Capítulo XIV - Um Caminho Equivocado

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Milen tinha razão. Apenas uma hora depois de iniciarem a marcha, encontraram a bifurcação na estrada.

- Ela tinha razão – disse Thomas aos ares.

Estava animado. Estava concentrado no seu dever. Sentia que não demoraria a encontrar Anton, o vampiro estava próximo, e as novas instruções de Milen lhe serviriam muito bem. Se tivesse continuado pelo caminho original, nunca o encontraria, e a jornada não teria servido de nada.

A manhã estava encoberta por uma leve camada de névoa, que se dissipava rapidamente. Não nevava, e Thomas ficou satisfeito com sua sorte. Mais cedo ou mais tarde voltariam a acompanhar as marcas deixadas pelo cavalo de Anton. Isso se não o encontrassem antes.

O caçador ansiava pelo novo encontro. Uma nova determinação queimava dentro dele, e Thomas não queria que ela sumisse. Queria todas as motivações possíveis. Queria todas as vantagens que pudesse obter. Se tivesse que ser sujo e desonroso no assassinato, seria. O que importava para Thomas era ver o vampiro morto. As circunstâncias não o incomodavam. A única exigência que tinha, era que ele próprio aniquilasse seu inimigo. Não gostaria de ter ajuda, mas se fosse necessário...

Poderia até recebê-la, porém seria apenas a nível de cerco. Ninguém poderia interferir no momento em que arrancaria a cabeça do vampiro. Essa era uma tarefa sua.

A nova estrada se parecia muito com a antiga. O chão era coberto de neve, e ela era larga, porém um pouco mais estreita que a outra. Do lado direito dos dois viajantes, havia um pequeno barranco, que levava a um agrupado de árvores sem folhas; do lado esquerdo, tinha uma grande montanha, e do outro lado dela é que continuava a antiga estrada.

Algumas horas depois de terem entrado na nova estrada, Dennis disse que estava com fome, e pararam para comer.

- Não sei se você reparou – disse o velho próximo à fogueira. – Mas não está mais nevando.

- O que você quer dizer com isso? – Thomas questionou.

Sabia que o maneta estava desconfiado da nova informação, e se o velho tinha notado algo que confirmava sua desconfiança, Thomas queria saber.

O caçador tinha que admitir, também estava com uma leve desconfiança.

- Quero dizer que não está nevando desde a hora que acordamos, e não vimos nenhuma marca do cavalo do vampiro. Acho que você foi enganado.

Dennis falou do seu costumeiro modo simples, como se as coisas não tivessem a mínima importância.

- Pode ter nevado um pouco antes de acordarmos, e isso seria o suficiente para encobrir as marcas.

De um modo que não sabia explicar, Thomas tinha passado a confiar no velho. Tinha o aceitado como companheiro, e tinha humildade para ouvi-lo; mesmo todas as decisões ainda sendo totalmente suas.

- Isso é possível, porém não acredito – disse Dennis.

O que era apenas uma pequena fagulha de dúvida, agora se tornara uma fogueira.

- A bruxa falou que veríamos os montes de estrume até a montanha, e então os montes de bosta passariam para o lado de cá da estrada. Já estamos aqui há algumas horas, e ainda não vi nenhum – Dennis mordiscou um pedaço de pão duro. – Não temos como provar nada por enquanto, mas se a frente não vermos nenhum monte deixado pelo cavalo dele, então quer dizer que a infeliz mentiu para você.

Dennis podia ter razão. Thomas pensou com azedume que havia uma chance grande dele ter razão. Os montes de merda estavam sendo o guia deles quando a neve começou a cair com mais frequência. E estavam sendo um bom guia, sempre muito regular e confiável, e até o momento, não tinham visto nenhum deles na estrada nova. Mas como o velho tinha dito, não tinham como provar nada até então. O cavalo não defecava a todo instante.

O Inverno de AntonOnde histórias criam vida. Descubra agora