Criminal || larry

33.

Já estava a começar a escurecer quando Louis chegou à rua. Nem sequer tinha dado pelo passar das horas durante aquela tarde, mas era sempre assim quando estava na companhia de Harry. Harry. Que agora preenchia todos os seus pensamentos, devido ao que tinha acabado de acontecer. Sem se aperceber, Louis levou os dedos aos seus lábios, deslizando-os pelos mesmos de forma calma. Parecia que ainda conseguia sentir a boca de Harry contra a sua e o vazio que tinha sentido depois de se afastar de forma rápida.

Ele abanou a cabeça, tentando afastar todos aqueles pensamentos que o deixavam todo confuso e rapidamente entrou dentro do seu carro. Apesar de já estar a ficar escuro, ainda era relativamente cedo e portanto o rapaz acabou por ficar algum tempo às voltas pela cidade, apenas a conduzir enquanto tentava reprimir todos os pensamentos que teimavam em surgir a todo o momento. Todos pensamentos que o faziam recordar-se dos lábios de Harry contra os seus.

Ao fim de cerca de uma hora o rapaz acabou por estacionar o seu carro em frente a um bar que ele já tinha frequentado algumas vezes. Saiu do automóvel e ignorando todas as pessoas e o barulho que se fazia ouvir no exterior daquele estabelecimento, ele entrou no mesmo. Conseguiu ouvir algumas pessoas a chamar por si, porém ignorou todas elas fingindo que nem sequer as estava a ouvir. Não estava com paciência para aquelas coisas e na sua cabeça apenas uma coisa o iria fazer esquecer do que tinha acontecido com Harry. Ele precisava esquecer aquilo.

Ele caminhou até à zona onde bastantes pessoas estavam a dançar, completamente envolvidas pela música e alheias a tudo o resto que as rodeava. Foi por isso que aquela rapariga olhou de forma estranha para Louis quando sentiu este puxar o seu braço e fazê-la voltar-se na sua direção. Porém a sua expressão confusa rapidamente foi substituída por um largo sorriso quando os seus olhos castanhos encontraram os dele. Era sempre assim. Todas caíam e se rendiam a um rosto bonito.

Ela abriu a boca preparando-se para dizer algo a Louis, contudo não teve oportunidade de o fazer, já que no instante seguinte os lábios dele se encaixaram nos dela. Louis puxou aquela rapariga contra si e beijou-a. Beijou-a de forma desesperada enquanto tentava mentalizar-se de que aquilo é que era o certo a fazer. Beijar uma rapariga e não beijar Harry. Porém rapidamente se apercebeu de que aqueles não eram os lábios certos, não eram os lábios que ele queria. Não eram macios como os de Harry, não lhe davam vontade de prolongar mais o beijo, não o faziam sentir as coisas que ele tinha sentido ao beijar o rapaz de olhos verdes. Aqueles lábios não o faziam esquecer o beijo com Harry, apenas o faziam querer voltar a beijar Harry para sentir novamente todas aquelas sensações, que não estava a sentir naquele momento.

Ele empurrou a rapariga para trás segundos depois do início do beijo, fazendo com que ela o olhasse de forma reprovadora, quando embateu contra o corpo de uma outra pessoa. O rapaz abanou a cabeça e rapidamente se afastou dela, não deixando que ela dissesse nada, só queria que aquela rapariga não se lembrasse mais do rosto dele nem tentasse procurá-lo.

Aquelas pessoas todas e aquele barulho todo começavam a deixá-lo irritado e com a cabeça a doer. Mas Louis não queria saber disso. Ele não podia voltar já para casa, onde Harry ainda estaria. Ele caminhou até ao balcão acabando por pedir uma bebida, mas nem essa parecia saber-lhe bem. Ele não queria álcool, porque por mais que ele tentasse mentalizar-se de que queria esquecer o que tinha acontecido, no fundo ele queria continuar a lembrar-se.

Ele focou a parede que estava à sua frente, tentando preencher a sua cabeça com os pormenores desta, a forma como os azulejos se encaixavam uns nos outros, a forma como as cores combinavam e aqueles desenhos, todos juntos pareciam adequados naquele local, formando um padrão certo. Contudo nada disto servia de nada, quando ele dava por si a pensar no encaixo dos seus lábios nos de Harry. Quando aquelas cores, que eram num tom esverdeado, o faziam recordar dos olhos do outro rapaz. Tudo o levava a pensar em Harry.