Capítulo XVII

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Eu sempre gostei do mar, aprendi a nadar sozinha. E nunca tive medo de me afogar naquela imensidão azul.
Mas agora, aqui estava eu. Me afogando naquela imensidão castanha que eram os olhos de Tomaz. Eu tinha a leve consciência da música tocando, das pessoas nos olhando, mas nada daquilo me importava. Tudo que me importava no momento era sustentar o olhar firme e decidido dele.
Quando pensei que seus lábios iam ao encontro do meu pescoço novamente, inclinei a cabeça desesperada por qualquer tipo de contato. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo e com meu coração idiota, e contanto que não parasse, não queria saber. Percebendo que o beijo tão esperado não veio, soltei um suspiro frustado, talvez ele tenha percebido pois ele me girou de forma que eu fiquei de costas para ele ainda dançando ao ritmo da música. Ele retira uma das mãos da minha cintura e a leva a minha boca, tocando de leve meus lábios.
- "O que eu faria sem essa sua boca esperta" - Ha meu deus! Ele não iria fazer isso, iria? Ele estava traduzindo partes da música no meu ouvido, cada vez me puxando mais para perto de si. Virei de frente pra ele, estávamos tão perto um do outro que nossas testas se tocavam. Ele põe uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha, e suas mãos continuam passeando por ali. - "O que está acontecendo nessa bela cabeça?". - ele continuava com seu jogo, e bem... Como eu já estava ali resolvi jogar também. Me aproximei um pouco mais, quase desafiando as leis da física, agora não só as testas, mas nossos narizes se tocavam também.
- "Eu estou tão tonto, não sei o que me atingiu, mas eu vou ficar bem." - minha voz saiu falha, abri os olhos somente para ver Tom com uma expressão absurdamente sexy no rosto. Ele estava com a boca entre-aberta, assim como eu. Alguma coisa na minha cabeça gritava que eu estava ficando louca, mas todo o resto gritava que aquilo tinha que acontecer. Tom suspira e sua respiração inunda minha boca, nesse momento agradeci a deus por suas mãos estarem tão firmemente em minha cintura, pois minhas pernas viraram gelatina. Era certo que o beijo ia acontecer, por isso mandei todo o moralismo pra ponte que partiu e...
- Deborah! - Igor grita me fazendo acordar do transe que eu me encontrava. Feliz ou infelizmente, ainda não sei.
Estava pronta pra perguntar o que diabos Igor queria comigo quando vejo ele apontando para mesa do jogo da garrafa. Meu fôlego foge de mim quando vejo Marina sorrindo mais do que o necessário, dançando sensualmente ao som da música, e... Tirando peça por peça da roupa dela ao som de aplausos e gritinhos de garotos bêbados.
Aquilo não podia estar acontecendo.
Corro pra lá o mais rápido possível com Tom logo atrás de mim
- Marina, pelo amor de deus desce daí. - falo implorando.
- Deborah! - ela fala, muito, muito bêbada. - Vem pra cá comigo, olha os nossos fãs.
- Sua louca, para com isso. - Tom fala, tentando inutilmente tira-la de cima da mesa.
- Vem cá. - fala Diego saindo não sei de onde e tentando descer ela da mesa (ele estava com raiva?), Marina parece surpresa com ele ali mas se solta dele e fala.
- A noite é uma criança amor! - Diego, que agora está claramente com raiva, pega ela e a joga sobre os ombros, nada romântico.
- A única criança aqui é você. - ele fala enquanto ela grita e dá tapinhas inúteis nas costas dele. - Onde eu a coloco?
Devido a surpresa de ver minha amiga imitando uma striper, demorei pra perceber que ele falava comigo.
- Em casa... Na minha casa. - Falei, já saindo com Diego vindo atrás de mim. Marina havia parado de gritar.
- Pode deixar comigo. - Tom fala tentando pegar Marina no colo.
- Não. - Diego fala o empurrando.
- Cara qual é a tua? - Tom fala alterado.
- Meninos parem. - falo na porta da minha casa, e eles surpreendente me obedecem.
Entramos no meu quarto, percebi que Marina havia desmaiado nos braços de Diego. Zeus começa a latir com Diego, bem, aparentemente Tom havia ensinado isso a ele também.
- Coloque ela ali. - falo para Diego apontando para o colchão no chão que a própria Marina tinha arrumado a tarde. Ele me obedece prontamente, a colocando cuidadosamente sobre o colchão. - Para Zeus! Vem cá vem. - Zeus me obedece e vem ao meu encontro, lambendo minhas mãos.
- Ela está bem não está? - falo, pra qualquer um dos dois.
- Pelo tanto que ela bebeu deveria estar em coma alcoólico. - Tom fala.
- Mas não está. No máximo uma belíssima ressaca amanhã.
- Já que ela vai ficar bem, eu já vou indo. - Diego fala, se aproximando de mim e pegando minha mão, onde deixa um beijo delicado. - Boa noite flor.
Fico constrangida com a presença de Tom e retiro a mão, Diego sorri e vai embora.
- Eu odeio esse cara. - Tom fala alto, pouco se importando se Diego vai ou não ouvir.
- Temos problemas maiores. - falo apontando pra Marina. - O que vamos fazer com ela?
- Não precisamos fazer nada. - ele fala bocejando. - Ela só vai acordar amanhã.
Olho a hora no celular, três da manhã. É, uma festa e tanto.
- Eu vou tomar um banho, mas não quero deixa-la sozinha... - falo.
- Vá. - ele me corta sentando na minha cama. - Eu espero você voltar, depois vou embora.
- Tudo bem. - falo entrando no banheiro.
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Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora