Capítulo XII

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Ele sorri, como se meu comentário não fizesse sentido algum e aperta minha mão sobre a mesa.
- Não Deborah. Eu não sou assim. - ele nega com a cabeça. - Mas ela desperta o pior de mim.
- Tom... - tento soar calma. - Você não acha que seria melhor esquecer isso, deixar pra lá, não sei... Dizer pra ela se tocar e ir embora de vez?
- Você não entende. - ele balança a cabeça negativamente e solta sua mão da minha. - Ela não pensou duas vezes antes de fazer o que fez!
- Eu entendo que você tá agindo por impulso. - falo. - Você não quer ser como ela quer?
- Eu nunca partiria o coração de ninguém, eu sei como doi, mas se você tivesse sentido o que eu senti Deborah, você iria querer fazer a mesma coisa. - ele fala.
- Tudo bem então, mas você me parece estar muito decidido. - falo. - Por que precisaria da minha opinião?
- Por que você me conhece melhor que ninguém. - ele fala simplesmente. - E se você disser que acha que eu não devo fazer isso, eu não farei. Sei que não é uma coisa legal, e como você mesma falou não quero que pense que eu sou assim. - concordo com a cabeça. E ele continua. - E por que também... Talvez eu precise da sua ajuda.
- Ha não Tom. - nego com a cabeça, decidida. - Eu entendo seus motivos, mas não me peça pra me meter nisso. Eu ficaria me sentindo culpada depois, e além d... - paro e olho pra ele, ele tenta esconder, mas ele ficou claramente decepcionado.
Tom fazia tudo pra me ver bem, perdi as contas de quantas vezes ele fez palhaçada só pra me ver rir. Ver ele assim, me deixava mal. Mais mal do que se eu ajudasse em um plano maluco. Éramos amigos não éramos? E é isso que os amigos fazem: apoiam uns aos outros, em tudo. E também não é como se eu morresse de amores por Clarisse. Um pouco contrariada falo.
- Você promete que não vai se arrepender?
- Não mesmo. - ele fala sorrindo.
- Tudo bem. - suspiro. - Não vai ser nada que nos bote na cadeia ou que faça ela ficar muito mal não é?
Ele ri.
- Não Deb! Meu deus. - ele fala. - É só um pouco de vergonha, vai ser divertido, você vai ver.
- Estou ansiosa. - falo ironicamente. Zeus começa a se mexer impacientemente embaixo da mesa.
- Acho que ele precisa fazer aquelas coisas que cachorro fazem... - Tom fala com um sorrisinho. - Vamos no parque.
- É eu também acho que ele precisa fazer aquelas coisas de cachorro. Mas você leva. Não quero que ele faça coisas de cachorro em cima do meu tênis. - falo dando a guia pra ele.
- Fresca. - ele revira os olhos.
O parque era bem em frente, Zeus foi fazer "as coisas de cachorro" e eu e Tom sentamos no banco.
- Ei. - falo, e ele se vira pra mim. - Acho que eu ainda tenho a boa notícia pra ouvir.
- Bom. - ele fala ficando adoravelmente corado, mas me olhando firmemente. - A boa notícia é que eu não tenho interesse nenhum pela Clarisse, como você pensou.
Ok, isso eu realmente não esperava. Tenho certeza que fiquei vermelha e dei graças a deus por Zeus latir insistentemente bem na hora.
- Acho que já é hora de ir. - falo.
- É. - ele fala levantando. - Hora de ir.
Conversamos muita besteira até chegar em casa, não tocamos mais no assunto "Clarisse", então o clima foi leve. Após muita insistência de Tom, deixei ele ir me acompanhar até em casa, mas só por que estava ficando de noite e eu não queria ir sozinha. Só por isso.
- Está entregue. - ele fala, quando chegamos, abaixando e acariciando a cabeça de Zeus. - Bem amigão, já vou indo. Cuida bem dessa louca aí. - Zeus latiu, e ele riu.
Ele me abraça, o clima estava frio, mas o abraço dele era quente como sempre.
- Obrigada Deborah. Por concordar em entrar nessa loucura comigo.
Me distancio somente o necessário para olhar para olhar para ele.
- Você faria o mesmo por mim. - falo.
- Faria muito mais. - ele fala, sorrindo.
Esses momentos eram os que me faziam sentir mais segura. Eu acreditava nele, acreditava que ele faria muito mais por mim.
Lembrei o que ele falou sobre Clarisse despertar o pior nele, comigo era o contrário, ele despertava o melhor de mim.
- Boa noite. - ele fala, me dando um beijo na testa.
- Boa noite. - falo, sorrindo e entrando meio a contra gosto.
- Deborah. - ele chama, quando eu estou quase entrando. Me viro pra ele. - Você volta?
- Sempre. - confirmo.
Desde o hospital, quase todas as nossas despedidas eram marcadas por essas palavras. Era o sentido por trás delas que nos interessava. Isso garantia que não era a última vez que nos veríamos. Que sempre voltaríamos, mesmo que fosse para um plano maluco.
Naquele dia eu entrei em casa me sentindo imensamente mais leve.
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Estava cansada, só queria entrar no meu quarto e cair na cama. Mas meus planos são impedidos quando vejo um papel colado na janela de Igor.
Ele estava sentado na escrivaninha do quarto dele, de costas pra mim. E o papel dizia simplesmente.
Preciso falar com você.
O que ele poderia querer falar comigo? Pego o bloco das mensagens, eu tinha o apelidado assim, e vou até minha janela.
Penso em como chamar a atenção dele, mas não é preciso pois no mesmo momento ele se levanta da escrivaninha para fechar a cortina do quarto dele, mas para com um pequeno sorriso quando me vê. Ele retira o papel da janela, e eu escrevo no meu papel.
Por que você não vai falar com a Esther?
Mostro a mensagem pra ele e me arrependo no mesmo momento, aquilo tinha soado um pouco... Ciumento.
Ele ri divertidamente e me mostra um outro papel.
Ela é muito legal, ok?
Agora é minha vez de rir.
Deixe-me esclarecer algumas coisas: além de ser líder de torcida, Esther era a garota mais popular do colégio, todos os esteriótipos atribuídos a esse tipo de gente são reais. Onde ela ia estava sempre acompanhada por meninos do time de futebol e garotas que queriam ser como ela.
Estudamos juntas algum tempo, mas ela repetiu de ano por que quis para ficar na mesma sala que o namorado, meses depois ela terminou com ele. Ela definitivamente não era "legal". Escrevo rapidamente uma resposta pra ele.
Qual é?!
Você conhece ela a um dia.
Não sabia que você tinha passado de novato a popular tão rápido.
Ele lê, faz uma careta estranha e escreve uma resposta.
Eu? Popular?
Desencana.
Só procurei ela por que precisava de ajuda.
Esther era burra como uma porta, em que ela podia ajudar ele?
Fala de uma vez!
Ajuda pra quê?
Ele lê, e começa a escrever bem devagar só pra me irritar.
Bem, meus pais vão viajar sábado, então eu imaginei que seria um boa fazer uma festa para, sabe, conhecer a galera do colégio.
"E quem melhor pra isso do que a garota super popular?" completo mentalmente. Escrevo no meu bloco.
Ha, a "galera" do colégio...
Mas qual seria meu interesse nisso?
Ele faz uma expressão de paciência, e me mostra uma nova mensagem.
Eu tô te convidando sua lerda.
Ata.
Hm... Eu não sei se devo ir, não gostava muito da "galera" que ele iria convidar, com certeza a escola toda iria marcar presença. Mas não iria dizer não pra ele, então resolvo aceitar.
Claro. Vou.
Ele dá um sorriso e me mostra um novo papel.
Sábado, 10hrs, aqui em casa.
Faço sinal de positivo com a mão e ele fecha a cortina.
Fui deitar, assim que apoiei a cabeça no travesseiro tive uma ideia espetacular. Não iria conseguir esperar até amanhã, então peguei o celular e liguei para o Tom.
- Oi Deb. - ele fala.
- Você já sabe onde vai colocar seu grande plano de vingança em ação? - pergunto sorrindo.
- Não. - ele fala simplesmente. - Por quê?
- Bom, então... - falo. - Eu sei.
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Dedico esse capítulo à todos que fizeram do nono ano o melhor ano da minha vida. Vocês são de mais.

Oi!
Bom, eu acho que talvez eu fosse falar alguma coisa aqui, mas agora esqueci. Bem eu.
Não esqueçam da estrelinha :)
Quero ouvir a opinião de vocês! Quem sabe uma crítica?
Obrigada por todo o apoio,
Vocês não sabem como isso é de mais.
Beijinho estalado,
Bianca B.

Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora