- Mas que droga, Victor esqueceu a porta aberta de novo! - Leandro resmunga sozinho. - E você? Por que invadiu a casa em vez de esperar eu atender?
- Porque eu não sou nem louca de ficar lá fora naquela rua escura e mal assombrada enquanto você toma banho aí no bem bom. - Respondo. - Vai que algum fantasma me pega?
Leandro não aguenta e começa a rir.
- Não custava nada esperar alguns minutos, eu tinha ouvido você tocar a campainha e bater na porta desesperada. Eu já estava saindo para te atender.
- E-eu estava com medo, ué. - Digo, observando seu corpo todo musculoso e coberto por tatuagens. Eu tenho uma paixão por homens tatuados, agora tatuados e musculosos, minha nossa!
- Bem, eu vou lá me vestir e trancar o portão. - Ele diz sem jeito, quando me nota o observando. - Vai arrumando essa bagunça que você fez enquanto isso.
- "Arruma essa bagunça." - Imito-o, ele apenas revira os olhos e dá as costas, seguindo por um corredor e entrando em um quarto, fechando a porta em seguida.
Levanto todo aquele monte de cadeiras que derrubei e ajeito-as ao lado da mesa. Leandro sai do quarto vestido com uma camisa preta e uma calça jeans comum. Enquanto ele sai para fechar o portão lá fora, sento-me em uma das cadeiras e fico observando ao redor. É uma casa pequena e bem humilde, há diversos quadros e pôsteres de bandas de rock pelas paredes e um pequeno rack com alguns porta retratos e uma televisão de tubo. Leandro finalmente volta, sentando-se em uma cadeira ao meu lado.
- Pronto. - Ele diz. - Já cansei de dizer ao Victor para trancar o portão depois de sair, alguém ainda vai invadir esta casa... - Ele me encara. - Aliás, já invadiram, né?
- Bem, sozinha no escuro eu não ia ficar. - Defendo-me. - Afinal, você divide sua casa com o Victor?
- Na verdade esta casa é do Victor, mas ele está na faculdade agora. Só peguei emprestada hoje porque onde moro é meio perigoso. - Ele responde.
Lembro-me daquele dia em que ele me "salvou" de um assaltante de 12 anos com arma de brinquedo.
- Pois é, vai que me assaltam com uma vassoura da próxima vez. - Respondo em deboche, rindo sozinha.
- Está bem, da próxima vez deixarei você levar vassouradas sozinha então. - Ele responde irônico.
- Maldito. - Bufo. - Vamos começar logo com isso.
Retiro meus cadernos e algumas folhas da mochila e coloco sobre a mesa, inclusive aquela maldita folha de biologia que o bonitão aqui não quis aceitar outro dia.
- Não tinha como amassar mais, não? - Ele diz irônico, com a folha amassada nas mãos.
- Não reclama, foi você mesmo que fez isso. - Respondo. - E aí, para quando marcaram sua prova?
- Para essa sexta-feira.
- Essa sexta-feira...Amanhã?! - Digo nervosa.
- Acho que sim...
- Meu filho, você está deixando para estudar para uma prova em cima da hora?! - Digo irritada.
- Minha filha, eu trabalho até tarde e moro sozinho, ainda fechei o estúdio mais cedo hoje para estudar, você queria o quê? - Ele responde se defendendo.
- Está bem. - Suspiro. - Vamos logo com isso.
Abro meu caderno e explico toda a matéria para ele com toda a calma e paciência possível. Por incrível que pareça, Leandro é um bom ouvinte, ele até tirou algumas dúvidas. Se continuar desse jeito, acho que não terei tantos problemas com minhas aulas particulares com ele.

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O Tatuador
Teen FictionRita Becker é uma típica garota nerd - estudiosa, dedicada e extremamente certinha. Essa personalidade se deve a seus pais exigentes, sua irmã bem sucedida e seu namoro conturbado. Por ser a representante de classe e a dona das maiores notas da turm...