Capítulo XXIII

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       Entrei correndo no quarto de Tom. Ele estava com um esfregão e um balde de água com sabão na mão. Não entendi muito bem até que...
- Argh! - falo, tampando o nariz. - Que fedor de esse?
- Você não tava sentindo lá da sua casa? - ele ironiza irritado. - Essa louca vomitou aqui.
       Somente quando ele fala isso eu percebo Marina que estava sobre a cama dele. Chorando, com rímel escorrido nos olhos, repetindo "como aquele filho da mãe teve coragem?" e... Bêbada. Sim, ela estava bêbada.
       Se a situação não fosse aquela, eu talvez até tivesse rido daquilo.
- Marina? - falo com a voz mais suave que consegui. Sentando na cama e fazendo ela me olhar nos olhos. - O que aconteceu?
- Aquele cachorro aconteceu Deborah. - Ela fala entre o choro, com uma voz de bêbada. - Aquele cachorro... - E voltou a chorar mais forte.
- Quem deveria estar chorando era eu. - Tom resmunga. - Vou ter que limpar isso aqui tudo.
- Tom, não seja insensível. - Falo, me acomodando melhor na cama e deitando a cabeça de Marina na minha perna. - Você bebeu não foi?
- Vai me dar sermão agora? - Ela fala. - Por que se for Deb...
- Podia ter me chamado pra beber junto idiota. - corto ela, e ela ri.
- Como se você não fosse tão certinha. - Ela fala.
- Onde você consegui bebida? - Pergunto, tentando desviar a atenção dela para outro assunto qualquer. Mas pela reação dela parece que "ele" tinha alguma coisa a ver com isso também.
- Isso não importa... O que importa é que eu fiz uma loucura. - Ela falou numa língua parecida com o português.
- Marina, me fala: o que aconteceu? - Pergunto, enquanto afago os cabelos dela e ela dá uma pausa no choro.
- Ele... Eu...- ela começa a fala e o choro vem de novo.
- Isso não tá acontecendo. - Tom fala e põe as mãos no rosto, em seguida vem até Marina. - Marininha, olha, você tem que falar o que aconteceu, pra gente poder te ajudar.
- Você vai me odiar Tom. - Ela fala.
- Eu? Eu não vou te odiar Marina. - Ele revira os olhos. - Mais você tem que falar o que aconteceu.
       Ela se senta na cama. E tenta falar, mas não sai nada que se possa entender ou que faça sentido.
- Shiiu. Deita aqui. - falo acomodando ela na cama de Tom, depois de algum tempo ela acabou dormindo.
       Tom e eu saimos do quarto, e estávamos na cozinha.
- Desse jeito não vai dar. - falo para Tom. - Ela tá muito bêbada. Não sabe nem o que tá falando.
- A gente só vai entender alguma coisa quando ela tiver em sã consciência. - ele fala. - O que definitivamente não é agora.
- E o que você sugere? - Pergunto.
- Ela vai acordar com uma puta ressaca, mas vai ser capaz de falar sem cair no choro. Eu espero.
- Ok, senhor especialista. - Falo. - Então me fale você o que aconteceu aqui.
- Ela chegou já bêbada, e ficou no quarto comigo. Eu sai pra fazer pipoca, e quando voltei ela tinha vomitado no chão e estava chorando, culpando "ele" por tudo. Basicamente sei o mesmo que você.
- Quem você acha que é? - pergunto.
- Você é a melhor amiga. - Ele fala. - Se alguém sabe é você.
- Ela não me falou nada, e eu não me separei dela esse últimos dias, exceto quando... Eu sai com você. - Falo. - Ela deve ter feito alguma coisa nesse tempo.
- O celular Deborah. - Ele fala.
- Claro Tom! - falo procurando o celular dela. - Deve ter alguma coisa nele.
       Ele estava em cima do sofá, e no aplicativo de mensagem uma conversa em especial chamou a atenção de nós dois. Ela falava com um cara que o nome estava como "Amor", e pro nosso azar não tinha foto de perfil.
       As conversas passadas estavam apagadas, restando somente duas mensagens, a dele que dizia "A gente precisa parar de brincar de conto de fadas marina. Nós dois sabemos que no fundo isso nunca daria certo. Me desculpe por te magoar. Mas infelizmente esse é meu talento natural. " e a resposta dela "Você não pode fazer isso, não depois do que aconteceu. Por favor."
- Eu não faço a mínima ideia do que pensar sobre isso. - Tom falou.
- Vamos ter que esperar ela acordar. - falo. - Eu tenho que ir agora, meus pais chegam a qualquer hora.
       Quando me viro pra sair, Tom me surpreende me abraçando pelas costas.
- Não tão rápido. - Ele fala, me virando de frente pra ele.
       Eu gostava da sensação de ter que ficar na ponta do pé para beija-lo, eu realmente poderia me acostumar com aquilo.
       Ele me beijou, e foi completamente diferente da primeira vez. A primeira vez foi um turbilhão de sensação, o beijo foi um complemento de tudo que estava acontecendo. Ali não, ali o beijo era o personagem principal. Um beijo que acabou cedo de mais.
- Tenho que ir. - falo, saindo.
- Até logo. - Ele fala. - Quando ela acordar eu te ligo.
- Ok.
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       Fui pra casa, e graças a deus meus pais ainda não tinham chegado. Tomei um banho e assim que sai, ouço o carro chegar.
- Mãe, pai! - falo, saltando no colo do meu pai. - Que bom que chegaram.
- Oi filha. Tá tudo bem por aqui? - Minha mãe pergunta colocando as malas pra dentro e dando um beijo na minha testa.
- Tudo sim mãe. - falo sorrindo.
- Com fome? - meu pai pergunta.
- Acertou na mosca. - Falo, sentando na cadeira da mesa.
- Que bom seria se eu tivesse passado na padaria e comprado aquele seu doce preferido, não? - Ele fala.
- Dá logo pra ela amor. - minha mãe sorri.
- É pai. Dá logo pra mim. - Falo, imitando uma criança.
     Ele sorri e me dá a sacola com um doce que eu adorava desde criança.
- Querida, vamos arrumar as roupas no guarda-roupa e tomar um banho. Se precisar de alguma coisa estamos lá em cima. - Minha mãe fala, subindo as escadas com dificuldade carregando as malas.
- Tudo bem mãe. Vou na casa do Tom daqui a pouco ok? - Falo, antes dela sumir de vista.
- Ok. - Ela fala, no exato momento  em que meu celular toca, atendo apressada.
- Ela acordou. - Tom fala. - Você vem?
- Claro. - falo, já saindo. - Tô chegando aí.
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- Oi. - Marina fala, envergonhada, quando eu entro no quarto. Ela já não estava mais bêbada, mas posso apostar que ela estava se sentindo tão mal quanto antes.
- Oi. - falo, me aproximando dela na cama.
- Marina, agora que já tá tudo mais calmo, fala o que aconteceu. - Tom fala, se sentando na cama com a gente e pegando na mão de Marina.
- Quem diabos é "ele"?
       Ela suspirou, e as lágrimas ameaçaram descer de novo. Mas ela não chora.
- Diego. - Ela fala, num sussurro. - Eu tô... Tava, namorando com o Diego.
       Tom engasga, e ri em seguida.
- Você ficou louca? - ele se levanta, pálido, da cama. - Com o Diego Marina, com o Diego?
       Ela me abraçou e começou a chorar, mais ao contrário da outra vez, agora ela estava tão mal que eu quase chorei com ela. Dei meu melhor olhar de " chega" para Tom.
- Ele... Eu... Dormi com ele. - Ela fala. - Eu me entreguei para ele.
       Eu a abracei mais forte, e agora uma lágrima escorreu do meu rosto.
- Você não fez isso. - Tom fala, numa voz contida. - Me diz pelo amor de deus que você não fez isso. Ele te obrigou a fazer alguma coisa? Por que se...
- Não. - ela fala firme. - Eu quis.
       Antes que Tom falasse qualquer coisa, me intrometi.
- Tom, me deixa conversar com ela sozinha. Por favor. - Falo, e ele sai, depois de uma longa disputa de olhares.
       Fiz Marina olhar pra mim.
- Desde quando? - pergunto.
- Desde do dia da festa do Igor. - ela fala. - Maldito dia.
- E... O que aconteceu de verdade, o que te deixou assim? Ele terminou com você? - pergunto.
- Deborah, no começo, a gente só ficava de vez em quando... Eu sabia que ele era um cachorro, por isso não queria nada sério, e ele nunca se importou. - ela fala, sem me olhar nos olhos. - Mas depois, a gente foi se apegando cada vez mais, eu fui uma burra de achar que não me apaixonaria por ele. - ela dá um pequeno sorriso, e seus olhos se enchem de amor. - A gente dava um jeito de se ver todo dia. Até chegar ao ponto... Em que ele me pediu em namoro. - Ela falava pausadamente, como se lembrar daquilo tudo doesse. E eu acreditava que era mesmo isso. - Ele disse que mudaria por mim, que eu era o porto seguro dele, que era tudo mais fácil quando tava comigo. Eu acreditei. - ela falava agora baixo. - E no domingo, o dia que você dormiu até tarde porque tinha saído com o Tom na noite passada... - ela me olhou e eu assenti com a cabeca, indicando que eu estava prestando atenção. - Eu convidei ele pra ir até minha casa, e... Aconteceu. Eu não me arrependo de nada, se é o que você pensa. Ele disse que iria falar com meus pais no dia seguinte, que a gente iria assumir pra todo mundo. Foi tudo tão lindo, tão perfeito... Mas... - Ela chora novamente. - Ele sumiu. Ele simplesmente sumiu.
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Tadinha da Mari T.T
Não odeiem o Diego, essa história ainda não acabou. :3

Não esqueçam da estrelinha, e de me dizer o que acharam.

Um abraço apertado,
Bianca B.
      

Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora