo o assunto em dia de todos esses anos que passamos separadas, mesmo que a gente tenha que acordar cedo no dia seguinte, eu para ir ao colégio e ela para resolver seus problemas sobre sua estadia aqui no Brasil, já que não pretende mais voltar para o exterior tão cedo.

Ela me contou de como eram seus treinos de balé, as apresentações e até alguns garotos russos que conheceu por lá. Já eu contei apenas sobre Leandro e de tudo que passamos juntos até agora, fiquei feliz por ela nos apoiar, por mais que ainda não exista nada entre nós.

Desci as escadas lentamente, me espreguiçando e dando um longo bocejo, depois da difícil tarefa de acordar, levantar da cama e me arrumar para a escola.

Passo sonolenta ao lado de uma figura parada em pé no meio da sala enquanto vou caminhando devagar até a cozinha. Um Rafael vestido em seus trajes de serviço - uma camisa social branca de botões e uma calça preta -, e o cabelo perfeitamente penteado para trás.

─ Bom dia, Rafa. ─ Digo entre um bocejo... espera aí, Rafa?! O que diabos ele faz aqui a essa hora da manhã? Dou alguns passos para trás, de volta para a sala. ─ O que você está fazendo aqui, vestido desse jeito ainda?

─ Bom dia, loirinha. ─ Ele ri de mim, enquanto eu o encaro confusa.

─ O que faz aqui a essa hora da manhã? ─ Pergunto intrigada, jogando minha mochila sobre um dos sofás.

─ Não é óbvio? Vim trabalhar, oras. ─ Ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. ─ Seus pais me ligaram ontem e disseram que alguém aqui precisaria de mim hoje de manhã, logo presumi que não era você, já que sempre liga direto no número do meu celular.

─ Ah sim, minha irmã chegou ontem, então provavelmente é ela quem precisará de você. ─ dou de ombros e vou caminhando até a cozinha, Rafa me segue.

─ O quê?! Sua irmã chegou ontem e você não me disse nada? ─ Ele responde indignado. ─ Ótima melhor amiga você, hein. Ah é, esqueci que agora você só tem olhos para seu príncipe tatuado.

Ele faz uma falsa cara de decepção e eu começo a rir.

─ Não começa com drama. ─ Falo entre risos, enquanto abro a geladeira e retiro alguns ingredientes para preparar algo para comer. ─ Talvez você a conheça hoje, vai gostar dela, é uma pessoa muito legal.

─ Se ela for como você, com certeza. ─ Ele puxa uma cadeira e se senta.

─ É menos chata, vai por mim. ─ Pisco, enquanto abro um pacote de pão e retiro um de dentro. ─ Mas e aí, quer comer alguma coisa? Acordei morrendo de fome hoje...

─ Alguém aí falou em comida? ─ De repente uma Joana sonolenta, descabelada e ainda vestida em seu pijama surge na porta da cozinha.

─ Ah, aquela lá é minha... ─ Quando dou por mim, Rafael está a encarando hipnotizado, levantando-se da cadeira. ─ ...irmã.

─ Uau... ─ Ele solta. Joana se aproxima de nós assim que percebe Rafa.

─ Não vai me apresentar para seu amigo, maninha? ─ Joana pergunta a mim olhando para Rafa com um olhar curioso e um tantinho malicioso, enquanto pega uma pera da fruteira e dá uma mordida.

─ Bem, esse é meu amigo, Rafael, seu motorista particular por hoje. ─ Aponto para o mesmo. ─ Rafa, essa é minha irmã, Joana.

─ Meu motorista particular por hoje? ─ Ela se aproxima dele e o cumprimenta. ─ Hm, interessante. ─ Ela dá outra mordida na pera, seguida de um sorriso de lado.