7. Reencontro

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Acordo assustada com o som do despertador. Já são 6 horas da manhã e parece que eu não dormi nada. Ouço o som de meus pais no corredor descendo para ir para o trabalho, eles nem ao menos passam aqui para me dar bom dia. Eles esqueceram completamente do meu aniversário ontem.

Olho em meu celular, minha irmã foi a única pessoa da minha família que se lembrou, fiquei muito feliz e surpresa por isso, porém ela ainda não recebeu minha mensagem de agradecimento.

Minha irmã, o orgulho da família, se lembrou do aniversário da irmã mesmo no meio de uma turnê pela Europa? Não tem como não ficar feliz com isso!

E o meu príncipe encantado? Nada. Nem uma mensagem e muito menos uma ligaçãozinha. Mas tudo bem, só essa mensagem de Joana já fez meu dia muito melhor.

Não estou nem um pouco com vontade de sair da cama hoje e ir para a escola, ainda mais com esse calor infernal, mas tenho que dar o exemplo, não é? E ainda tenho que me encontrar com Leandro mais tarde, coisa que não estou nem um pouco a fim.

Levanto-me relutante da cama, vou ao banheiro fazer minha higiene, visto meu uniforme e desço as escadas no ritmo de um zumbi.

Chegando na cozinha para tomar meu café da manhã, vejo um cupcake sobre a mesa com uma pequena vela cor-de-rosa acesa em cima. Quando vejo quem está atrás da mesa, tenho mais uma surpresa.

- Rafael! - Grito animada.

- Sei que estou um pouco atrasado, mas parabéns, Ritinha! - Ele diz e vem até mim, me dando um forte abraço.

Rafael era meu motorista particular gato antes dos meus pais me castigarem e demitirem-no. Lembro-me que naquela época ele era a única pessoa nesta casa que conversava comigo, éramos bons amigos, tanto que ele sempre me encobria quando eu saía para fazer alguma besteira. Com seus quase 25 anos de idade, ele trabalha de motorista particular para ajudar seus pais e pagar sua faculdade de engenharia civil.

- Bem, só está um dia atrasado, mas sem problemas. - Respondo dando de ombros. - E o que você está fazendo aqui? Foram meus pais que te chamaram? - Pergunto com uma pontinha de esperança.

- Er... Não. - Ele responde. - Vim aqui por conta própria mesmo, fiquei semanas planejando isso e... Ei, assopre logo essa vela e faça um pedido!

- Ah sim, é claro! - Digo como se tivesse me esquecido de algo importante.

Bem, o que eu posso pedir...? Ah, já sei!

Assopro minha vela.

- E aí, o que você pediu? - Ele pergunta curioso. - Espero que tenha sido um carro novo para mim.

- Haha, lógico que não. E se eu contar não vai realizar, babaca. - Respondo, dando um soco de leve em seu ombro. Finalmente pego aquele cupcake lindo da mesa e dou uma mordida. - Hum, isso ta gostoso!

- É de doce de leite, seu preferido. - Ele diz. - E aí, gostou?

- Eu amei! - Respondo de boca cheia. - Mas e aí, como você conseguiu entrar aqui? Meus pais não te viram?

- Ah, eu fiquei lá fora esperando eles saírem, e os seguranças do portão já me conhecem. - Ele responde. - Foi mais fácil do que pensei.

- Espero que meus pais não descubram, senão os guardas do portão terão o mesmo fim que você teve aqui. - Respondo. Começamos a rir.

Olho para esses lindos olhos verdes de Rafa. Seu cabelo loiro escuro está penteado para o lado, do jeito que ele só usa quando está trabalhando.

- Mas você não vale nada, hein. - Ele responde em deboche. - E que roupa é essa, minha filha? Esse sapato, e cadê aquelas suas maquiagens igual dos caras do Kiss? O que aconteceu com você, menina? - Ele pergunta indignado.

O TatuadorOnde histórias criam vida. Descubra agora