Joana 15

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Há quem chame isto de casa. Eu chamo de castelo do século XXI, a casa é em pedra em estilo moderno e com janelas do chão ao teto em todas as divisões do andar térreo. Desde que entramos nos portões percorremos uma calçada relativamente longa e larga – em que passa um carro ao lado do outro perfeitamente – com árvores altas e vários holofotes a iluminar o solo da calçada. Agora em frente a este castelo, nem sei se consigo imaginar o que há lá dentro. Apenas aceito a mão que Cristiano me estende e acompanho-o até à entrada.

- É assim que conquistas todas as mulheres? – pergunto, enquanto ele abre a porta, parando e olhando para mim como se não entendesse o que estou a dizer – Vá lá, tu entendestes, conquistas as mulheres, primeiro levando-as a dar uma volta de R8 e depois trazê-las para o castelo do século XXI.

- O meu R8 e a minha casa são sagrados. Foste a primeira mulher que andou no meu R8 e ... – para abrindo a porta e puxando-me para dentro – ... se não contares a minha empregada foste a primeira mulher a entrar na minha casa.

Para tudo! Acho que não entendi muito bem.

Este Homem que está aqui à minha frente nunca trouxe aqui uma namorada, nunca a deixou andar no carro. Até agora só a mim.

Já sei!

Tonta Joana, a casa é bem recente e o carro também deve ser, por isso ainda não veio ninguém aqui.

- Também tens o carro e a casa à pouco tempo, dá para ver.

- A casa tenho desde que tomei conta da empresa do meu pai com 21 anos, por isso tem uns 8 anos e o carro tenho-o há 1 ano.

- Nunca trouxeste aqui nenhuma namorada?

- Não costumo ter relações sérias com ninguém e muito menos aparecer em público. Muitos jornais e revistas especulavam que era gay.

- Especulavam?

- Sim, na quarta-feira passada parece que arranjei uma namorada. Fui almoçar com ela e partilhámos a sobremesa. – diz e eu sorrio. Para onde ele que ir com tudo isto? – Agora tu, a minha casa é o castelo do século XXI?

- Já viste tudo isto. A casa é enorme e lá fora também me parece. – respondo.

Agora ele que não me pergunte nada do que há dentro da casa, é que não consigo prestar atenção ao que há lá dentro. Apenas o olho, e que visão.

Ele volta a pegar na minha mão e leva-me para algum sítio. É a cozinha. Deixa-me à beira da bancada em estilo americano e toda em inox e dirige-se ao frigorífico. Acho que devia pegar no telemóvel e fazer um vídeo da forma como ele anda e um grande plano do seu rabo. Do frigorífico tira uma garrafa de champanhe e vai buscar dois flutes, depois dirige-se a mim com aquele sorriso que faz derreter o gelo.

- Anda comigo. – diz, pegando-me na mão e levando-me em direção às escadas. No topo das escadas para o segundo piso, andamos pelo corredor e entramos na porta do fundo. Uau

Não sei se é uau pelo sorriso que ele tem no rosto ou se pelo quarto estupidamente grande. O quarto é do tamanho do apartamento onde vivo e ele até é grande. A sério, porque é que uma pessoa precisa de um quarto tão grande?

- Gostas? – pergunta e, eu acho que estou de boca aberta e que deixei de consegui dizer algo, mas o que isso importa se ele está a olhar para mim com aquele olhar e aquele sorriso – Acho que precisas de relaxar. – ele entra numa porta, deve ser a casa-de-banho, ouço água a correr e depois começo a ouvir música. Cristiano vem ter comigo e para a minha frente – Estás bem?

O OrfanatoOnde histórias criam vida. Descubra agora