Joana 27

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Acordo bem cedo, com o calor de Cristiano à volta do meu corpo. É a segunda vez que consigo dormir com trovoada e as duas vezes foram com ele. Ontem não me perguntou nada apenas me abraçou deixou-me chorar e dizia que tudo ia ficar bem, mas sei que não é assim. Ele não imagina como foram a morte dos meus pais e muito menos o que aconteceu passado quatro anos de ele ter ido do lar, ninguém o imagina, só a Flávia o sabe.

Depois de ficar muito tempo a ver o sono tranquilo de Cristiano, levanto-me para preparar o pequeno-almoço para os três.

Como será que Cristiano irá reagir quando souber tudo?

Se quero ficar com ele e, definitivamente quero, tenho que contar-lhe tudo o que aconteceu. Sei que não vai reagir bem, é provável que não me queira ver mais por nojo de mim, mas se isso acontecer, não o posso culpar, eu própria tive nojo de mim.

- Madrugas-te. - diz Flávia, vindo para o meu lado

- Não consegui dormir mais. Por isso, vim fazer o nosso bolo para o pequeno-almoço.

- Fizeste bem, acordei com o cheiro . Como passaste a noite?

- Até o Cristiano chegar foi o que sempre acontece em noites como a de ontem. Depois dele chegar, depois chorei no peito dele e adormecemos. Agora ele ainda está a dormir.

- Já lhe contas-te tudo?

- Não contei nada. Imagina como ele vai reagir quando souber de tudo, por certo não me vai querer mais. Vai ter nojo de mim.

- Cala-te, não tiveste culpa de nada do que aconteceu. Vais ter que contar.

- Eu sei, vou contar-lhe tudo. É que eu... eu..

- Tu ama-lo. Vejo-o nos teus olhos, na tua cara e nas atitudes. E sabes, ele ama-te. Atravessou uma tempestade para estar contigo.

- Bom dia, meninas. - diz Cristiano, entrando na cozinha apenas com as calças. Depois vem ter comigo, dando-me um longo e doce beijo - Bom dia, baby. Que cheirinho é este?

- Bom dia. Ela esteve a fazer um bolo. - diz Flávia, olhando-o de cima abaixo, mas não a posso culpar

- Sabes cozinhar?  - pergunta-me Cristiano

- Não sei fazer nada na cozinha, apenas uns bolos. Flávia para com isso, não te ponhas a olhar assim para ele.

- Está bem. Vê o bolo.

- Já vou tirá-lo. - digo e Cristiano, senta-se na bancada ao lado da Flávia

Pego em dois panos e, ao colocar o bolo no prato queimo-me.

- Ai! Isto está quente. - digo, largando a forma na banca da louça e, passo os dedos por água fria. Dou por mim, quando Cristiano me pega na mão e me sopra sobre os dedos queimados e me dá um pequeno beijo sobre eles

- Já vai ficar bom. - diz num tom doce

- Vocês são tão fofinhos, mas é melhor arrumarem um quarto para os dois. - comenta Flávia, arrancando-nos deste nosso pequeno espaço

- Quem te disse que precisamos de um quarto?

- Cala-te. Joana traz o bolo para a mesa para comermos.

Nunca pensei ver um ambiente tão normal com pessoas que tanto gosto. O meu milionário namorado e a minha louca amiga. Foi um pequeno-almoço divertido, mas não consigo imaginar de ser de forma diferente e tão boa.

Depois seguimos juntos para o trabalho, no Audi R8 de Cristiano, aí ele contou-me que saiu de casa à pressa sem avisar o segurança. Continua sem me perguntar o que se passou para o meu medo pela trovoada e, ainda bem, vou contar-lhe tudo mas tem que me dar tempo.

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