Cap. 26: Sentimentos à flor da pele

150 17 2
                                    

-Nós vamos trazê-lo de volta.- disse Eric.

Eu levantei-me do chão, coloquei-me em frente de Nora e gritei:

-Muito bem, tenho muito respeito pelas promessas mas no que toca ao meu filho eu faço tudo. Por isso, ou me dá o Amuleto de Saphira ou sou eu quem o vai buscar.

-Ele não é seu filho. Não nasceu de si.- disse Nora.

-Ele é sim. É verdade que não nasceu de mim mas mãe não é somente quem dá à luz uma criança... É quem da amor a essa criança, quem daria tudo por ela. Eu sou mãe de Andrew...- disse eu.

-Era só o que eu precisava de ouvir.- disse Nora retirando do bolso uma borboleta feita em uma pedra preciosa azul.- Você realmente merece isto. É tal e qual a Saphira: determinada, lutadora e boa mãe.

Nora caminhou até mim, pegou na minha mão e disse:

-Isto pertence-lhe, princesa.

De seguida, colocou o Amuleto ao meu pescoço e fez uma vénia.

-Vá recuperar a liberdade que nos foi tirada. Nós confiamos em si. Todos temos medo de sair à rua por causa de Rubi. Todos tememos o que ela poderá fazer. Mas todos acreditamos na senhora. Por favor, dê-nos o que nos foi tirado. Devolva-nos a liberdade.- disse Nora.

-Assim o farei.- disse eu.- Prometo. Guardiãs, vamos acabar com o reinado da Rubi.

-Sim.- responderam Zio e Esmeralda.

-Muito bem. Eric, Jason e os homens regressam ao Castelo. Nós vamos derrotar a Rubi.

-Sim.- assentiram as guardiãs.

-Nem penses.- disseram Jason e Eric ao mesmo tempo.

-Nós vamos contigo.- disse Eric.

-É que nem penses que te abandonamos.- disse Jason.

-Eles têm razão Senhora.- disse o comandante do exército.

-Já disse que vocês regressam ao castelo.- disse eu.

-Saphira...- disse Jason.

-É uma ordem!- gritei eu.

-Sabe que mais? O Andrew também é meu filho... E eu sou o príncipe, eu não tenho de obedecer às tuas ordens...Eu vou.- disse Eric.

-Eu nem sequer faço parte do teu reino! Não tenho de te obedecer. Eu vou!- disse Jason.

-Com todo o respeito, essa é uma ordem que temo ter de desobedecer.- disse o capitão do exército.

-Nós vamos.- gritaram todos os meus homens.

-Não vamos permitir que as raparigas se magoem.- disse Jason.

Sei que devia ficar fula por me estarem a desobedecer mas até fiquei feliz. Quem desobedecesse a ordens era castigado e aqueles homens tinham arriscado um castigo severo para me proteger. Significava que gostavam mesmo de mim.

-Do que estamos à espera?- disse eu fazendo todos os homens sorrir.

Ao final do dia
-Já está a escurecer, é melhor pararmos.- disse Eric.

Eu assenti e gritei:

-Ficamos aqui hoje. Amanhã continuamos.

-Ele vai ficar bem.- disse Eric ao se aperceber da minha preocupação.

-Eu sei.- disse eu forçando um sorriso.

Era noite e estavam todos a dormir: todos excepto eu.

Levantei me e fiquei a olhar para as estrelas.

-Problemas de sono?- disse Eric sentado-se a meu lado.

-Ainda de pé? Pensava que eu era a única acordada.- disse eu.

-Estou de vigia.- disse Eric.- E qual é a tua desculpa para ainda estares de pé?

-O que achas?- disse eu olhando para o chão. Eric manteve-se calado.- Não tens medo que aconteça alguma coisa a Andrew?

-Claro que tenho, ele é meu filho.- disse Eric.

-Então como podes estar tão descansado?- disse eu.

-Não estou. Tento fingir que estou bem para não mostrar o que verdadeiramente mente sinto. Por dentro estou aterrorizado. Só não posso deixar que vejam isso...- disse Eric.

-Porquê? O que tem de mal? Todos temos medo.- disse eu.

-Sim...mas se eu mostrasse medo a tensão dos homens ia aumentar...seria pior...A confusão instalaria-se.- disse Eric.- Ninguém disse que ser líder era fácil.

-Eu que o diga.- disse eu.

Ficamos ali sentados, em silêncio, por um bocado. Pude sentir o olhar de Eric em mim fixamente. Finalmente, o silêncio foi quebrado:

-Heaven, posso fazer uma coisa?- disse Eric.

-Tu chamaste-me Heaven?- disse eu.

-Sim. Queria ter a certeza de que faria isto com a pessoa certa.- disse Eric.

-Isto o quê?- disse eu.

-Estava a ver que não perguntavas.

Logo após dizer isto, Eric colocou as mãos à volta da minha cintura e puxou-me, apertando-me contra ele e beijando-me. Tinha mil e uma razões para me afastar, mas em vez disso, coloquei a minha mão na cara dele e correspondi ao beijo. Após ter perdido tanta coisa na minha vida, era bom saber que ainda não tinha perdido o Eric.

SaphiraOnde histórias criam vida. Descubra agora