O Orfanato

Cristiano 4

Quem diria que ia acabar a minha noite aqui, rodeado pelos meus amigos e pelos dela e a vê-la dançar. As suas curvas a encantar todos à sua volta e sempre a sorrir. Não há melhor imagem no mundo.

- Não achas Cristiano? - perguntou-me Miguel, interrompendo a conversa que me rodeava e eu não ouvia

- O que eu acho de quê?

- Andas muito distraído com as vistas. - disse-me Bruno que só eu consegui ouvir

- Não achas que trouxemos as miúdas mais giras que estão aqui? - perguntou-me Pedro

A sério que me perguntou isto. Eu nem sei a cor do vestido das outras, apenas olho para a pequena, as suas curvas e o seu sorriso.

Sorriso que agora passou a cara zangada com um tipo que está a apalpar Sofia.

- O que se assa ali? - pergunto, mas já não espero pela resposta, já vou ter com elas.

Ela está a discutir com o tipo, o que lhe deu para isto?

- Bebé, também chego para ti. Não te preocupes. - disse o estúpido, mas vou matá-lo. 

Não sei como mas as minhas pernas ganharam vontade própria e já estou a ir para lá.

- Para e observa. Ela não precisa que a defendas. - diz Flávia, esticando o braço à minha frente, impedindo-me de continuar

Ao olhar para lá, a Joana está em cima do tipo. Ele já está com o lábio a sangrar e, agora ela dá-lhe um soco no olho. Acho que vai fazer hematoma.

- Antes de te meteres com alguém, lembra-te disto. Se te volto a ver fazer isto a alguém vais precisar de bem mais que gelo.

Uau, não me posso esquecer de não me passar com ela. Embora, pudesse retribuir-lhe na mesma moeda, era incapaz de a magoar.

- Já tinha ido ver uma aula dela antes da Flávia ter entrado nas aulas de muay tai, mas ela melhorou. Querida já fazes como ela? - falou Márcio, enquanto Joana não tirava os olhos - praticamente pretos, por causa da raiva - do tipo

- Ela é a melhor no ginásio, a seguir ao treinador. Antes de eu chegar, eles treinam juntos. Ela depois treina comigo para ninguém me aleijar. - respondeu Flávia

Com que então, ela treina artes marciais. Quem diria? E, agora estão a chegar quatro seguranças e, ficam boquiabertos pelo tipo com bastante cabedal ter apanhada de uma miúda. Até eu ficava, senão tivesse visto. 

Como é ordem, eles estão a querer levar as pessoas que causara os conflitos, mas não a podem levar de mim. Não depois de a ter reencontrado. Sou o dono desta porcaria, deve servir para algo.

- Levem-no. Ela está comigo e fica comigo. - digo com a voz fria com que faço negócios

- Si... Sim Senhor. Peço desculpa. - responde um dos seguranças

- Menos desculpas e levem-no. Entreguem gelo e, a partir de hoje nunca mais entra aqui.

- Sim senhor.

Assim que os seguranças começam a levá-lo, Joana troca duas palavras com Sofia, passa pelo meio da multidão em direcção à nossa mesa. E, eu não consigo mexer-me, apenas a ver, enquanto todos à minha volta recomeçam a dançar.

Quando começo a andar, ela já está a pousar o copo de champanhe e ir em direcção ao terraço. A sério que se esqueceu que há pouco mais de uma hora estava com frio. Dai-me paciência que vou atrás dela.

E à entrada, já a estou a ver a olhar para o mar. Parece tão calma à distância, mas algo me diz que está tudo menos calma.

- Estás bem? - pergunto assim que me aproximo

- Estou. Não precisavas de ter impedido que eu fosse expulsa. Merecia-o, sei que não posso usar as técnicas na rua, mas ele estava a apalpar a Sofia e, ela estava cheia de medo. Desculpa a situação.

- Não precisas de pedir desculpa Foi um cenário bateres num tipo com aquele cabedal.

- O meu treinador é maior que ele. - disse ela a rir - Vou embora que estou cansada. Depois pede o casaco na recepção.

 - Levo-te a casa. - digo na esperança de passar mais tempo com ela

- Não precisas eu apanho um táxi. Até à próxima. - despediu-se com dois beijos na cara e foi-se embora. Enquanto eu fico especado a olhar para ela.

Ela já foi embora, já não faço nada aqui. Em outras ocasiões subiria ao restrito terceiro piso e descarregava o stress da semana, mas agora que a reencontrei não me satisfaço com nada que não seja ela.