Cap. 3: Luto

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As sirenes feriam os tímpanos a quem ali estava e as luzes vermelhas e azuis iluminavam o local.

A porta, tal como no sonho, encontrava-se aberta. Aproximei-me, devagar, com medo do que podia ver. Quando finalmente vi o cenário que se encontrava no interior da casa não consegui controlar-me. As lágrimas escorreram-me pelo rosto e o grito de desespero saiu-me da garganta. Steve impediu-me de correr até à única pessoa que eu tenho...tinha. Ali estava Ethan. O sangue cobria o chão outrora branco.

-Não..- gritava eu enquanto me tentava soltar dos braços fortes que me agarravam.

-Não olhes para aquilo...- disse Steve.

-"Aquilo" é o meu irmão..."Aquilo" era a única coisa que tinha...- disse eu enquanto as lágrimas me escorriam pelo rosto.

-Lamento.

-Não!!! Ele não está morto...Não pode estar...- disse eu soltando-me e correndo até ao corpo inanimado do meu irmão.-Ethan..Ethan...- gritava eu deitada sobre o corpo dele.

Uns braços forte agarraram-me e afastaram-me.

-Não, Steve. Deixa-me...- gritava eu enquanto me afastava.

***

Aqui estava eu, na esquadra. Local onde outrora o meu irmão costumava trabalhar e onde agora estava a ser analisado.

Ali estava eu, sentada numa cadeira no local que o meu irmão costumava admirar.

Steve aproximou-se de mim e disse:

-Devias ir para casa. O corpo ainda vai demorar a ser libertado.

-Para que casa? A minha casa era onde o meu irmão estava...ele era o meu porto seguro...Agora aquela casa é apenas quatro paredes erguidas sob um teto...Eu perdi tudo o que tinha...- disse eu olhando para o chão e chorando.

-Lamento...

-Eu devia protegê-lo...Eu devia...

-Não podias fazer nada. Eu não devia falar disto mas... Ainda não sabemos a causa da morte. Não à sinais de feridas fatais e o sangue, apesar de ser muito, não era o suficiente para o matar. Os órgãos estão intactos e não detectámos qualquer doença.

-Mas está morto... E não à nada que o possa fazer voltar...

-Lamento...

-Eu também...

-Steve, houve um assalto na 23rd Road. Precisamos que vás.- ouvimos um polícia gritar do fundo do corredor.

-Lamento, tenho que ir.- disse Steve abraçando-me.- Não desanimes.

-Vou tentar.- disse eu.

***

Duas horas...duas horas e 33 minutos já tinham passado e nem uma notícia sobre o meu irmão. E eu ainda ali estava, sentada no corredor, com a esperança de que aquilo não passasse de um sonho...Com a esperança de que eu acordasse e ele ainda ali estivesse para me proteger.

Senti uma mão tocar-me no ombro. Levantei a cabeça do chão e vi Frederick, um dos companheiros de patrulha do Ethan.

-As minhas condolências.- disse ele.

SaphiraOnde histórias criam vida. Descubra agora