Capítulo IV

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       Marina ia pirar. Como, de todas as casas disponíveis no mundo, Igor veio parar justamente aqui, em frente a minha? E por que diabos, com tanta coisa importante, eu estava me importando com isso?
       De repente um pensamento começa a martelar em minha cabeça. E se...?
       Subo correndo as escadas e vou direto pra janela, dou um riso irônico ao perceber que estava certa. O quarto de Igor era em frente o meu. Pego o celular e ligo pra Marina, ainda sem acreditar.
- Oi? - ela fala.
- Você não vai acreditar. - falo assim que ela atende.
- Em que? Você foi atrás dele? - fala rápido.
- Não exatamente. - falo buscando a melhor forma de contar. - Mas descobri onde ele mora.
- Como assim não foi atrás e descobriu onde ele mora? - ela fala alto.
- Marina presta atenção. - falo com calma. - Igor é meu novo vizinho.
- Meu deus! - ela fala devagar. - Meu deus, meu deus, meu deus! - começa a gritar e desliga o celular.
       Era típico dela, mas mesmo assim fiquei preocupada. E se ela tiver desmaiado ou sei lá?
       Fico tranquila quando a campainha começa a tocar feito louca, vou correndo atender com a certeza de que é a Marina.
       Assim que atendo a porta ela passa voando por mim e vai direto pro meu quarto. Vou atrás dela, e quando chego ela está na janela, de costas pra mim, olhando a casa ao lado. Eu sabia que ela gostava do Igor, por isso não sabia qual ia ser a reação dela. Raiva, ciúme, frustração...
- Você tem ideia de como isso é de mais pra você? - ela fala com um sorriso enorme no rosto.
Alegria? Ela estava alegre?
Respondo algo muito inteligente.
- Hãm...?
- Deborah, presta atenção. - ela fala como se estivesse explicando algo muito sério pra uma criança. - O cara mais gato do colégio tá morando em frente a sua casa. Você é a criatura mais sortuda do mundo!
- Eu pensei que você gostasse dele. - falo sem entender nada.
- Gosto. Quem não gosta afinal? - ela fala simplesmente. - Mas ele tá morando em frente a sua casa, não em frente a minha.
- E o que isso importa? Eu não tô nem aí Marina. Eu só te falei por que... Sei lá por que. - falo, e realmente não era mentira.
Ha-Meu-Deus. Acabei de me tocar que...
- O que é? - Mariana fala lendo meus pensamentos.
- Igor vem jantar aqui amanhã. - falo.
Marina começa a rir.
- Destino Deborah, destino... - ela fala entre as risadas.
- Para de rir Marina! Que droga. - falo. - Eu não sei nem por que tô tão preocupada, ele só vem aqui, janta, e vai embora.
- Hm, vai dizer que você não acha ele nem um pouquinho bonito? Eu te conheço Deborah. - ela fala rindo.
- Ele é bonito. - falo, e tenho certeza que fiquei vermelha.
- Você gosta dele. - ela fala, e foi minha vez de rir.
- Tá doida Marina? Eu nunca nem falei com ele. - falo ainda rindo. - Primeiro foi o Tom, agora esse garoto. Quem é o próximo pra eu ir me preparando?
- Então é isso? - ela fala com um sorriso. - O problema é o Tom?
- Meu deus Marina! - endoidou de vez, coitada. - Quer saber, vai embora que eu preciso me organizar pro jogo. - não sabia se ia me organizar primeiro por dentro, ou por fora.
- Tabom senhora anti-sentimentos, depois não diga que eu não avisei. - ela fala saindo. - Te vejo depois.
- Tchau.
       Assim que Marina sai, minha mãe entra no quarto.
- Oi filha. - ela me olha melhor. - Que cara é essa? Por que não veio almoçar?
- Só cansada mãe. - sorrio.
- Hm. - ela não acreditou, mas também não fez mais perguntas. Era disso que eu gostava nela, ela confiava em mim. - Venha almoçar, ou vai cair dura no meio do jogo.
Sorrio, agora de verdade.
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       Depois do almoço deito na cama e fecho os olhos, sinto uma coisa quente e peluda cutucar meu pé. Zeus. Ele se aninha junto à mim e dorme, eu não planejava, mas infelizmente dormi junto também.
       Acordei com um susto ao perceber que já eram 2hrs30min e eu estava atrasada pro jogo. Começo a me arrumar e ligo pra Marina.
- Sua louca! - ela atende. - Onde você tá?
- Marina escuta, eu dormi sem querer. - falo rápido. - Onde você tá?
- Eu fui na sua casa e estava tudo fechado, eu pensei que você já tinha ido, por isso vim pro campo. - ela fala se desculpando.
- Droga! O Tom já chegou? - pergunto.
- Tá quase. - ela fala. - Vem logo Deborah.
- Tô tentando Marina. Tchau.
- Tchau.
       A minha sorte era que o campo onde ia ser o jogo não era longe da minha casa. Terminei de me arrumar, e sai correndo de casa. Em quinze minutos cheguei lá, bem na hora em que os jogadores estavam entrando no vestiário. Dei graças e deus e fui procurar Marina.
       O lugar era grande, de um lado estavam as pessoas da minha escola, do outro, o pessoal do time rival. Vi os pais de Tom, os pais de Igor, colegas de classe, o time da torcida, até a Rodríguez eu vi, mas nada da Marina... Ligo pra ela nervosa.
- Cheguei Marina, onde você tá?
- Graças e deus. - ela fala. - Tô perto da trave, vem logo.
- Tô te vendo. Tchau.
- Tchau.
       Corri até ela, que me recebeu com um abraço.
- Ainda bem. - ela fala. - O Tom tá pensando que você não veio Deborah.
- Mais que droga! - falo me sentindo culpada. - Você disse que eu me atrasei?
- Tentei. - ela fala se desculpando. - Mas ele não ouvia, ficava repetindo que você tinha prometido e que...- ela parou.
- Eu sou a pior amiga do mundo. - falo. - Ele faz de tudo por mim, e só me pede pra o ver jogar, o que não é nenhum sacrifício, e eu me atraso.
- Ei, calma. - ela me consola. - É só você fazer ele te ver.
- E se ele não me ver , ou ver e ainda ficar bolado?
- O Tom Deborah? O Tom bolado com você? - ela ri.
- Não começa... - falo. - Olha o jogo vai começar. - Me levanto e puxo Marina bem pra beira do gramado, pra tentar fazer Tom me ver.
       Os garotos da minha escola estavam de uniforme vermelho e branco, e os outros, com uniforme amarelo. Procurando Tom, meu olhar encontra com o de Igor, que estava lindo com o uniforme vermelho que destacava seu cabelo loiro. Ele sorri pra mim, e como já estava virando costume, eu sorri de volta.
       Finalmente vejo Tom, que estava no meio do campo com o juiz e outro garoto, a quem ele olhava com um olhar intimidador. Ele estava lindo, com o cabelo molhado de um banho recém-tomado e a braçadeira de capitão. O outro garoto era um pouco mais baixo que ele, do meu tamanho talvez, tinha cabelos castanhos e era, não vou negar, bem bonito.
- Quem é aquele que tá com o Tom Marina? - pergunto curiosa.
- É o Diego. - ela fala.
       Então o juiz apita, e a bola começa com o nosso time, Eu não sabia de alguma coisa que me deixava mais nervosa que assistir um jogo, apesar de não saber jogar nada.
       Tom tocava a bola para Igor nas horas certas, e ele recebia perfeitamente. Eles tinham uma sintonia perfeita, parecia que jogavam juntos fazia tempo. Assim, não demorou pra sair o primeiro gol do nosso time, que é claro, foi Tom que fez.
       Marina comemorou, como todo o resto do pessoal da escola. Mas eu entendia o suficiente de jogos pra saber que aquele gol, só faria o outro time ficar com mais vontade de virar o jogo. A todo custo.
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       Passaram-se trinta minutos, e o jogo estava 3x1 pra gente. Dois gols de Tom e um de Igor. Tom ainda não tinha me visto, e eu estava começando a ficar preocupada com isso. E se ele achasse que eu não me importava com ele?
       Distraio-me do jogo alguns segundos, e quando vejo Tom estava na frente do goleiro do outro time, prestes a fazer o quarto gol.
- Vai Tom! - gritei. Crente de que ele não ia ouvir. Mas ele ouviu. Infelizmente ele ouviu.
       Tudo aconteceu muito rápido.
       No momento em que eu gritei, ele se distraiu e olhou pra mim, com um sorriso no rosto por perceber que eu estava lá, que eu me importava com ele. Diego, que eu aprendi a odiar depois disso, se aproveitou da situação e deu um carrinho por trás em Tom, que caiu no chão com a dor estampada no rosto. Eu tinha certeza que ele tinha se machucado, e se machucado feio.
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Como diria Marina: Aí meu deus! Aí meu deus, aí meu deus, aí meu deus!

Então, não vou mentir pra vocês, as estrelinhas estão diminuindo e eu não sei por que. Gostaria que comentassem, e que por favor, se gostaram dêem uma estrelinha. É muito importante. É oque me estimula a escrever.
*próximo capítulo na segunda* :)
*as surpresas não param por aqui.*
Beijo,
Me digam o que acharam,
Tadinho do Tom.
Bianca B.

Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora