Capítulo IX

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       Ele estava lindo. Meu deus como ele estava lindo! Com os cabelos penteados de uma forma fofa, uma blusa verde-claro de alguma banda de rock, uma calça preta, e um sorriso de canto de boca no rosto. Já falei como ele estava lindo?
       Depois de um tempo percebi como eu deveria está estranha parada na escada e desci. Vi o mesmo casal que estava em frente a casa dele segunda, parecia tanto tempo...
       A mãe dele estava mais linda do que eu lembrava, Igor tinha puxado os cabelos loiros dela. O pai dele tinha tirado o bigode e estava mais jovem, quando ele sorriu eu vi que era o mesmo sorriso de Igor. Eles estavam falando com meus pais, e quando a mãe dele me viu falou.
- Então essa é a Deborah? - ela fala mais pra minha mãe do que pra mim. - Você é tão linda quanto sua mãe. - ela fala me cumprimentando.
       Dou um sorriso tímido e agradeço. Descobri que o nome dela era Aline, e o nome dele era Caio.
- Seu filho também é um príncipe Aline. - minha mãe fala. - Sentem-se, o jantar tá quase pronto.
       Caio e meu pai sentaram no sofá, enquanto minha mãe e Aline foram pra cozinha. Fiquei meio perdida perto da mesa de jantar, olhei para Igor e sorri quando vi que ele vinha em minha direção.
- Oi. - ele falou puxando uma cadeira, eu pensei que ele iria sentar, mas ele apontou pra cadeira indicando que era pra mim. Sentei, surpresa com a gentileza. Em seguida ele puxa uma cadeira para ele mesmo do meu lado.
- Oi. - falei tímida. - E minha surpresa?
- Surpresa? Que surpresa? - ele fala.
- Nossa, você consegue ser irritante quando quer. - falo emburrada encostando as costas na cadeira.
- Falando sozinha? - ele sorri.
- Muito engraçado. - digo. - Rodríguez é sua vó? - isso estava entalado na minha garganta.
- Sim. - ele fala olhando pros pratos da mesa. Depois olha pra mim, como se tivesse lembrado de alguma coisa. - Ela me falou muito de você aliás.
       Perfeito. Com uma professora dessas quem precisa de inimigo?
- Imagino as maravilhas que ela falou... Digamos que, a gente é tipo os opostos não se atraem. - digo e ele sorri.
- Ela tem o temperamento difícil as vezes. - ele fala. - Mas você também não ajuda, que eu vi hoje na aula.
- No fundo, bem lá no fundo, eu gosto dela, ela é uma boa professora apesar da física ser uma droga. - falo, e é verdade, não é só por que ela é vó dele. - Ela é mãe da sua mãe?
- Sim. - ele fala, e depois fala de repente como se tivesse lembrado de algo. - O Tom vai amanhã pra escola? - pergunta.
       O Tom... Mais que droga, será que agora toda vez que eu pensasse nele eu iria ver a idiota da Clarisse com ele também?
- Não sei. - falo. - Provavelmente.
       Quando ele ia falar, a mãe dele chama.
- Crianças, venham.
- Qual é mãe?! - ele pergunta. - Crianças?
- Esses jovens de hoje em dia Aline... - minha mãe dá um sorriso complacente para ela.
       Minha mãe e meu pai sentaram do lado um do outro, assim como Aline e Caio, e bem... Eu e Igor. A comida era minha preferida, macarronada.
       Após muito ouvir falar sobre política e futebol (pais) e família e trabalho (mães), o jantar estava mais entediante do que eu imaginava. Até que senti uma cutucada na minha perna, olhei para Igor que estava do meu lado e quando eu ia perguntar se ele estava ficando louco, ele me entregou um guardanapo todo rabiscado por debaixo da mesa.
Então vamos fugir, desse lugar baby...
Rio e sussurro pra ele "Como?".
Ele me responde bem baixo " Assim."
       Antes que eu falasse qualquer coisa ele fala bem alto, pra todo mundo na mesa ouvir.
- Será que a Deborah e eu poderíamos ir lá fora um instante? Tem uma coisa que eu queria mostrar pra ela. - ele fala.
- Claro. - meu pai fala.
       E antes que eu pudesse ao menos pensar direito ele pegou minha mão e me puxou pra fora de casa. Lá fora rindo, falei.
- Você é louco? A gente não podia ter saído assim. Todo mudo teve pensar que a gente ficou maluco.
- Qual é? - ele fala. - Seu pai mesmo disse que a gente podia.
- E você acha mesmo que ele ia falar que não? - ironizo.
- Estava contando com isso. - ele fala.
       Estávamos parados em frente a minha casa.
- Sim, a gente fugiu pra que mesmo? - pergunto.
- Ha. Ia esquecendo. - ele fala indo pra trás de mim e colocando a mão sob os meus olhos. Ele estava muito perto de mim, e eu podia sentir o perfume dele sem nenhum esforço, e eu não estava exatamente incomodada com isso. - Vamos, eu te guio.
- Igor, que droga! - falo. - Enquanto você não tirar a mão do meus olhos eu não ando.
- Ha... Então você não quer ver... - ele fala tirando a mão dos meus olhos e indo em direção a minha casa.
- Eu quero. - falo com bico, e ele se volta sorrindo.
- Então é sobre minhas condições. - ele fala recolocando as mãos sobre os meus olhos. - Você não vai se arrepender, prometo.
       Eu sabia que não iria. Ele me giou durante algum tempo, então passamos por um lugar onde plantas cutucaram minhas pernas e ele anunciou.
- Pronta?
- Sim. - fala ansiosa.
        Ele retira as mãos dos meus olhos, e Uau...O lugar era lindo. Eu nunca tinha visto essa parte da casa.
        Era um jardim grande, cheio de rosas e algumas outras plantas, o cheiro de rosas estava em tudo que era canto, e as rosas, meu deus. Tinham brancas, rosas, amarelas, laranjas e vermelhas que eram as minhas preferidas. Eram todas misturadas, o que fazia o lugar ficar mais mágico ainda, parecia um arco-iris de rosas. O céu acima de nós estava claro e estrelado, o que deixava tudo ainda mais lindo, se fosse possível. Parecia que eu tinha entrado num sonho.
        Olhei pra ele que estava sentado perto do muro, olhando pra tudo com um ar de orgulho.
- Isso é muito lindo. - falo quase sem voz. Ele sorri e fala.
- Muito. - ele aponta pro lugar ao lado dele, me convidando pra sentar.
- Por que você planta? - pergunto, sentando ao lado dele. Ele parece pensar um pouco, sinto que esse assunto o incomoda. - Longa história... - ele fala.
- Não me incomoda. - falo. - Conta, tô curiosa.
- Você vê as coisas de um modo muito realista Deborah. - ele fala como se fosse um defeito.
- Não entendo onde quer chegar. - falo.
- Eu não planto simplesmente por que acho as rosas bonitas, apesar de serem. Olhe por outro lado, é uma metáfora. - ele fala dando de ombros.
       Penso em como aquilo poderia ser uma metáfora. Não vejo nenhum sentido.
- Hãm... Ainda não entendi. - falo.
- Nem poderia, até pra mim não faz sentido as vezes. - ele sorri ironicamente. - Pense o seguinte: o que me interessa não são as rosas, são as borboletas. Mas você só vai ter borboletas, se plantar as rosas primeiro. - ele fala como se explicasse tudo.
- Então você gosta de borboletas? - pergunto confusa.
- Jesus Deborah! Não. - ele ri. - Novamente você tá sendo realista Demais. Isso não se aplica somente ao jardim, e sim a vida. Às vezes você quer tanto uma coisa, que não vê como é simples consegi-la de uma outra forma. Eu poderia prender uma borboleta, mas não seria a mesma coisa, assim que eu a solta-se ela voaria pra longe e nunca mais voltaria, então não é muito mais simples plantar flores para atrair borboletas?
       Ha. Entendi.
- Não sabia que você pensava tanta coisas bonitas assim. - falo e ele sorri.
- Talvez seja só loucura. - ele fala.
- Agora que eu entendi, faz sentido. - falo. - O jardim foi uma forma que você encontrou de não esquecer disso. "Plantar flores para conseguir borboletas." - penso alto.
- É, você entendeu. - ele olha pra mim e de repente eu percebo como eu estiva enganada no começo sobre ele, pensei que ele era fútil e imaturo, mas era totalmente o contrário. Me deito na grama e começo a olhar as estrelas, ele me acompanha.
- Eu sou completamente apaixonada pelas estrelas. - falo. - É meio louco, você pode tá admirando uma coisa que já morreu faz tempo mas...
-... você nunca vai saber. - ele completa. Eu sorrio, era o que eu ia falar. - São realmente lindas.
       Olhando ele ali, tão seguro do que ele falava, e se abrindo tanto pra mim, uma pergunta se forma na minha cabeça e sem querer escapa pelos meus lábios.
- Quais são seus medos? - pergunto do nada.
- Não tenho. Não mais. - ele fala simplesmente.
- É claro que tem. - falo me virando pra ele. - Todo mundo tem.
- Você tem medo de que? - ele fala também se virando pra mim.
- Do futuro, de... Sei lá, dessa incerteza toda que é a vida.- respondo sem saber onde ele quer chegar.
- É isso Deborah... Você já falou tudo, a vida é uma incerteza... Você temendo ou não o futuro vai chegar, e quando ele chegar baby, você não vai poder fugir. O que você vive daqui a um segundo, já é o futuro... Não tenha medo Deborah, não vale a pena. - ele olha pra mim.
- Como faz pra não ter medo? - pergunto.
- Não faz. - ele sorri.
- Os medos estão aqui Deborah. - ele fala tocando na minha cabeça. - Não aqui. - agora ele aponta pro meu peito. - Não passam de ilusões, na maioria das vezes infundadas. É só não racionalizar de mais. - ele sorri.
       Paro um pouco pra pensar no ponto de vista dele. Ele era diferente de qualquer pessoa com quem eu já havia conversado, parecia que ele já tinha uma opinião formada sobre qualquer assunto. Eu gostava disso.
- Sua visão da vida é muito bonita. - falo sorrindo. Ele sorri e me olha firmemente, com um sorriso de lado.
- Se você acha a visão que eu tenho da vida bonita, - ele fala baixo, só pra mim ouvir. - Deveria ver a visão que estou tendo de você agora.
       Minha cabeça estava girando, calma aí, cadê as câmeras? Igor tinha dito que me achava bonita, ou eu fiquei louca? Ele não me dá chance alguma de falar alguma coisa, se levanta e estende a mão pra mim.
- Vamos?
- Cl... Claro. - falo, ainda confusa.
       Ao sair do jardim, olhei pra trás uma última vez. Aquele era realmente uma belo lugar pra passar uma tarde, ou uma noite, ou uma semana... Eu sabia, no fundo eu sabia, que eu iria voltar ali.
       Ele me deixou em casa, fomos em silêncio. Quando chegamos na porta, percebo que ele está com uma mão atrás das costas, e quando ele estende ela pra mim, me mostra uma rosa vermelha linda. Pego a rosa surpresa e falo.
- Você existe de verdade mesmo? - brinco.
       Ele ri, se aproxima de mim e põe a boca perto do meu ouvido, sinto arrepios por todo o meu corpo e tenho que me apoiar na parede para encontrar equilíbrio, ele percebe e dá outra risada gostosa perto do meu ouvido, em seguida um beijo na bochecha.
- Tchau. - ele fala com uma voz que me deixou desconcertada.
- Tchau. - eu falo, ou pelo menos tento falar.
       Ele vai pra casa dele sem olhar pra trás, enquanto eu tento voltar pra realidade.
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Como eu queria falar pra vocês tudo que vai acontecer ainda...Vocês não tem ideia de como é ruim tá aqui, eu quero postar tudo de uma vez, mas ao mesmo tempo sei que não dá... kkk
A única coisa que posso dizer é que as surpresas não acabam aqui.
Spoiler: Uma festa vem aí.
O que será que esses loucos vão aprontar heim??
Não esqueçam da estrelinha. ;)

Leitores fantasmas? sim, você mesmo, que lê, gosta e não se manifesta! Comeeentem. <3
*Próximo capítulo na segunda.* :)
Bem, espero sinceramente que tenham gostado,
Um beijo,
Bianca B.

Um conto quase de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora