Já estou aqui parada à 20 minutos, nunca mais chega ninguém. E, como sempre, fui esquecer-me do casaco, agora estou cheia de frio. Isto está deserto, o único barulho é o dos bichos e a única luz é a da lua.
Acho que estou a ver umas luzes. Umas luzes de carro e estão a aproximar-se. Mas que carros, um R8, como vi parado à porta do restaurante, como há gente capaz de trazer um carro destes para aqui. Acabei de receber uma mensagem.
Flávia: Deve estar a chegar aí um R8, é para te ir buscar. Nós chegamos já atrás
Até que enfim, alguém me vem buscar, e é de R8. Antigamente iam salvar donzelas - embora, eu esteja longe disso - de cavalo branco, agora vêem de R8 preto. Estou tão contente por sair daqui.
- Não te assustes. Sou o Cristiano e, vim buscar-te. As tuas amigas devem estar a chegar. - ao dizer estas palavras Ele sai do carro
Ele já tem nome e veio-me buscar, sem me aperceber já estou a correr para os braços dele. Ai Jesus, o que me deu!
- Obrigada - sussurrei e inalei o seu cheiro.
Ele é mesmo alto, mesmo com sapatos de salto fico com a cara junto ao seu peito. E este cheiro, só o senti uma vez numa noite de trovoada. Este cheiro associo-o à segurança e só o senti nessa noite, a partir daí nunca mais.
- Só por um abraço destes já valeu ter interrompido o jantar. Está tudo bem?
- Joana, estás aqui. - ouvia Flávia e quebrei o inesperado abraço, para me deparar com a minha amiga a correr para me dar um abraço de urso - Estás bem?
- Estou. Trouxes-te-me o casaco? E como consegues correr nesses sapatos? - perguntei enquanto vi Eunice e Diana a aproximarem-se com o braço dado aos amigos de Cristiano
- Não sabia que corria nestes sapatos. E com a confusão esqueci-me do teu casaco. - respondeu-me Flávia, enquanto recebia dois abraços de urso de Eunice e Diana.
Arqueei uma sobrancelha a Eunice e a Diana, na esperança que me dissessem porque vinham de braço dado aos outros dois.
- Nós não conseguimos andar sozinhas e, muito menos correr num sítio destes com estes sapatos. - responde Diana
- Eu vim com o Bruno e ela com o William. Estás com cara de morta. - disse Eunice, enquanto eu cumprimentava o Bruno e o William
- Experimenta estar mais de 30 minutos sem casaco e com um vestido destes. - respondi e comecei a sentir alguém a por-me um casaco nas costas, olhei para trás e tinha sido Cristiano - Obrigada
A minhas três amigas podiam ser mais discretas, mas não. Boca aberta e com os olhos a piscar. Podia ser pior!
-Não tens que agradecer.
- Ok. Vamos todos até à discoteca beber um pouco. Eu pago. - digo e depois olho para as minhas amigas - Eles já vos disseram onde estavam?
- Sim. Estão numa discoteca em Cascais. Disseram que fica perto da estrada e com vista para o mar. Parece que a reconhecemos bem, tem 3 pisos e um terraço incrível a toda a volta. - disse Diana
- Juntam-se a nós? - pergunta Flávia e eles ficam a olhar uns para os outros
-Juntem-se devo-lhes uma bebida, no mínimo.
- Está bem. A Maria e a Sofia costumam ir lá, não é? - pergunta Cristiano aos amigos. Será que uma delas é namorada dele, digam-me que não.
- Sim, elas já tinham dito para nós dois irmos lá ter, mas tu ires a uma discoteca é novidade. - disse William. Afinal não é namorada dele.
- Cala-te e vamos.
- Nós três vamos com eles. - disse Eunice
- Elas assustam-se com ele. Boa sorte, mas acho que não precisas - disse Flávia baixinho e a sorrir e começa a dirigir-se ao Jipe Audi
- Oh meninas, digam-me que não se esqueceram de pagar o jantar. - lembrei-me já elas estavam perto do carro
- Não dizemos - diz Eunice
- Mas é verdade. - completa Diana e sorriu
Eu juro que se elas não me tivessem acabado de encontrar eu dava cabo das três. O que vão pensar. Tenho que passar lá e rápido. Penso enquanto entro no baixo R8. Agora Joana, abusa da sorte.
- Não te importas de passar no restaurante para pagar o jantar?
- Considera o jantar oferta da casa.
- Não posso considerar oferta da casa, sem o dono o sequer o ter dito. - respondo e ele sorri. E que sorriso, acho que dá para derreter o pólo norte
- O jantar é oferta da casa. Diz o dono.
- Tu és o dono?
- Sou. Tenho mais três restaurantes em Lisboa e mais dois no Porto
- Uau. Isso dá para isto tudo. - falei, indicando o carro
- Os restaurantes é só um extra, assim como os spas. Os meus principais negócios são as telecomunicações, imobiliário e informática. Depois faço fusões com outras empresas que estão em risco mas que apresentam elevado potencial, o que me permite ter o dedo em um pouco de tudo.
- A sério? A empresa onde trabalho faz peças para computadores, telemóveis, tablets e assim. - digo, ele olha para mim com aquele sorriso que me começa a mexer com os nervos
- Acho que já chegamos.
- Vamos ter com eles. - diz e sem que me apercebesse já tinha contornado o carro, aberto a minha porta e estendido a mão para mim.
- Obrigada. - digo dando-lhe a mão
- Vamos combinar uma coisa. Paras de me agradecer. - diz pondo a mão no fundo das minhas costas
- Ok, vamos estão à nossa espera. Queres o casaco?
- Esquece. Fica melhor em ti.
Isto deu-me vontade de rir. Como é que o casaco fica melhor em mim do que nele com aquele corpo.
- E essa tua aventura? - pergunta-me Márcio, assim que chegámos perto deles
- Esquece. Estavam mesmo a seguir-me. - respondo
- Acreditamos em ti. Mas vamos para dentro que ouvi dizer que ias pagar uma rodada a todos. - disse Pedro
- Vou arranjar uma mesa. - diz Cristiano e, eu fui com ele e ainda com a sua mão no fundo das minhas costas. Que calor!
Não sei como, mas de imediato, fomos atendidos e levados para o que me pareceu ser a melhor mesa de toda a discoteca. Será que isto também é dele? Olhei para ele e não via nada além da coragem e atitude sexy que emanava dele e era sentida em tudo o que o rodeava, por isso, todos os olhares femininos e alguns masculinos estavam neles conforme íamos andando.
- Não me digas que a discoteca é tua?
- Eu não digo. - responde e sorri
- Mas é verdade. - respondeu William ao meu lado.
Este gajo é podre de rico. Não sei se foi por constatar isso, mas dei um grande golo na champanhe que já nos fora servida. É boa, tira-me o frio que já só sentia na barriga.
- Joana anda dançar. - diz Maria, a esposa de William
- Porque não.
Não as conheço bem, mas gosto delas. Por isso, fui atrás delas e das minhas amigas para a pista de dança
Danço só nas aulas, mas hoje estou a precisar. Talvez seja por ter estado tanto tempo a cuidar dos interesses dos trabalhadores, ou por me terem seguido. Mas hoje era mesmo isto que precisava.
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O Orfanato
RomanceJoana conheceu Cristiano no lar numa noite em que estava assustada com a trovoada, nessa noite beijaram-se e adormeceram juntos. Na manhã seguinte, Joana já não o encontrou ao seu lado, porém não esqueceu o cheiro de Cristiano que sempre a faz senti...