Joana 3

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Já estou aqui parada à 20 minutos, nunca mais chega ninguém. E, como sempre, fui esquecer-me do casaco, agora estou cheia de frio. Isto está deserto, o único barulho é o dos bichos e a única luz é a da lua.

Acho que estou a ver umas luzes. Umas luzes de carro e estão a aproximar-se. Mas que carros, um R8, como vi parado à porta do restaurante, como há gente capaz de trazer um carro destes para aqui. Acabei de receber uma mensagem.

Flávia: Deve estar a chegar aí um R8, é para te ir buscar. Nós chegamos já atrás 

Até que enfim, alguém me vem buscar, e é de R8. Antigamente iam salvar donzelas - embora, eu esteja longe disso - de cavalo branco, agora vêem de R8 preto. Estou tão contente por sair daqui.

- Não te assustes. Sou o Cristiano e, vim buscar-te. As tuas amigas devem estar a chegar. - ao dizer estas palavras Ele sai do carro

Ele já tem nome e veio-me buscar, sem me aperceber já estou a correr para os braços dele. Ai Jesus, o que me deu!

- Obrigada - sussurrei e inalei o seu cheiro. 

Ele é mesmo alto, mesmo com sapatos de salto fico com a cara junto ao seu peito. E este cheiro, só o senti uma vez numa noite de trovoada. Este  cheiro associo-o à segurança e só o senti nessa noite, a partir daí nunca mais.

- Só por um abraço destes já valeu ter interrompido o jantar. Está tudo bem?

- Joana, estás aqui. - ouvia Flávia e quebrei o inesperado abraço, para me deparar com a minha amiga a correr para me dar um abraço de urso - Estás bem?

- Estou. Trouxes-te-me o casaco? E como consegues correr nesses sapatos? - perguntei enquanto vi Eunice e Diana a aproximarem-se com o braço dado aos amigos de Cristiano

- Não sabia que corria nestes sapatos. E com a confusão esqueci-me do teu casaco. - respondeu-me Flávia, enquanto recebia dois abraços de urso de Eunice e Diana.

Arqueei uma sobrancelha a Eunice e a Diana, na esperança que me dissessem porque vinham de braço dado aos outros dois.

- Nós não conseguimos andar sozinhas e, muito menos correr num sítio destes com estes sapatos. - responde Diana

- Eu vim com o Bruno e ela com o William. Estás com cara de morta. - disse Eunice, enquanto eu cumprimentava o Bruno e o William

- Experimenta estar mais de 30 minutos sem casaco e com um vestido destes. - respondi e comecei a sentir alguém a por-me um casaco nas costas, olhei para trás e tinha sido Cristiano - Obrigada

A minhas três amigas podiam ser mais discretas, mas não. Boca aberta e com os olhos a piscar. Podia ser pior!

-Não tens que agradecer.

- Ok. Vamos todos até à discoteca beber um pouco. Eu pago. - digo e depois olho para as minhas amigas - Eles já vos disseram onde estavam?

- Sim. Estão numa discoteca em Cascais. Disseram que fica perto da estrada e com vista para o mar. Parece que a reconhecemos bem, tem 3 pisos e um terraço incrível a toda a volta. - disse Diana

- Juntam-se  a nós? - pergunta Flávia e eles ficam a olhar uns para os outros

-Juntem-se devo-lhes uma bebida, no mínimo.

- Está bem. A Maria e a Sofia costumam ir lá, não é? - pergunta Cristiano aos amigos. Será que uma delas é namorada dele, digam-me que não.

- Sim, elas já tinham dito para nós dois irmos lá ter, mas tu ires a uma discoteca é novidade. - disse William. Afinal não é namorada dele.

- Cala-te e vamos.

- Nós três vamos com eles. - disse Eunice

- Elas assustam-se com ele. Boa sorte, mas acho que não precisas - disse Flávia baixinho e a sorrir e começa a dirigir-se ao Jipe Audi 

 - Oh meninas, digam-me que não se esqueceram de pagar o jantar. - lembrei-me já elas estavam perto do carro

- Não dizemos - diz Eunice

- Mas é verdade. - completa Diana e sorriu

Eu juro que se elas não me tivessem acabado de encontrar eu dava cabo das três. O que vão pensar. Tenho que passar lá e rápido. Penso enquanto entro no baixo R8. Agora Joana, abusa da sorte.

- Não te importas de passar no restaurante para pagar o jantar?

- Considera o jantar oferta da casa.

- Não posso considerar oferta da casa, sem o dono o sequer o ter dito. - respondo e ele sorri. E que sorriso, acho que dá para derreter o pólo norte

- O jantar é oferta da casa. Diz o dono.

- Tu és o dono?

- Sou. Tenho mais três restaurantes em Lisboa e mais dois no Porto

- Uau. Isso dá para isto tudo. - falei, indicando o carro

- Os restaurantes é só um extra, assim como os spas. Os meus principais negócios são as telecomunicações, imobiliário e informática. Depois faço fusões com outras empresas que estão em risco mas que apresentam elevado potencial, o que me permite ter o dedo em um pouco de tudo.

- A sério? A empresa onde trabalho faz peças para computadores, telemóveis, tablets e assim. - digo, ele olha para mim com aquele sorriso que me começa a mexer com os nervos

- Acho que já chegamos.

- Vamos ter com eles. - diz e sem que me apercebesse já tinha contornado o carro, aberto a minha porta e estendido a mão para mim.

- Obrigada. - digo dando-lhe a mão

- Vamos combinar uma coisa. Paras de me agradecer. - diz pondo a mão no fundo das minhas costas

- Ok, vamos estão à nossa espera. Queres o casaco?

- Esquece. Fica melhor em ti.

Isto deu-me vontade de rir. Como é que o casaco fica melhor em mim do que nele com aquele corpo.

- E essa tua aventura? - pergunta-me Márcio, assim que chegámos perto deles

- Esquece. Estavam mesmo a seguir-me. - respondo

- Acreditamos em ti. Mas vamos para dentro que ouvi dizer que ias pagar uma rodada a todos. - disse Pedro

- Vou arranjar uma mesa. - diz Cristiano e, eu fui com ele e ainda com a sua mão no fundo das minhas costas. Que calor!

Não sei como, mas de imediato, fomos atendidos e levados para o que me pareceu ser a melhor mesa de toda a discoteca. Será que isto também é dele? Olhei para ele e não via nada além da coragem e atitude sexy que emanava dele e era sentida em tudo o que o rodeava, por isso, todos os olhares femininos e alguns masculinos estavam neles conforme íamos andando.

- Não me digas que a discoteca é tua?

- Eu não digo. - responde e sorri

- Mas é verdade. - respondeu William ao meu lado.

Este gajo é podre de rico. Não sei se foi por constatar isso, mas dei um grande golo na champanhe que já nos fora servida. É boa, tira-me o frio que já só sentia na barriga.

- Joana anda dançar. - diz Maria, a esposa de William

- Porque não.

Não as conheço bem, mas gosto delas. Por isso, fui atrás delas e das minhas amigas para a pista de dança

Danço só nas aulas, mas hoje estou a precisar. Talvez seja por ter estado tanto tempo a cuidar dos interesses dos trabalhadores, ou por me terem seguido. Mas hoje era mesmo isto que precisava.




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