Senti uma mão que me acariciava a face. Um pleno silêncio dominava o espaço. Forcei-me a abrir os olhos que a todo o custo queriam permanecer fechados. Tentei uma segunda vez abrir os olhos, mas a luz obrigou-me a fechá-los. Ouvi uma voz familiar dizer:
-Ela está a acordar.
Tentei dizer "Eric" mas a voz não queria sair. Tentei mais uma vez abrir os olhos e, por fim, lá consegui.
Vi Eric sentado ao meu lado. Era ele que me acariciava a face. Vi Andrew mesmo ao lado de Eric e as guardiãs do outro lado. Aos meus pés, encontravam-se de pé Jason e Saphira, lado a lado.
-Vai haver uma festa e ninguém me convidou?- disse eu.
-Pregaste-nos um susto.- disse Eric.
Eu olhei em volta, para o quarto, e reparei que já não estava no castelo de Rubi- estava no castelo de Eric e Saphira.
-Estamos de volta? - disse eu.- E a Rubi?
-Não te preocupes, tu avisaste-nos a tempo.- disse Saphira.- És uma verdadeira heroína.
-O que lhe aconteceu?- perguntei.- À Rubi.
-Bem, digamos que não voltará a usar os seus poderes tão cedo.- disse Zio.
-Não a matamos mas retiramo-lhe o poder. Ela voltou para aqui e agora é uma aldeã como todas as outras. Vai ter de aprender a viver de poderes.- disse Esmeralda.
-Quem tudo quer, tudo perde.- disse eu.
Levantei-me da cama, ainda que tivesse de ouvir Eric resmungar que eu deveria ficar deitada, e reparei que as minhas roupas estavam diferentes: eram as roupas que eu usava no dia em que Ethan morrera.
-Elas apareceram do nada.- disse Jason.
Senti uma grande algazarra na rua. Olhei para Eric que sorriu e abriu a varanda. Fui até lá e vi o povo todo a aplaudir-me enquanto gritavam:
-Heaven, Heaven.
Não pude conter as lágrimas quando percebi que aquilo não era para Saphira, era para mim.
-Tu és uma heroína. - sussurou-me Eric ao ouvido.
De repente, comecei a brilhar. O meu corpo deitava uma luz azul.
-O que se passa?- disse Andrew.
Eu sabia o que era.
-Esta na hora de eu me ir...- disse eu.
Andrew correu até mim, abraçou-me e disse:
-Eu não quero que tu vás.
As lágrimas escorreram pela cara de Andrew e eu não contive as minhas. Ajoelhei-me em frente de e disse:
-Tenho de ir.- dei-lhe um beijo na testa e disse.- Eu sei que não és meu filho de sangue, mas serás sempre meu filho.
-E tu serás sempre a minha mãe.- disse Andrew abraçando-me.
Levantei-me, quando Andrew me soltou e abracei as guardiãs.
-Cuida-te.- disse-me Esmeralda.
-Tu também.- disse eu.
-Não nos esqueças.- disse Zio.
-Nunca.- disse eu.
De seguida, Jason aproximou-se de mim e disse:
-Sabes aquela discussão que tivemos? Peço desculpa.
-Qual discussão?- disse eu sorrindo.
Jason sorriu e abraçou-me.
De seguida, Saphira abraçou-me e disse:
-Obrigado por cuidares da minha família.
-De nada.- disse eu.- Agora cuida bem deles.
-Sempre.- disse Saphira.
De seguida, virei-me para Eric e disse:
-Cuida bem da tua esposa e do teu filho.
-Darei o meu melhor.- disse Eric.
-Eu sei.- disse eu.
De seguida, a chorar, corri até Eric e dei-lhe um abraço forte. Ele correspondeu ao abraço e sussurou-me ao ouvido:
-Isto não é uma adeus.
-Jamais. Isto é um até já.- disse eu.- Promete que não me esqueces.
-Não conseguiria esquecer-te nem que tentasse.
Terminei a minha despedida de Eric dando-lhe um beijo na face. Os meus lábios ficaram com o sabor a sal das lágrimas de Eric. De seguida, a luz iluminou toda a habitação e eu soube que iria para casa.
***
-Como morreram os seus pais?- ouvi perguntar.- Menina Graham?
Ouvi a campainha tocar. Foi quando cai em mim. Estava de novo na sala a ser interrogada pelo meu professor. Teria voltado ao dia em que tudo mudou?
-Muito bem, continuamos para a semana. Menina Graham, o seu interrogatório ainda não acabou, para a semana continuamos.- ouvi dizer.
Levantei-me do banco e dirigi-me a casa. Estive para não passar no beco mas, precisava de saber se era aquele dia. Dirigi-me ao beco, atalho que tinha tomado naquele dia, e, com o coração aos pulos, caminhei. Foi quando senti passos atrás de mim e um cheiro a flores e mel. O mesmo cheiro do encapuçado. Respirei fundo e virei-me batendo contra alguém e deixando cair os meus livros. Sem olhar para ele, disse:
-Desculpe.
Baixei-me para apanhar os livros e ele fez o mesmo.
-Peço desculpa. A culpa foi minha.- disse ele apanhando o meu último livro do chão e erguendo-se de seguida.- Faculdade de Medicina? Eu também lá ando. Talvez nos vejamos por lá...Heaven.
Eu reconheci aquela voz no momento em que ouvi "Heaven". Olhei para o rosto do rapaz e confirmei as minhas suspeitas: Era Eric...ou pelo menos, alguém igual a ele.
-Sou o Nathan, já agora.- disse o rapaz dando-me o livro e seguindo caminho.- Vemo-nos por aí, Heaven.
Eu não pude conter a felicidade de ter ali Eric. Quando o rapaz virou as costas, dei pulos e saltos de alegria intercalados com gritos silenciosos e ideias para o conquistar.
Despertei dos meus devaneios quando vi uma voz chamar-me. Ao fundo da rua, uma sombra apareceu. Quando percebi de quem se tratava, deixei cair tudo o que segurava e corri até ele dando-lhe um abraço.
-Ethan!- gritei eu.
-O que se passa? Parece que não me vez à um século.- disse Ethan confuso mas retribuindo-me o abraço.
-À sete séculos para ser mais precisa.- disse eu.
-O quê!?- disse Ethan ainda mais confuso.
-Nada.- disse eu não contendo as lágrimas de alegria.
-Estás bem?- disse Ethan.
-Melhor que nunca.- disse eu.
Agora eu tinha uma nova oportunidade para reconstruir a minha vida. Iria ter a certeza de que iria ser como eu queria. Ethan já estava comigo, agora faltava o segundo passo: conquistar Nathan.
---FIM---

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Saphira
FantasyHeaven Graham era uma rapariga normal, 20 anos, finalista na universidade de Medicina. Numa noite, de regresso a casa após um longo dia de universidade, Heaven apercebe-se que um homem a persegue. O medo de Heaven cresce ainda mais quando o homem l...