Criminal || larry

31.

- Harry? Harry por favor... - Louis abanou ligeiramente o corpo do amigo, sentia-se já a ficar em desespero por não haver nenhuma reacção por parte de Harry.

Ele tinha recebido uma mensagem toda estranha e bastou ler aquilo para perceber logo que alguma coisa não estava bem. Não sabia onde Harry estava, portanto ainda perdeu uns bons minutos até o conseguir encontrar. Tinha percorrido becos, ruas e mais ruas, e parecia que tinha acabado por o encontrar no último lugar onde tinha procurado. Todos os minutos que tinha perdido tinham bastado para o encontrar naquele péssimo estado.

Harry encontrava-se numa rua bastante mal iluminada e sem qualquer pessoa por perto. O seu corpo estava todo encolhido no meio do chão, completamente molhado pela chuva que caía sem parar. As partes visíveis do seu corpo, em especial o seu rosto, estavam em péssimo estado. Cheio de sangue e de arranhões que cobriam a sua pele. Os seus olhos fechados eram o que mais assustava Louis, ele queria ver novamente o verde daquele olhar, como se isso bastasse para ele ter a certeza de que tudo iria ficar bem.

Ao fim de algum tempo é que ele conseguiu pegar no corpo do outro e levá-lo, com bastante dificuldade, até ao seu carro que estava mesmo ali ao lado deles. Ele colocou Harry no lugar do pendura, prendendo o seu corpo com o cinto de segurança e depois de contornar o automóvel e entrar no mesmo, Louis conduziu o mais rápido que podia para o seu apartamento, não se importando sequer com as infracções que estaria a cometer naquele momento.

Louis empurrou a porta com alguma força, fazendo esta bater com algum estrondo mas nem sequer se importou com isso. Estava em casa, finalmente, e de forma lenta levou Harry até ao seu quarto. Deitou o corpo dele sobre a cama, e suspirou de alívio quando sentiu este a mexer-se ligeiramente, anunciando assim que Harry estava finalmente a acordar.

- L-Louis... - ele murmurou num tom de voz tão baixo que por momento Louis pensou ter imaginado aquela voz. Mas ele sabia que Harry tinha mesmo falado, os seus olhos estavam agora a mexer-se e ele voltou a suspirar quando aquele verde encontrou os seus olhos.

- Está tudo bem, Harry. – ele aproximou-se mais da cama, ajoelhando-se no chão e ficando assim mais próximo do outro rapaz.

- Eu...

- Shh, eu estou aqui, está tudo bem. Não penses em nada. – ele pediu num tom de voz calmo e baixo.

Harry deixou que um suspiro saísse por entre os seus lábios. Toda a dor que tinha parado no exato momento em que ele tinha perdido os sentidos, tinha agora voltado com toda a força. Doía-lhe todo o corpo, de tal forma que ele achava que não se conseguiria mexer um centímetro que fosse.

Imagens do que tinha acontecido vieram-lhe ao pensamento e ele teve de fazer um esforço enorme para não começar a chorar em frente a Louis. Porque era o que ele mais queria. Queria chorar pelo que tinha acontecido, chorar de raiva, de ódio. Chorar para descarregar tudo aquilo.

- Precisas de um banho, estás todo molhado. – as palavras de Louis despertaram-no dos seus pensamentos e olhando para o rapaz de olhos azuis ele percebeu que este estava a falar mais para si próprio do que para ele, como se estivesse a tentar fazer uma lista das coisas que tinha de fazer.

Harry nem sequer protestou quando Louis começou a ajudá-lo a sair da cama, e da sua boca apenas se ouviam alguns gemidos de dor. Cada movimento que o seu corpo fazia era uma nova pontada de dor que ele sentia. Os seus pés arrastavam-se pelo chão e ele sabia que só conseguia manter-se de pé devido a Louis que não o largava um segundo que fosse. Apesar de a casa de banho ser logo ali, pareceu-lhe que tinham demorado horas a lá chegar. E aquilo só o deixava ainda mais cansado do que ele já se sentia. Só queria deitar-se, fechar os olhos e dormir durante dias.