O Tatuador

10. A Festa

Logo após a aula acabar, encontro-me com Felipe em uma cafeteria da região, na qual frequentávamos muito na época que éramos um casal feliz.

Encontramos-nos, nos sentamos a uma mesa e fazemos nossos pedidos ao garçom.

Enquanto esperamos os pedidos chegarem, Felipe começa a mexer em seu inseparável celular, como sempre. Todo aquele sentimento de que estaríamos voltando ao normal foram ralo abaixo.

Mas não importa, porque hoje finalmente meu celular está com uma coisinha mágica chamada 3G, então começo a puxar assunto com Duda no WhatsApp que, por sinal, está muito ansiosa pela festa de amanhã. Apesar de estar indo escondido de meus pais e do resto do mundo, estou um pouquinho ansiosa também, estou precisando me divertir um pouco...

─ Ei. ─ Felipe me chama atenção. ─ Vai ficar mesmo mexendo nisso aí? ─ Ele aponta para meu celular. Reviro os olhos.

─ Lembrou que eu existo, é? ─ Digo irônica.

─ Eu só estava combinando um dia para jogar com meus amigos, será que não dava para esperar um pouco? ─ Ele diz, enquanto guarda o maldito celular no bolso.

Droga, agora que o assunto com Duda tava ficando bom!

─ Está bem, não quero mais discutir sobre isso. ─ Digo, enquanto guardo o meu também.

O garçom chega trazendo nossos pedidos, cortando o clima pesado que ficou entre nós dois.

─ Então... Tem algum plano para amanhã? ─ Ele pergunta finalmente.

─ Plano? ─ Digo com a boca cheia do meu lanche. ─ Bem, vou sair com minhas amigas da escola.

─ E para onde vão? ─ Ele pergunta curioso enquanto da uma mordida em seu lanche.

E agora? Será que digo a verdade ou não? Eu odeio mentir para as pessoas...

─ Bem... Nós vamos para uma balada... ─ Solto, e dou uma golada em meu suco.

─ O quê?! ─ Ele diz indignado. ─ Mas que diabos você vai fazer em uma balada sozinha?

─ Não estarei sozinha, minhas amigas vão junto... ─ Começo.

─ Não importa! ─ Ele me corta. ─ Acha mesmo que vou deixar minha namorada sair sozinha por aí à noite, em uma balada ainda, cheia de caras que podem dar em cima de você? Nem pensar!

─ Como?! ─ Respondo indignada. ─ Eu só vou lá para me divertir com minhas amigas, não vou beber e muito menos pegar um monte de gente!

─ E daí? Vai estar cheio de caras bêbados lá, acha mesmo que ninguém vai dar em cima de você?

─ Se derem em cima de mim dou um fora em todos! ─ Digo nervosa. ─ Acha mesmo que eu te trairia? Essa é a confiança que tem em mim?

─ Não estou dizendo que não confio em você, estou dizendo que não acho seguro minha namorada ir a um lugar cheio de caras bêbados e tarados. ─ Ele dá um longo suspiro. ─ O que você acharia se eu fosse a um lugar cheio de garotas gostosas, mesmo sabendo que eu não ficaria com nenhuma delas?

─ Entendi. ─ Digo emburrada, dando mais um gole em meu suco.

─ Amor, não faça essa cara... ─ Ele se aproxima de mim e começa a passar a mão em meus cabelos. Maldito, ele descobriu o segredo! ─ Você sabe que só faço isso para te proteger, né?

─ Eu sei, amor... ─ Digo, dando uma bufada.

─ Por que você não fica em casa estudando, como sempre faz, ou vai com suas amigas a outro lugar, tipo um cinema e tal? ─ Ele pergunta, ainda passando a mão em meu cabelo e apoiando minha cabeça sobre seu ombro.