Capítulo XVII - A Cabana

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Anton não fora incomodado durante o dia. Tinha tapado muito bem a janela com a cortina, e depois dormiu se enrolando em seu cobertor negro. Isso fora o suficiente para ter um ótimo dia de sono.

Dormir em uma cama também tinha seus atrativos, e suas costas agradeceram.

Assim que acordou, colocou uma roupa que ainda não tinha usado na viagem; uma calça negra, acompanhada de um belo paletó também negro. O vampiro usava um colete escuro, com adornos leves em ouro.

Não podia negar, estava nervoso. O encontro com a vampira estava lhe causando isso; e apesar da imensa ansiedade, estava com um pouco de medo. Medo das coisas negativas, medo de nada dar certo. Dispensou o pensamento e respirou fundo.

Encontraria a vampira, e o mundo seria diferente para ele. No futuro teria seu adorado filho. Era isso que tinha na cabeça. Tinha que focar nesse tipo de pensamento. Todas as suas esperanças estavam nessas coisas.

Saiu do quarto, e cruzou o salão, que estava cheio de bêbados e putas. Não disse nada ao dono do lugar. Já tinha deixado a janela aberta, e seria fácil voltar depois. Esperava não ter que dormir novamente naquele quarto, pois segundo suas projeções, iria dormir na casa da vampira, e então na noite seguinte os dois voltariam para o castelo de Anton.

O ar estava frio, claro, e não nevava. A cidade parecia morta. Nenhuma alma era vista nas redondezas, e Anton se perguntou onde estaria o caçador.

Quem sabe ele tinha abandonado a caçada. O vampiro não acreditava nisso, e agora estava tomando cuidado para não cair em algum tipo de emboscada. A melhor opção era sair logo de Austmark.

Anton olhou em volta, e se lembrou que Ioran tinha dito que a vampira morava em uma cabana afastada. Não poderia ser difícil de encontrá-la; a cidade era muito pequena. Então, Anton começou a andar pelas patéticas ruas cobertas de neve.

Sua cabeça estava trabalhando a toda velocidade. Imaginava como poderia ser o encontro, como era a vampira, e o que ela podia falar.

Toda uma jornada para aquele momento. Anton tinha corrido risco de vida para encontrar a vampira. Na verdade ficou perto da morte. Tinha matado uma jovem e um jovem no caminho até Austmark. Seu amigo Nom tinha falecido, e Hoif estava à beira da morte por ser privado de suprimentos. O próprio Anton não estava mais se sentindo bem. Estava fraco.

Assim que virou uma esquina, viu uma cabana a cinquenta metros. Era simples, de pedra e estava coberta por neve, assim como as outras. Nenhum movimento era visto do lado de dentro, dando a impressão a Anton de que ou a vampira ainda dormia, ou não estava mais morando ali. Isso podia ser possível, pois se ela estivesse sendo caçada, não teria outra opção se não deixar sua casa.

O vampiro sentiu uma angustia terrível ao imaginar essa hipótese. Isso não podia ter acontecido. Então botou ordem na cabeça, e pensou que se ela tivesse ido embora, ele a encontraria. Faria dessa sua missão de vida. Não tinha mais nada a perder, absolutamente nada. Seu filho valia uma nova busca. O pequeno Mark valia os riscos.

Engoliu seco e foi até a cabana.

A hora tinha chegado. Depois de tanto tempo ele encontraria alguém de sua espécie. Não estava mais só.

Bateu três vezes na porta, e aguardou com o coração martelando as costelas. Anton pôs as mãos às costas, pois tinha a impressão de que pareceria mais respeitoso.

Não tinha pensado em nada para dizer. Odiava esse tipo de coisa.

Ouviu um barulho dentro da cabana, e soube que era ela.

O Inverno de AntonOnde histórias criam vida. Descubra agora