Capítulo XVIII

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O toque dos lábios dele foi suave no início, quase como se ele estivesse me pedindo permissão para ir mais além. Enlacei minhas mãos ao redor do pescoço dele, e então ele começou a realmente me beijar. Seus lábios eram exigentes, precisos e macios de uma forma enlouquecedora. Quando sua língua abriu passagem na minha boca eu poderia estar no inferno que eu não perceberia, eu retribuía com igual desejo. Quando nossas bocas não eram mais suficientes ele desceu a boca para meu pescoço.
Meu pescoço. Onde Tom havia estado noite passada. Eu não sei o que se passava em mim, só sei que naquele momento, uma sensação de culpa me tomou, como se eu estivesse traindo Tom. O que era loucura.

Não posso fazer isso.

Mas tá bom pra caramba.

Eu sou louca.

Que seja.

Meu deus!

Encontrei forças não sei de onde para colocar as mãos nos ombros dele e empurra-lo um pouco pra trás. Nossas respirações estavam ofegantes.
- Não posso fazer isso. - falo, tentando por a cabeça em ordem.
- Não é sobre poder ou não Deborah. - ele fala de um forma tão calma, que me faz ter vontade de bater nele. - É sobre ser inevitável. Eu sabia no momento em que te vi que cedo ou tarde isso iria acontecer. Acho que no fundo, nós dois sabíamos.
Retiro as mãos dele da minha cintura, me afastando.
- Eu tô ficando louca. - falo.
- Não tô te entendendo. - ele fala se aproximando de novo de mim, eu me afasto.
- Nem eu. - falo, pegando Zeus e indo embora. Antes que eu saia, ele fala.
- Então é isso? - sua voz era cheia de ironia. - Você vai simplesmente fingir que isso não aconteceu?
- Eu não sei o que vou fazer Igor, certamen... - começo a falar.
- Hoje, no jardim, sete horas. - ele me corta. - Se você não for eu vou entender como um não dá sua parte, e não insistirei mais.
Eu rio ironicamente.
- Você faz tudo parecer simples. Mas não é poxa, não é. - falo alterada.
- Você complica de mais. - ele fala gesticulando. - Qual o problema "da gente"?
- Tchau Igor. - falo, pondo um fim naquela discussão que não iria levar ninguém a canto nenhum.
"Problema da gente". Meus pensamentos estavam confusos, assim como todo o resto de mim. Resolvi num ímpeto de juízo que o melhor era sair dali. Não foi fácil, cada passo em direção da porta era um esforço pra não olhar pra trás.
- Tchau. - ele fala, zangado.
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Quando eu sai da casa de Igor, eu poderia facilmente ter cavado um buraco no chão e me enterrado. O que foi aquilo meu deus? Em menos de vinte e quatro horas eu dividi uma cama com Tom, e beijei Igor no quarto dele. Parece que de uma hora pra outra tudo resolveu se complicar. Eu me sentia confusa. De um lado estava meu melhor amigo no mundo, do outro o garoto que me tirava do sério, me fazendo agir como uma louca.
Coloquei, ou pelo menos tentei colocar, esses pensamentos confusos de lado e voltar pra casa. Bom, cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, aquilo iria se resolver.
Entro em casa e percebo, pela barulheira lá em cima, que Tom e Marina haviam acordado.
- Que cara é essa? - Tom pergunta assim que eu entro no quarto.
Ele havia vestido a blusa, e estava com o semblante tranquilo. Ele se aproxima de mim e tenta tocar meu rosto, me esquivo discretamente olhando pro chão.
- Tô normal, ué. - falo, desconversando. - Cadê a Marina?
- Vomitando no banheiro. - ele fala com uma cara "Vou fingir que acredito", mas abre um pequeno sorriso, me fazendo sorrir também.
Vou até o banheiro e bato na porta.
- Marina?
- Que é? - ela responde com uma voz terrível.
- Tu tava linda ontem sensualizando na festa. - falei como brincadeira claro, mas pela expressão que Tom fez percebi algo de errado. Não demorou um segundo e ela colocou a cara pela fresta da porta, exibindo olheiras gigantes.
- Como é que é? - ela perguntou.
- Ham... Ela não sabe? - perguntei pra Tom.
- Não. - ele segura o riso. Eu não me preocupo tanto com isso, e rio descaradamente da cada dela, Tom me acompanha. Ela faz uma careta.
- Parem de gritar. - ela fala se jogando na cama. - Minha cabeça vai explodir. E eu nem quero saber o que eu fiz ontem.
- Que bom. - falo rindo - Se não eu seria obrigada a falar que você quase ficou nua na frente de todo mundo. - Ela esconde o rosto no travesseiro.
- Eu não fiz isso. - ela fala. - Não foi Tom?
Tom não estava nem aí pra Marina, estava pensativo. E eu queria muito acreditar que nada daquilo tinha a ver comigo. Mas eu sabia que tinha. Marina joga um travesseiro nele.
- Para Marina. - ele fala. - Bom, já vou indo.
- Aff. - Marina fala levantando para abraçar ele. - Não aguenta nem uma travisseirada.
- Se cuida. - ele fala bagunçando (mais) o cabelo dela.
Quando ele passa por mim, e abre os braços, pela primeira vez nas últimas horas eu tive certeza de algo. Não importa como eu estivesse, com quem eu estivesse, Tom estaria lá. Por que era quase impossível viver sem essa sensação de paz que ele me proporcionava. Se o abraço dele fosse fosse uma droga, eu com certeza estaria viciada.
- Olha, me desculpa tá? - ele falou. - Se for pra você ficar assim, eu não me aproximo mais de você daquela forma. Se precisar, me liga.
Antes que eu pudesse interpretar o sentido por trás daquelas palavras ele saiu pela porta do meu quarto, me deixando sem direção de novo. Pelo menos agora eu sabia que ele tinha noção da confusão que ele tinha armado dentro de mim.
Meu olhar encontra com o de uma certa ruiva, que nesse momento está com os braços cruzados e uma expressão que parecia gritar "Desembucha".
- Ah, Marina. Se você soubesse a loucura que eu fiz. - ela sorriu e me puxou pra cama com ela, pondo minha cabeça em cima do seu colo e mexendo nos meus cabelos. - Tá tudo tão complicado.
- Pense o seguinte. Nenhuma loucura será tão grande quanto bancar a stripper em uma festa. - ela falou.
Cara, era por isso que eu amava aquela garota. No momento mais inoportuno, ela conseguia arrancar um riso meu.
- Eu beijei o Igor. - falei.
Ela soltou um suspiro que dizia " entendi tudo" colocou a cabeça entre as mãos e falou o óbvio.
- Você tá ferrada.
- Por ter beijado ele? - pergunto.
- Não. Por ter beijado ele quando você tá apaixonada pelo Tom.
- Eu não es... - começo a falar.
A afirmação que eu iria fazer era absurda até pra mim. Era um fato que eu simplesmente não poderia fugir.
Eu sabia de todas as manias dele, sabia que ele odiava a risada dele, mesmo eu achando que ela era tão linda, que deveria passar na rádio todo dia. Eu sabia que quando ele ia aumentar o volume da televisão, ele sempre deixava em números pares. Sabia também que ele gostava de iogurte de frutas vermelhas, não de morango, mesmo eu insistindo que morango era vermelho. Sabia que ele amava matemática, mesmo odiando fazer cálculos. Sabia que ele tinha medo besouro, mesmo ele nunca tendo falado pra ninguém, eu sabia. E sabia mais inúmeras coisas banais sobre ele... E o mais importante: Eu gostava de saber. Eu queria saber cada vez mais, por que sempre tinha algo novo nele que eu gostava.
E, bem, se isso não era paixão, eu não faço a mínima ideia do que seja.
- Eu estou perdidamente apaixonada pelo Tom. - afimei, sentindo um aperto bom no peito por constatar que aquilo era verdade.
- O Igor pelo menos beija bem? - ela fala sorrindo.
- Hãm...? - Jogo um travesseiro nela. - Marina! Tô falando sério.
- Eu também. Quer dizer, se você vai ficar com dois garotos, eles tem que beijar bem. - ela gesticulava.
- Eu não vou ficar com dois garotos. - falo. - Eu não sei nem se vou ficar com algum.
- Ah, faça-me o favor. Dois deuses te querendo e você com esse papo "minha vida é difícil"?
- Para Marina. - falo chateada. - Igor pediu pra eu ir encontrar com ele hoje. Disse que se eu não for, ele vai entender como um não da minha parte.
- Então vai. - ela fala simplesmente.
- Não sei se devo. - falo.
- Então não vai.
- Você não tá ajudando em nada. - falo.
- Você complica tudo. - ela fala e eu sorrio.
- Igor fala isso. Quer saber, que seja. Eu vou.
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Oiee.
Cara, eu tô tão feliz. Felipe Sali respondeu uma mensagem minha. Eu amo Felipe Sali. Tô feliz.

Amei escrever a parte cute do pensamento da Deborah sobre o Tom, espero que tenham gostado.

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E, é isso... Não esqueçam da estrelinha.

Beijo doce,
Bianca B. :*

Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora