Joana 35

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Depois de uma semana sem trabalhar, regressar à empresa foi mais fácil do que pensei, talvez fosse por a minha relação com Cristiano tivesse saído mais fortalecida, não sei. Só sei, que foi bom regressar ao trabalho. Não ouvi os comentários que pensei que ia ouvir por parte dos nossos colegas e amigos, talvez Cristiano os avisasse.

Hoje é sexta-feira, o dia do meu aniversário. Odeio o meu aniversário! São 5h da manhã e estou a acabar de me arranjar para sair, para mais um dia. Vesti umas calças justas, uma camisola cai-cai, uma casaca  e  sapatos, tudo em preto. Acho que é a cor que melhor se adequa ao meu estado de espirito.

Saio de casa sem comer, porque na verdade não tenho fome. Cristiano, a Flávia e os colegas de trabalho convidaram-me para almoçar mas menti a dizer que ia almoçar com a Flávia aos colegas de trabalho e, à Flávia disse que ia almoçar com os colegas de trabalho. Neste dia não tenho paciência para estar com ninguém.

Pego no meu velho Fiat e, faço o percurso que fiz naquele maldito dia, aproveitando a hora porque não há quase ninguém na rua. Passo primeiro à beira rio e, sigo para o Parque das Nações. No Parque das Nações passeio um pouco a pé, lembrando das risadas tão puras e verdadeiras que não posso esquecer por mais anos que viva. Ao faltarem 30 minutos para as 8horas vou para o jardim zoológico.

No jardim zoológico, desconfio que os tratadores dos leões já me conheçam. Desde dos 15 anos que todos os anos, neste dia, venho aqui ver os leões. Devem pensar que sou louca, mas eles não imaginam a calma que os leões me transmitem. São animais com uma presença forte e donos de si, parece que nada os atinge, tamanha a força que emana deles. Se pudesse tinha um lá em casa!

Saio a faltar 30 minutos para entrar no trabalho. Tempo mais que suficiente para chegar, conheço uns atalhos e em pouco mais de 10 minutos estou lá sem apanhar confusão. Ao entrar no escritório, ainda está tudo vazio, até Catarina chegou atrasada. E, ainda bem não quero falar com ninguém. Hoje só quero estar comigo. Enterro a cabeça no trabalho, até que batem à porta.

- Entre. - digo

- Joana, Parabéns! - diz Catarina, toda eufórica a dar-me dois beijos, depois acalma - Cheguei atrasada, o senhor Aveiro já chegou?

- Obrigada. - respondo com um sorriso, mais por etiqueta que outra coisa - Se chegou não veio aqui, por isso acho que não. - ao acabar tornam a bater à porta - Entre.

- Parabéns! - dizem em uníssono, Paulo, William e Bruno, vindo darem-me uma mega abraço

- Obrigada.

- Agora mantenham a distância de seguranças que o Cristiano deve estar a chegar e não quero ser capado. - diz Bruno e todos começam a rir

- Como costumas passar o dia? - pergunta William.

O que lhes digo? Que odeio o dia do meu aniversário e que não gosto de estar com ninguém neste dia. Talvez isso os fosse assustar. Tenho que pensar..

- Anjo! - diz Cristiano ao entrar, com aquele sorriso lindo e um lindo ramo de rosas vermelhas. O meu anjo! - Feliz aniversário! - vem ter comigo, põe as flores em cima da mesa, abraça-me e dá-me um beijo que quase me faz molhar as cuecas

- Acho melhor sairmos. - diz Paulo

- Saí que agora o tempo é para mim. - diz Cristiano e todos saem a tentar disfarçar o riso. Ao ficarmos só os dois, Cristiano olha-me de cima a baixo e franze a testa - Toda de preto?

- Gosto de me ver com esta cor. - a sério Cris, que foste reparar nisso - Não gostas?

- Gosto de ti de qualquer jeito, mas não costumas andar totalmente de preto, só estranhei. Isso não importa, já sei o que vamos fazer logo.

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