Capítulo XII - O Novo Rumo

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Era a segunda noite desde que Dennis contara sua história.

Ainda não tinham encontrado o vampiro, mas os montes de fezes eram regulares, e Thomas estava satisfeito com eles. Segundo o caçador, continuavam no rastro de Anton.

Estavam mantendo um ritmo forte na cavalgada, e Thomas apostava que dentro em pouco encontrariam o vampiro. Faltava pouco para ter sua vingança.

Os animais estavam cansados, Dennis estava cansado, e até Thomas estava cansado. O psicológico contava muito. A derrota que sofrera naquela noite no túnel ainda estava em sua cabeça, e Thomas chegou à conclusão que ela só sairia quando Anton estivesse morto; com a cabeça bem longe do corpo.

Tinha até sonhado com o momento em que batia com o machado no pescoço do vampiro. No sonho, Dennis estava ao seu lado. Todavia, Thomas tinha a impressão de que Dennis não estaria ao seu lado no momento da morte de Anton. Era apenas uma impressão.

A neve era regular, e se não fosse pelos oportunos montes de merda, não teriam a mínima noção se estariam no caminho correto.

Dennis não questionava nada, e seguia Thomas sem problemas. O humor do velho tinha melhorado, e a morte de Erling parecia agora algo distante na mente do maneta. Dennis sorria e conversava, como se Erling nem ao menos tivesse existido. O velho também não tocou mais no assunto do filho.

Thomas esperava pela chegada de Milen. Já fazia tempo que a tinha visto pela última vez. E agora não havia mais rastros. Ela seria útil se aparecesse. Thomas tinha a impressão de que ela gostava de ser irritante. Gostava de provocá-lo. Fazia as coisas de propósito, enrolava para soltar a língua, já que sabia que ele não gostava disso.

Não apreciava pensar nesse tipo de coisa, mas ás vezes se deleitava inconscientemente pensando em um dia matar Milen. Eram pensamentos esquisitos, que vinham em horas estranhas, mesmo assim Thomas achava um pouco de graça neles. Não que um dia eles fossem virar realidade, mesmo porque, esse não era o desejo do caçador. Contudo, era divertido se imaginar matando a bruxa.

Estavam acampando em uma caverna, que era bem melhor do que a céu aberto.

Dennis tinha uma aparência quase doente. Thomas não deu importância. Erling já tinha dito que o velho não morria facilmente.

- Acho melhor dormimos, Thomas – disse o velho, com uma voz rachada. Saliva voava da boca de Dennis, pelo fato de quase não ter dentes.

- Pode dormir, vou pensar mais um pouco.

Dennis deu de ombros, e se enrolou nos cobertores. O maneta tinha ficado com os de Erling.

Thomas ficou pensando em muitas coisas. Seus pensamentos partiam da maldita noite em que quase morreu pelas mãos de quem caçava. Um tanto irônico, tinha que aceitar. Estava caçando o vampiro, e quem quase acabou morto fora ele. O pior já tinha passado. Sua cabeça não doía mais, e até conseguia encarar a situação com um pouco de bom humor, mas o ódio cru ainda estava lá, latejando dentro do caçador.

Olhou para Dennis, que dormia tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Era curioso ver alguém ter atitudes parecidas com as do velho. Thomas ponderou se Dennis já não estava ficando louco. Isso era comum na idade dele. O maneta era uma boa companhia, ele era autêntico, extremamente autêntico.

A marcha parecia estar exigindo mais do que ele esperava. Realmente não pensou que a coisa seria tão complicada.

Sua cabeça não estava confusa, e sim estava cansada. Thomas sentia que essa empreitada estava lhe tirando as forças, e as do pobre Dennis também.

O Inverno de AntonOnde histórias criam vida. Descubra agora