Harry deu por si a aperceber-se de que era a primeira vez que via Louis à luz do dia, e não meio escondido pela escuridão que sempre existia nos becos. Também o tinha visto na noite anterior, com as luzes acesas enquanto tratava da sua cara mas ainda assim era de noite, ao contrário de agora.
Várias coisas estavam agora espalhadas em cima da mesa que existia na cozinha de Louis, tantas coisas que Harry nem sequer sabia o que comer. Ele continuava a achar que o melhor era ir embora para casa, mas Louis não parava de falar, dizendo-lhe que podia comer tudo o que quisesse e que podia ficar à vontade.
- Vives sozinho? – perguntou Harry, quando estavam sentados, cada um na sua cadeira e já a comer.
- Sim. – Louis respondeu-lhe, metendo depois na sua boca um bocado do croissant que estava a comer.
- Ah, como tinhas dito aquilo da tua mãe. Do quarto, quero eu dizer, por momentos até pensei que vivias com ela. – o outro disse, deixando que os seus olhos se manterem sobre o rosto de Louis.
- Não. Ela às vezes vem cá dormir, mas muito raramente. – ele encolheu os seus ombros e continuou depois a comer de forma descontraída.
- E o teu pai? – Harry perguntou mas no instante seguinte àquelas palavras saírem da sua boca, ele logo se arrependeu de as ter dito. Ele percebeu a mudança na postura de Louis, percebeu quando a descontracção abandonou o seu corpo, ele parou de comer e o seu maxilar ficou cerrado.
- Não quero falar sobre isso. – ele levantou o seu olhar até Harry e este pôde até ver uma mudança na cor dos olhos do outro. Pareciam mais escuros agora.
- Sim, está bem... desculpa. – Harry murmurou engolindo em seco e sentindo-se ficar meio sem jeito. Tinha sempre de estragar tudo ao dizer as coisas erradas. Mas será que não sabia ficar calado em vez de se tentar meter na vida dos outros?
Louis tentou pensar rapidamente em algo que pudesse dizer para que aquele assunto ficasse de vez esquecido. Não queria falar daquilo e só a menção à palavra pai o deixava logo sem reacção e com o estômago a andar às voltas. Ele pousou o croissant que estava a comer sobre a mesa e depois, como não queria comer mais nada, concentrou-se apenas em Harry.
- E tu? Com quem vives? – ele perguntou, porque naquele momento foi a única coisa que se tinha lembrado de perguntar e além disso ele sabia que serviria perfeitamente para esquecer a parte menos boa daquela conversa.
- Com os meus pais. – o rapaz de olhos verdes respondeu.
- E não tens irmãos ou assim? – Louis perguntou, mais interessado na conversa do que era normal nele.
- Tenho uma irmã, mas ela já não vive connosco. – Harry respondeu e levou à boca o último bocado do bolo que estava a comer. Era bom, muito melhor do que ele estava à espera e para ser sincero ele até achava estranho Louis ter em casa todas aquelas coisas para comer.
Se tivesse tentado adivinhar ele nunca iria supor uma coisa daqueles, isto porque o rapaz que estava à sua frente parecia ser alguém que apenas queria saber dos seus negócios. Mais precisamente do negócio das drogas e na cabeça de Harry, Louis estava sempre enfiado num beco qualquer ou num outro sítio a vender drogas ou a fazer coisas relacionadas com isso. Talvez fosse a mãe de Louis quem lhe trazia a casa todas aquelas coisas boas, por se preocupar demasiado com o filho. Será que ela sabia que ele andava metido naqueles negócios? Talvez sim. E porque é que Louis tinha ficado daquela forma quando ele lhe falou no pai? Harry tinha grandes pontos de interrogação em frente a várias perguntas que lhe iam surgindo, porém ele tinha a certeza que nunca iria conseguir obter respostas para todas elas.

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Criminal || larry
Hayran KurguLouis sempre lidou com o Mundo corrompido em que vive, a violência, a corrupção, a manipulação, a desigualdade, a falsidade, sempre estiveram presentes na sua vida. Contudo, ele desde muito cedo foi habituado a lutar contra tudo isto, crescendo e lu...