De madrugada acordei com frio. Com muito esforço, juntei coragem o suficiente para ir até o guarda-roupa pegar outro cobertor. Quando levantei e passei pela janela vi Igor com os braços apoiados sobre a borda da janela, olhando para alguma coisa que eu não sabia o que era, ou simplesmente olhando pra nada. Ele estava lindo, na verdade ele era lindo, sem precisar fazer esforço algum. Estava com uma calça de moletom cinza. E só. Seu peito e sua barriga estavam a mostra, e meu deus, como a roupa escondia certas coisas. Ia me virar pra sair quando ele levantou o olhar e me viu. Sorriu aquele sorriso que só ele sabe sorri e eu sorri também, ele fez um gesto de "espera" com a mão e entrou dentro do quarto. Segundos depois ele voltou com um bloco onde tinha escrito uma mensagem com letras bonitas.
Bom dia.
Olhei no relógio, eram 3hrs55min, realmente já era dia. Olho pra minha escrivaninha e vejo um bloco idêntico ao dele, pego e escrevo uma mensagem, mas com a letra nem de perto tão bonita quanto a dele. Em parte pelo sono, em parte pela pressa.
Bom. Acordado a essa hora?
Viro o bloco pra ele, que lê, sorri, e escreve novamente no bloco, arrancando a folha usada e fazendo uma bolinha que caiu no chão abaixo dele. Ele vir o bloco pra mim.
Não consigo dormir.
E você? Acordada a essa hora?
Respondo ele rápido.
Acordei com frio. Aliás, como você tá conseguindo ficar sem blusa?
Quando ele lê minha mensagem, olha pro próprio corpo, como se percebesse pela primeira vez que estava sem camisa. Meio que sem querer, eu acompanho seu olhar, e ele me pegar encarando sua bela barriga nua. Muito bem Deborah. Quando eu ia escrever, e deus sabe o que iria sair, ele arranca do bloco a mensagem anterior e começa a escrever, eu paro. Ele vira o bloco pra mim.
Ficou vermelha que fofa.
Mais que droga... Não duvido nada que fosse verdade, principalmente agora.
Não fiquei nada. Por que motivo ficaria?
Como diria o ditado, o feitiço virou contra o feiticeiro. Rio e ele escreve.
Isso quem tem que me dizer é você.
Agora fico, de verdade, com muita vergonha. Olho pra ele e vejo um sorrisinho irônico. Que droga...
Respondo ele rápido.
Vou dormir.
Ele escreve.
Vai não.Vou.
Vai não.
Tô indo.
Então vai.
Então vou.
Até mais baby.
Até.
Antes dele se virar, eu mostro outra folha pra ele.
Vista uma blusa. Baby.
Fecho a janela antes de ver a resposta dele. Sorrio.
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Levanto cedo, não consegui dormir depois do episódio da madrugada. Não exatamente pelo episódio, mas por que eu estava confusa sobre tudo. O jantar era hoje... Olho no relógio, 5hrs47min, meu deus. Ligo pra Marina, pouco me importando de que com certeza ela vai estar dormindo. Eu não tinha falado com ela sobre nada do que tinha acontecido ontem nem hoje mais cedo.
- Não podia esperar tipo, duas horinhas não? - ela atende com voz de sono.
- Marina vem aqui em casa, tenho muita coisa pra te falar e não dá pra esperar até a escola.
- Você tá bem? - ela pergunta preocupada. Era impossível esconder qualquer coisa dela.
- Hmrum. - falo. - Te espero na porta.
- Tô indo. - ela fala. - É sobre o que?
- Tanta coisa, você nem imagina. - falo. - Vem logo.
- Tabom.
Alguns minutos depois, estava eu deitada na cama e Marina encostada na minha janela, com cara de sono.
- Desembucha. - ela diz. - O que aconteceu?
Respiro fundo antes de falar.
- Bem... - enrolo. - Resumo ou história completa?
- Depois você me conta tudo. Me fala só o resumo.
Falo tudo que aconteceu ontem pra ela, o mais rápido que posso, com medo de perder a coragem. Deixo fora algumas partes, como algumas coisas que Tom me falou no hospital, que poderiam (e iriam) ser mal interpretadas, a confusão com o Diego por que Marina com certeza iria falar pro Tom e ele iria ficar com muita raiva, e a troca de mensagens com Igor mais cedo por que... Bem, por que não tinha importância.
Depois que falei, me senti instantaneamente melhor por ter dividido aquilo com alguém. Marina me olhava surpresa, até que falou.
- Quer dizer que você chorou nos braços do Igor, depois ele te deu carona, e veio aqui no seu quarto. No seu quarto? - ela fica de boca aberta. -Sua piranha. - ela fala mudando completamente de humor, agora ela sorria divertida. - E a tonta aqui achando que você gostava do Tom. Quer dizer então que você prefere os loiros?
Era incrível! Tudo pra aquela louca era piada. E no fundo eu gostava.
- Que loiro o que Marina?! - falo jogando uma almofada nela. - Não tem nada disso... Igor é só educado.
- Deborah. - ela se senta na minha cama com a cara séria, mas logo abre um sorriso. - Tá traindo o Tom com Igor, tá traindo o Tom com Igor... - ela começa a cantar como se a gente tivesse cinco anos.
- Para maluca! - falo tapando a boca dela com a mão. - Ele pode ouvir. - ela morde meu dedo e eu retiro a mão.
- Vai ouvir coisa nenhuma. - ela fala levantando e indo se arrumar em frente ao espelho. - Você é louca? Por que você saiu do carro correndo feito uma maluca? - ela muda completamente de assunto.
- Por que ele tava me tratando mal. - falo dando de ombros. - E eu não era obrigada a aturar.
- Aff... - ela fala. - Você nunca assistiu novela não? Quando o mocinho fica com raiva da mocinha por nada é por que ele...? - ela aponta pra mim pedindo pra completar.
- Eu sei lá... - falo.
- Pobres mortais. - ela revira os olhos. - Pensa que eu não sei que tem coisa aí que você não tá me contando?! - ela fala. - eu só não ameaço sequestrar o Zeus pra você contar por que eu acho que eu sei sobre o que é, ou melhor, sobre quem é. - ela fala, não tô dizendo? Ela é impossível.
- Vamos se arrumar pra escola Mar, deixa de besteira. - falo indo pro banheiro vestir o uniforme.
- Deborah. - ela chama. Me viro e vejo que ela está com a cara "assunto sério" - Só... Não machuca o Tom não tá? Ele não merece. E também não demora a aceitar o que tá bem na sua frente. Vai que sei lá... É tarde de mais.
Machucar o Tom? Nunca. A simples ideia me deixava mal.
- Nunca. - falo.
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Algum tempo depois, estávamos eu e Marina descendo as escadas juntas para ir à escola. Atrasadas, mas por culpa dela eu juro. Na cabeça dela eu iria concordar em esperar Igor sair de casa para ir para a escola com ele. Mas só na cabeça dela. Como eu não concordei, ela ficou enrolando o máximo que podia até eu não aguentar mais e arrastar ela pra fora de casa.
- Mar! Para de ser infantil e caminha por favor. Ou eu te chamo daquele nome que você não gosta. - ameacei correndo pra fora de casa.
- Não ousaria! - ela fala apontando a dedo pra mim.
- Ousaria sim! Quer ver? - pergunto sabendo que vou fazer ela correr atrás de mim.
- Tenta pra você ver. - ela fala.
- Tampinha! Tampinha! Tampinha! - falo correndo, ela fica vermelha de raiva e corre atrás de mim. Estranho o silêncio e olho pra trás, o que eu vi me deixou plantada no chão. Marina estava em frente a casa do Igor, com uma bolinha de papel branco que eu sabia muito bem de onde tinha vindo.
Corro pra perto dela, e ela me olha com uma cara "babado".
- Olha isso! - ela fala virando a bolinha pra mim com a mensagem "Até mais baby." - Quem é baby? Ele tem namorada?
Conto? Não conto. Conto? Não conto. Conto? Não contei. Pego o papel da mão dela e jogo fora de novo.
- Não deve ser nada Marina. Vamos, estamos atrasadas. - puxo ela pela mão.
- Calma estressada, tô indo.
Então nenhuma de nós falou mãos nada. Que droga. Ela não podia ter pegado a mensagem de bom dia ou outra qualquer?
Quando passei em frente a casa de Tom meu estômago fez uma mini acrobacia. Estava com saudade, mas não dava tempo de parar. Prometi pra mim mesmo vir visita-lo depois.
Na escola sentamos nos mesmos lugares, o lugar de Tom ficou vazio ao meu lado. Desenhei uma carinha feliz na carteira dele, ele com certeza estaria sorrindo se estivesse aqui.
O dia passou se arrastando. Pra piorar tudo, tinha aula da Rodríguez nos últimos tempos. Ela entra na sala, e eu já estou com a atividade dela sobre a carteira.
- Bom dia queridos. - ela diz. - Espero que tenham feito a minha atividade, chamarei alunos ao quadro.
Nem liguei, ela nunca me chamava ao quadro...
- Ham... Pra começar, deixa eu ver. - ela olha a sala toda, e o olhar dela para em mim. - Deborah. - ela sorri. - Suas olheiras provavelmente provam que você passou a noite toda estudando, quer nos dar o prazer de provar isso no quadro?
Sinceramente, eu não estava com vontade nenhuma de responder ela. Então fui. E fiz certo. Olhei pra ela e falei.
- Ham... Ganho um ponto senhora?
Ela sorri.
- Ainda não sou médica pra dar ponto meu amor, só uma simples professora. - aí que raiva. - Mas sim, vou lembrar disso.
Qual o problema dessa louca comigo?
- Igor? - ela chama. - Sua vez.
Ele sorri e vai, escolhe uma das questões mais difíceis, acerta e quando ela dá parabéns pra ele, ele responde.
- É só meu dever, vovó.
Mais que merda?! Eu não sei se eu ria, ou se eu chorava.
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Genteee, finalmente deu certo. Mais uma vez me desculpem.Eu choraria e vocês? Kkk
Não esqueçam da estrelinha.
E dos comentários e tals, me falem o que acharam da novidade... S2
Beijos,
Até loguinho,
Bianca B.
*Próximo capítulo quinta.* +.+
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Um conto quase de fadas
Ficção Adolescente" Eu quero você. - falei entre um suspiro involuntário. - Eu quero você de todas as formas e de todas as maneiras. Eu só quero você. - Mas você já me tem. - ele falou, me levantando de leve do chão e fazendo com que eu ficasse da altura dele, para s...