33. Hora Da Verdade

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"Rápido, depressa com isso!"

Ouvi gritos, sirenes e passos ao redor.

"Ele perdeu muito sangue!"

Eu estava imóvel, não sentia meu corpo direito, fora a dor na região do meu ombro. Havia sangue por todo meu braço. Minha visão estava turva e eu não via nada além das luzes azuis e vermelhas e os vultos apressados ao redor.

Percebi um vazio em minhas coxas, retiraram o corpo de Leandro daqui, e agora eu estava sozinha. Tiraram meu namorado de mim. O que fizeram com ele? O que vão fazer? Eu não quero ficar longe dele.

Eu gritei, chamei seu nome várias vezes, gritei até perder as forças, mas ele já estava fora de si. A dor de o ver todo ensanguentado sobre mim era a maior de todas que eu já senti. O que me resta agora é torcer para que eles possam o salvar.

Os sons estavam começando a ficar abafados.

Minha consciência já estava se esvaindo aos poucos, tudo começou a ficar mais distante e escurecer... devagar...

-x-

Pi... Pi... Pi...

Era tudo que eu podia ouvir agora. Todos aqueles sons perturbadores de sirenes e vozes desapareceram. Minhas pálpebras tremeram ao tentar abrir meus olhos, com dificuldade.

O lugar era todo branco, claro e limpo. Tentei virar a cabeça, mas parecia impossível, senti uma forte dor no ombro quando tentei mover meu braço e acabei soltando um gemido alto.

─ Ela acordou! Ela acordou!

─ Chame o médico, rápido!

Ouvi vozes gritarem e a correria se instalou novamente. Havia diversos tubos e aparelhos em mim e ao meu redor. Eu estava imobilizada.

Seu nome começou a ecoar em minha mente. Leandro havia perdido muito sangue. Onde ele está? Eu não acredito que o perdi. Eu preciso dele aqui comigo agora. Eu tenho que saber se ele está bem.

─ ... cadê o Leandro?

Tentei me levantar, eu precisava encontrá-lo, precisava vê-lo novamente. Tinha muitas coisas que eu não tinha dito a ele ainda. Eu prometi que cuidaria dele.

Não posso deixá-lo ir sem ao menos ter dito que o amo uma única vez.

Puxei meus pulsos e tentei me forçar a levantar, as enfermeiras correram até mim e me seguraram enquanto eu me debatia sobre a cama, tentando me livrar delas e de todos aqueles equipamentos.

Pi. Pi. Pi. Pi.

Aquele aparelho maldito começou a disparar ao meu lado.

─ Onde ele está?! O que vocês fizeram com ele?!

Gritei desesperada, até que levei um susto assim que a porta se abriu e um rapaz de pouco mais de vinte e cinco anos entrou lá, vestido de branco. Meu coração disparou.

─ Não é hora de acordar ainda, mocinha. ─ Ele disse, então aplicou uma seringa com um conteúdo transparente em um dos fios que estavam presos a minha veia.

E tudo começou a ficar escuro novamente...

...

Abri os olhos devagar. Minha cabeça doía como nunca. Estava tudo desfocado, mas pude perceber que estava em um quarto diferente, este mais amplo e com uma janela ao lado, permitindo a entrada dos raios do sol.

─ Rita, você acordou? ─ ouvi uma voz familiar me chamar do outro lado da cama. Estava tudo embaçado ainda, então fechei os olhos com força e assim que abri pude ver minha irmã um pouco mais nítida, correndo em minha direção.

O TatuadorOnde histórias criam vida. Descubra agora