Criminal || larry

22.

Os dois dias seguintes foram passados com toda a normalidade, exceto pelo fato de que Zayn estava ainda chateado com Harry. Mas agora na cabeça deste aquilo começava a ser algo normal, visto que ultimamente estavam mais vezes chateados do que bem um com o outro. Talvez Zayn tivesse mesmo razão nas coisas que tinha dito sobre Louis, apesar de Harry não querer que fossem verdade. O rapaz de olhos castanhos era o seu melhor amigo e isso nunca iria mudar.

O rapaz de olhos verdes guardou o telemóvel no bolso das suas calças escuras e depois saiu do quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Tinha falado com Louis nessa tarde, através de mensagens, onde tinham combinado encontrar-se num dos becos naquela noite. Louis ia vender alguma droga nesta noite e desta vez Harry iria lá estar com ele, não para comprar, como de todas as outras vezes, mas sim para vender também. Ou melhor, ver como o negócio funcionava do lado que ele nunca tinha visto. O lado das pessoas que vendiam ao invés das que compravam.

A noite já tinha caído e a casa mergulhava num completo silêncio, os pais já estavam a dormir há algum tempo, completamente alheios ao que Harry andava a fazer e onde ele se andava a meter. Se soubessem o mais certo era proibirem-no de sair de casa, porém o rapaz pretendia ter bastante cuidado nas suas próximas saídas noturnas. Aqueles pensamentos todos levavam-no sempre a pensar na irmã. Ele sentia falta dela, mesmo muita falta e estava contente por saber que em breve ela estaria de férias e viria fazer-lhes uma curta visita a Chicago. Já não se viam desde a altura em que ela tinha decidido sair de casa - para desgosto dos pais - e Harry estava mesmo desejoso que ela viesse.

O rapaz saiu para a rua, onde o seu carro estava estacionado e depois de entrar no mesmo, começou a conduzir para a zona dos becos, que ficava ainda bastante afastada da zona onde ele vivia. Eram dois lugares completamente distintos. Deste lado – onde Harry vivia - tudo era seguro, familiar, normal, certo. E do outro lado tudo era perigo, problemas, confusão, errado. Harry tentava evitar pensar nestas coisas mas muitas vezes não conseguia evitar fazê-lo.

Ele sabia que não devia estar a meter-se naquilo, o mais certo era acabar por arranjar problemas mas ele não conseguia manter-se afastado, era como se houvesse um fio invisível que o levava e puxava sempre na direcção do rapas de olhos azuis. Mesmo que na sua cabeça ele soubesse que devia manter-se afastado, o seu corpo fazia sempre questão de deixar-se ser puxado por esse fio que ele não via mas que sabia que existia.

Assim que saiu do carro, Harry encolheu-se de forma involuntária, por mais vezes que ali viesse nunca conseguia deixar de se sentir ligeiramente arrepiado, aquela escuridão toda parecia envolvê-lo, deixando-o às escuras e uma presa fácil para quem por ali andava. E Harry sabia que eram muitas pessoas, e nenhuma delas era como Louis, que estaria disposto a ajudá-lo caso ele ficasse em perigo. A maior parte das pessoas que ali estavam apenas queriam saber de si próprias, não se importando minimamente com os outros, em especial as que eram como Harry, alvos fáceis, demasiado fáceis.

O rapaz foi avançando pelo pavimento, tentando fazer o menor barulho possível para dessa forma passar despercebido até às sombras que pareciam mais assustadores do que eram na realidade.
O som de uma voz chegou por fim aos seus ouvidos e ao invés de ficar assustado, o rapaz ficou aliviado quando a reconheceu como sendo a de Louis. O rapaz parecia estar a falar ao telemóvel visto que a sua voz era a única que Harry conseguia ouvir. Ele continuou a andar, até o outro rapaz entrar por fim no seu campo de visão. Ele estava diferente da noite em que Harry o tinha visto na festa. O seu cabelo agora estava mais bagunçado, com pontas espetadas para todos os lados, limitara-se a vestir roupas simples, e ao invés de um smoking, envergava uma simples camisola azul escura assim como umas calças justas e pretas. Porém não deixava de ser bonito, era impossível não o ser. E Harry nem sabia porque estava a apreciar a sua beleza, quando antes nunca o tinha feito muito.