Untitled Part 19

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Falar naquela viagem dos meus pais não me fez bem, ainda custa muito falar sobre isso, os pesadelos continuam e o medo à trovoada ainda pior. Sempre que falo algo relacionado sobre esse dia, fecho-me no meu mundo e uso a minha armadura, é o meu melhor modo de defesa.

Contudo, Cristiano quer que eu desfaça parte da minha armadura pondo o seu dedo ligado ao meu, mas não o quero fazer. Recordar-me desse dia deixa-me de rastos, transformo-me noutra pessoa que ninguém quer conhecer e, muito menos as pessoas querem estar por perto. À Flávia, já lhe contei tudo, foi no dia em que acabei com Henrique, mas à Eunice e à Diana não.

Fazemos o resto da viagem em silêncio, até que chegamos à fábrica e, Cristiano leva o carro para o lugar da direção onde Rolando acaba de estacionar o seu Mercedes. Cristiano olha para mim e sorri.

- Vamos começar o show. – diz, abrindo o vidro – Sr. Oliveira, está a ocupar o lugar que me pertence.

- O quê? – pergunta Rolando vindo ter à janela, pegando Cristiano outra vez a minha mão

- Que eu saiba, desde quarta-feira que esta empresa é minha. Então o lugar da direção é meu.

-Mas... - ia falar Rolando, mas eu aperto a mão de Cristiano, dando sinal que o deixe comigo

- Não é mas nem meio mas, o meu namorado, ou melhor para si, o Sr. Aveiro comprou esta empresa e, a partir desse momento este lugar é dele. Se não tira o carro já, não vai gostar de o ver com marcas de saltos e muito menos a ser rebocado. – digo mantendo o tom de voz, mas o meu olhar está severo

- Já ouviu a minha namorada a falar, não me faça ter que repetir. – completa Cristiano.

Rolando vai tirar o carro e fica a murmurar umas coisas, mas nem dou atenção ao que é. A minha mente parou no ponto que Cristiano disse "A minha namorada", fica tão lindo saído da sua boca que me faz sorrir. Será que algum dia chegaremos a esse ponto?

- Ponto para ti. Entraste a matar. – digo

- Até parece que fui o único. Não fui eu que ameacei de rebocar o carro. – diz a rir e, eu junto-me a ele – Vamos namorada.

- Cristiano.

- Foste tu que disseste que era teu namorado, não me podes culpar. Mas está bem. Não estamos nos nossos escritórios. – diz e eu levanto uma sobrancelha. O que ele quer dizer com isto? Aproximasse de mim e beija-me devagar e doce e eu retribuo, Cristiano pega nas minhas mãos em cada uma das suas e entrelaça os nossos dedos. Estamos ligados, não o posso negar – Vamos

Eu acenei que sim com a cabeça, Cristiano sai do carro e, abre-me a porta. Saímos e vamos os dois juntos ter com os funcionários. Cristiano não conhece bem o local por isso, eu guio-o, embora que quem o vir ao longe não o diga, pois Cristiano vai ao meu lado com a mão no fundo das minhas costas. Esse local no meu corpo quer pegar fogo.

Enfim, estamos no corredor dos escritórios. Onde no final, deste corredor, tem uma escada que nos leva um local que nos permite observar toda a fábrica e, a fábrica nos ver e ouvir perfeitamente. O local é género uma varanda dentro da fábrica, bastante útil. Ao chegarmos às escadas deparamo-nos com Rolando, Ricardo e Pilar.

- Bom dia. – cumprimentam em uníssono

- Bom dia. – respondo mais por rotina de o fazer do que por vontade.

O que me surpreende é Cristiano não dizer nada. Apenas vejo o seu olhar ameaçador sobre os três. O que se passa.

- Ponto nº 1, Ricardo para de comer a minha namorada com os olhos já, ou então, vais ter problemas muito sérios. Nº2, o que fazem aqui? O comunicado foi bem explicito todo o pessoal tem que estar no térreo para ouvir o que tenho a dizer.

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