5. O Acordo

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M-mas o que diabos esse garoto está fazendo aqui?!

─ Olá Rita. - Beatriz, a coordenadora, diz para mim. - Sente-se. - Ela continua, apontando para a cadeira vazia ao lado de Leandro.

─ Er... O-olá, o que houve? - pergunto confusa enquanto me sento.

─ Você já deve conhecê-lo. - Beatriz aponta para o delinquente ao meu lado. - Seu nome é Leandro, ele foi transferido para nossa escola ontem.

─ Rita, não é? - ele estende a mão para mim, eu o cumprimento de volta. - A professora Beatriz me falou muito de você. Muito prazer!

─ S-sim. Prazer é meu. - respondo, com um sorriso cínico, que surpreendentemente me é retribuído da mesma forma.

─ Muito bem, vejo que vocês vão se dar muito bem. - ela diz. - Está dispensado, Leandro. Pode voltar à aula.

─ Obrigado, professora Beatriz. - ele se levanta, faz uma pequena reverência e sai da sala, nos deixando sozinhas.

─ Enfim. Rita, você sabe que tenho plena confiança em você, não é? - Beatriz abre um sorriso. - Sei que é uma aluna totalmente excelente, então não há pessoa melhor do que você para isso.

─ Obrigada professora. - abro um sorriso tímido. - Mas o que eu terei de fazer?

─ Bem, o Leandro veio de uma escola muito diferente da nossa, então gostaria que o ajudasse no acompanhamento das matérias.

O quê?! Ajudar esse marginalzinho a estudar? Está brincando?!

Fecho o sorriso.

─ Ajudá-lo a estudar...?

─ Se não for te atrapalhar. - ela responde. - Foi pedido do pai dele. Ele teve alguns problemas na antiga escola e gostaria muito que fosse diferente aqui, principalmente porque vocês já estão no último ano.

─ Entendo...

─ Se eu notar uma melhora nas notas dele, posso até dar uma bonificação em suas notas também...

Bonificação para mim... É, creio que estou precisando mesmo no momento!

─ Tudo bem, professora, eu aceito! - respondo entusiasmada.

─ Ótimo! Sabia que poderia contar com você. - ela diz. - Combine com ele os melhores dias e estudem juntos. O bom é que ele poderá interagir mais também, fazer amigos...

Interagir? Fazer amigos? Sabe de nada, inocente...

─ Sim, fazer amigos... - digo.

─ Muito obrigada, Rita. Daqui uns dias chamarei vocês aqui novamente.

─ Sem problemas. - respondo.

Saio da sala com um sorriso vitorioso. Vou conseguir recuperar minha nota baixa e esfregar na cara daquela branquela peituda que sou melhor que ela!

Vou saltitando de volta para sala, então decido usar o banheiro. Estico o braço para abrir a porta, até que sou puxada para um canto em outro corredor.

─ Ai! - grito. - Você é a delicadeza em pessoa, viu?

─ A professora lá disse que você tem as melhores notas da turma. Isso é verdade? - Leandro pergunta, com um olhar sério.

─ É verdade! Agora se me da licença...

─ Eu ainda não terminei. - ele diz sem sair do lugar.

─ Ô droga! Fala logo o que você quer.

─ Meu pai prometeu uma coisa muito importante para mim. - Leandro começa. - Mas só ganho com uma condição: ele quer que minhas notas melhorem.

O TatuadorOnde histórias criam vida. Descubra agora