Criminal || larry

19.

Harry sentia-se ligeiramente abafado ou então a sufocar, só por estar a vestir um smoking num dia que ele considerava estar demasiado quente. Mesmo que fosse já o fim da tarde e daqui a umas horas o sol fosse desaparecer do céu, dando dessa forma lugar à noite. Quase podia sentir o suor que em breve começaria a escorrer pelas suas costas, porém ele nem queria sequer pensar nessa simples possibilidade. Ele parou em frente ao enorme espelho do seu quarto, revirando os olhos ao ouvir os constantes chamamentos da mãe, que não parava de dizer que estavam atrasados e para ele se despachar. O rapaz bufou para o ar, olhando uma última vez para a sua figura em frente do espelho e sorriu ao ver o seu aspeto. Passou os dedos pelos seus cabelos e colocou depois um pouco do seu perfume, acabando no instante seguinte por abandonar aquela divisão.

Ele desceu as escadas que o levariam ao andar inferior e passou pela mãe, que estava junto à porta, com esta aberta à espera que Harry saísse para o exterior da casa. Ela envergava um simples vestido em tons de azul que contrastava de forma perfeita com a cor dos seus olhos. Harry deu por si a sorrir um pouco, dirigindo-se depois para o carro, onde o pai já estava à espera de forma impaciente, tal como a mãe.

Assim que o carro parou em frente aos enormes portões daquela mansão, Harry prendeu o seu olhar nos altos muros que rodeavam aquela casa. Isto até ao momento em que os portões se abriram, revelando um enorme jardim, assim como um acesso em paralelo que os levaria em direcção à casa, que devido ao tamanho de tudo aquilo parecia ficar bastante distante do local onde eles ainda se encontravam. Algumas pessoas caminhavam pelos jardins, procurando sombras debaixo das árvores que lá havia, numa tentaria de se manterem escondidas do sol, mesmo que este estivesse quase a pôr-se no horizonte. Algumas crianças corriam de um lado para o outro, rindo-se às gargalhadas enquanto as mães tentavam apanhá-las e fazê-las parar com aquelas brincadeiras, caso contrário iriam estragar as roupas novas que muitas delas teriam comprado para aquela ocasião em especial.

Harry deixou de prestar atenção nas pessoas quando o carro parou de andar e ele pôde por fim sair para o seu exterior. Ali fora, sem o vidro do carro a meter-se no meio, todos os sons tinham sido amplificados. Tanto das pessoas que ali estavam como os sons provenientes dos pássaros que se apoderavam do jardim.

Um baixo suspiro saiu por entre os seus lábios quando começou a seguir os pais, que entretanto já estavam a falar com todas as pessoas que lhes apareciam à frente, algumas delas o rapaz de olhos verdes já conhecia de outas festas, porém havia outras que ele nunca antes tinha visto. Como sempre acontecia quando vinham a estas festas, pareciam que estavam sempre a aparecer novas pessoas.

Ele seguiu ligeiramente atrás dos pais para o interior daquela habitação. Por momentos desejou que a irmã ainda estivesse a viver com eles, pois assim ele não teria de ser o único na obrigação de frequentar aquelas festas, festas que ele preferia trocar por outras de outro tipo, como estar num bar qualquer na companhia dos seus amigos. Mas bem, não lhe servia de nada pensar naquilo e além disso tinha todas as outras noites para aproveitar dessa forma ao invés desta.

Eles percorreram um longo corredor depois de entrarem na casa, as paredes estavam repletas de várias molduras, todas preenchidas por fotografias que a família teria tirado nas mais variadas situações. A maior parte em festas ou em férias, mostrando ao fundo paisagens de outras países. O seu olhar permanecia focado nelas enquanto ele seguia pelo corredor. Ali estava mais silencioso, porém esse silêncio chegou ao fim assim que entraram num enorme salão repleto de pessoas.

Aquele salão era enorme e se Harry já achava a sua casa grande demais, esta parecia ter o triplo da dele. Com divisões mais amplas e grandiosas. Mobília bastante sofisticada era visível naquela divisão, com sofás enormes, em pele e em tons neutros. Assim como todos os objetos naquela divisão o eram, apesar de ligeiramente extravagantes as suas cores eram bastante neutras. As paredes em tons de dourado faziam um ligeiro contraste com a enorme carpete vermelho sangue que estava no centro daquele salão. Se aquela divisão era assim, o rapaz nem conseguia pensar como seria o resto daquela casa.