Capítulo I

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       Caramba, a semana mal começou e eu já cheguei atrasada na escola. Tentei entrar na sala de mansinho, mas era aula de física, e aula de física significa professora Rodríguez.
       Adriana Rodríguez é, sem dúvida, o capeta em forma de velhinha. Dia após dia ela dedica parte do tempo dela pra deixar minha vida um saco, como se a física já não ajudasse. Assim que entrei, ela sorriu e disse em alto e bom som.
- Deborah meu amor, eu sei que você fica muito ansiosa quando tem aula de física - juro que nessa hora vi uma gota de sarcasmo escorrer pela boca enrugada dela - mas, por favor, não se atrase novamente ou tomarei as devidas providências.
       Juntei todos os pedaços de boa educação que encontrei dentro de mim e disse com a voz mais doce que consegui.
- Desculpe senhora, é que...
Ela me interrompeu.
- Sente-se, e não atrapalhe mais minha aula.
       Fui sentar, mas não antes de imaginar ela na boca de um tubarão branco. Meu humor logo melhorou quando vi que o único lugar vago era bem no meio da sala, entre Tom e Marina. Meus dois melhores amigos do mundo.
       Marina estuda comigo desde sempre, às vezes me entende melhor que eu mesma. Têm lindos cabelos ruivos na altura do ombro, é baixinha e magrinha, parece uma boneca de porcelana. E Tom... É a criatura mais doce do mundo. Têm olhos castanhos lindos, cabelos negros perfeitamente desarrumados, é um bom tanto mais alto que eu, têm os músculos bem marcados graças ao futebol, e como se tudo isso não bastasse, tem um sorriso de propaganda de creme dental. Nós três temos 16 anos e estamos no segundo ano do médio.
       Perdida nos meus devaneios não percebi quando uma bolinha de papel quicou sobre minha mesa, era de Tom. Abri e vi a letra já conhecida.
Hey Deb, olha, cê sabe que eu sou da paz. Mas eu conheço um cara que conhece uma cara que sabe como matar velhinhas que curtem física. ;)
Tom e sua mania de me chamar de Deb. Pelo canto do olho vejo o sorriso tão conhecido.
P.S.: Vamos trazer o novato pra nossa turma? Eu sei que você acha três um tanto bom mais não custa tentar...
Espera, novato?
       Foi quando parei e olhei a sala melhor, realmente tinha uma novo loirinho sentado na primeira carteira da fila. Apesar de ter uma visão nada privilegiada de onde eu estava, dava pra ver que o dono da cabeleira estava muito atento na aula. Das duas uma: ou ele gostava muito de física, ou ele gostava de velhinhas perseguidoras de Deborahs. Ele tinha lindos olhos verdes, um rosto bonito e marcante e, apesar da maioria dos garotos loiros parecerem anjinhos sem sal, jeito de Bad boy.
       Apressei-me em escrever uma resposta, antes que Rodríguez percebesse.
Kkkk valeu pela força Tom, mas espero sinceramente não precisar usar seus contatos.
P.S.: Deixa ele quieto, parece que ele não é de falar muito. E, como você mesmo acabou de lembrar, três é um número bom.
       Agora foi a vez de um bilhete de Marina pousar na minha mesa. Abri e vi a letra bonita rabiscada as pressas.

D-E-B-O-R-A-H você viu o novato?! Que é isso Jesus...Não vejo a hora da aula acabar pra poder falar com ele pessoalmente.
Revirei os olhos e sorri, pois por trás das letras quase podia ouvir os gritinhos histéricos de Marina.
Escrevi sua resposta logo em seguida, conferindo se Rodríguez estava escrevendo no quadro.
Ele nem é tudo isso...Putz, é sim. Mas calma Mar, o cara mal chegou kk... Depois da aula a gente se fala melhor, não quero mais problema com a Rodríguez. Beijo.
Ouvi seu risinho quando ela leu minha resposta, e agora sem nenhum bilhetinho pra responder, resolvi prestar atenção na aula.
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       Longas cinco horas depois, Tom Marina e eu estávamos juntos caminhando pra casa. Como acontecia todo dia pois o caminho era o mesmo. Tom morava a uns cinco minutos da escola, Marina e eu a uns quinze. Ela era minha vizinha.
- Ainda não acredito que o novato saiu e a gente nem viu - Marina estava com tanta raiva, que estava quase da cor do seu cabelo.
- A gente?! - Tom fingiu uma careta fofa. - Quem tá babando por ele aqui é só você Marina, você sabe pelo menos o nome dele?
- Ele é até bonitinho, mais é tão calado... - ponderei.
- Bonitinho?! - Agora Marina estava, definitivamente, da cor do seu cabelo. - Você disse que ele era lindo!
- Disse? - Tom falou de cara feia, enquanto abria o portão de sua casa.
- Eu não disse isso! - Falei meio pra Marina e meio pro Tom.
- Tchau Deb. - Tom disse me puxando pra um abraço, minha cabeça se encaixava perfeitamente em seu ombro. - Tchau Marina.
- Tchau Tom - dissemos ao mesmo tempo.
       Depois de um tempo caminhado, Marina que estava estranhamente calada, falou.
- Por que você finge que não percebe Deborah? - Ela me olha fixamente.
- Percebo o que Mar? - pergunto confusa.
- Que o Tomaz gosta de você. - Ela fala simplesmente.
- Pirou Marina?! Ele é meu amigo e você sabe que nunca houve nada mais que isso. - Falo irritada.
- Desculpa então. - Fala no momento em que entra em casa, mas não parece nada arrependida. - Tchau. Até amanhã.
- Tchau. Até. - falo ainda confusa.
Marina às vezes viajava na maionese...Onde Já se viu. Tom e eu...Tom e eu?
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Oi gente. Um conto quase de fadas é, pra mim, um tiro no escuro. Sei que ainda é só o início, não sei se vai dar certo, não sei quantas pessoas vão ler, mas sei que vou até o final. Ficarei feliz além das palavras se vocês puderem deixar uma estrelinha, um comentário, ou uma opinião. Críticas construtivas são muitíssimo aceitas.
Beijo,
Até mais,
Bianca B.
*próximo capítulo na segunda* ^.^

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