16.

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Louis deixou-se levar pela escuridão que estava apenas presente na sua mente. Uma escuridão que se infiltrava através da sua pele e o preenchia por completo, que o sufocava em muitas das vezes. Uma escuridão que o impedia de ver tudo aquilo que existia à sua volta, deixando-o preso no negro da sua vida. Na parte mais obscura da sua vida, por assim dizer. Ele odiava aquilo, odiava sentir-se preso daquela forma sabendo que não existia um interruptor que ele poderia acender e dar dessa forma alguma luz à sua existência. Infelizmente, as coisas não eram tão simples quanto isso. A vida era sempre muito mais complexa do que parecia à primeira vista. Mais árdua, mais difícil, mais estúpida.

Ele despertou de forma repentina daquele estado quando ouviu o toque da campainha e apesar de ter estado preso no seu pequeno mundo, alheio a tudo o que o rodeava, ele sabia quem estava a tocar à campainha naquele momento.

No dia anterior, quando recebeu a chamada do rapaz de cabelos cacheados, ele ficou bastante surpreso. Harry tinha ficado imensos dias sem dizer nada, sem aparecer sequer nos becos e portanto, Louis tinha até ficado a pensar que Harry não lhe ia dizer mais nada. Pensou que ele iria desaparecer da vida de Louis de forma tão repentina como aquela em que tinha aparecido.

Ainda se lembrava da primeira vez que tinha visto Harry nos becos, o medo presente nos olhos do outro, medo esse que por mais que ele tentasse esconder se tornava bastante difícil. Percebia agora que já se tinha passado imenso tempo desde esse dia e percebia o quanto agora Harry agia de forma diferente quadro estava com ele. Aquele medo outrora presente nos seus olhos verdes tinha sido substituído por outra coisa qualquer, que Louis não conseguia ainda identificar.

Umas horas depois daquela chamada, Louis tinha ligado de volta para o outro e acabaram por combinar uma hora para Harry vir a casa de Louis, já que o outro insistia que preferia que falassem cara a cara ao invés de por trás de um telemóvel. Coisa com a qual Louis concordava perfeitamente.

Louis percorreu de forma calma o espaço que o separava da porta de entrada e assim que ficou em frente da mesma ele abriu-a, deixando que um sorriso de simpatia fosse visível por entre os seus lábios.

- Olá. - foi Harry quem falou, deixando também que um sorriso aparecesse nos seus lábios. Ele não entendia ainda o porque de estar ali, por vezes parecia que havia alguém a fazê-lo tomar certas decisões, alguém que se movia por ele, alguém que falava e pensava por ele. Alguém que tomava decisões que ele próprio nunca se veria a tomar.

- Olá Harry, podes entrar. - Louis afastou-se ligeiramente para o lado, vendo depois Harry a passar junto a si quanto entrou, uma vez mais, no interior do seu apartamento.

Harry mordeu de forma leve o interior da sua bochecha e depois de entrar na sala de estar, voltou-se na direção do rapaz de olhos azuis, que tinha vindo atrás de si até ali.

- Sim Louis, a minha resposta é sim. - ele disse, deixando que as palavras saíssem da sua boca de forma mais apressada do que o normal. Mas ele precisava de dizer aquilo de uma vez por todas, precisava de pôr em palavras aquilo que tinha preenchido a sua mente durante todos aqueles dias. No fundo, aquela resposta tinha sido a que ele sempre tinha querido dar, porém sentia um certo receio que nem sequer ele conseguia entender.

- Estás a falar a sério? Tens a certeza? - Louis questionou, não conseguindo evitar que os seus olhos se arregalassem em surpresa. Apesar de uma parte de si achar que seria aquela a resposta, havia outra parte que lhe dizia que a resposta seria um não. E bem, ele sentia-se contente por a parte que lhe dizia que seria um sim, ter ganho aquela pequena batalha que se havia instalado no interior da sua cabeça.

- Sim, eu tenho a certeza. - Harry disse focando os seus olhos nos do outro rapaz. - Só gostava ainda de entender o porquê.

Ele não precisava de dizer ao que se estava a referir ao dizer aquilo, visto que Louis logo percebeu.
- Esquece isso. - o rapaz de olhos azuis limitou-se a dizer, esperando que isso fosse o suficiente para Harry não insistir em algo que nem ele sabia. - Vamos sair, com os outros. Precisamos de festejar? - ele encolheu um pouco os seus ombros, mudando por completo o assunto e esperando depois alguma resposta por parte do rapaz que estava à sua frente.

Criminal || larryWhere stories live. Discover now