Hora de ir ou não...

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Terminamos de jantar, Matt levou a louça para a pia. Já estava ficando tarde, e eu precisava ir embora antes que a senhora Megan, minha mãe, me ligasse tendo um colapso, pensando que talvez eu tivesse sido sequestrada.
Dona Cloe, como uma boa mãe e seu instinto maternal, pediu a Matt que me levasse de volta, porém Matt não tinha me liberado do castigo, por eu ter feito ele perder a Gran Premium sei lá o que.

Enquanto eu caminhava vagarosamente para a sala de estar, Matt foi ao seu quarto.
Me sentei no sofá, desbloqueei o celular, e visualizei a mensagem de Lili.
"Oh, my God! Quer dizer que saio de Ottawa e você resolve ir na casa do seu bonito??? Traidorazinha, isso não é legal!"

Típico da Lili, pirar por um simples ponto no meio de história, você entendeu né?

"Desculpa, não sabia que a casa que ia cair na frente era de Matthew"

"Okay. Está aí ainda?"

"Sim, ele recusou me levar para casa"

"Quê?"

"Depois te explico"

"Acho bom mesmo, Maggie Laurence Smith"

"Ui"

Matt chegou na sala.

— Maggie, quero te propor um desafio.

— Eu aceito, eu acho...

— Você só sairá daqui se passar a corrida a qual eu perdi.

— Como é? Jogar videogame, e ainda corrida?

— Sim. Caso contrário terá que ir a pé ou virar mascote da minha família!

— Aaah jura?

— Ahan.

— Tudo bem, eu vou a pé.

— Como assim, não vai nem arriscar?

— Não, já sei que vou perder.

Isso não era nada justo, a culpa nem foi minha de ter caído na frente da casa dele. E se ele perdeu o problema não era meu.

— Okay, a partir de hoje te considerarei uma fracote.

— Ah não, não, não!

— Hahaha!

— Tudo bem, eu arrisco.

Eu não acreditei que eu ia fazer isso mesmo, fazia uns dez meses que não jogava vídeo game, principalmente corrida, bom basicamente eu estava ferrada.
Comecei pensar em todas as minhas técnicas, e os comandos do jogo, pelo menos consegui lembrar, agora utilizá los seria o problema.
Matt já tinha terminado de arrumar as coisas, e tudo estava pronto para começar o jogo.

— Mag agora é com você, divirta se!

Olhei com aquela "cara de desnecessário", e enquanto ocorria a contagem regressiva para começar a correr, o lindo abriu um pacote de pipoca, uma latinha de coca, e colocou seus pés em cima da mesa de centro.

"Mas não é possível, isso só pode ser brincadeira, ele tá achando que eu vou ficar aqui quanto tempo?"

Ele sorriu e foi dada a largada.
Eu estava nervosa, quase arrancando os botões do lugar. Mas estava indo bem, pelo que me parecia.

O jogo tinha narrador, desnecessário, gente, bem desnecessário, parecia que ele estava programado a fazer pressão psicológica para mim.

"Estamos hoje na corrida do ano, GRAN PREMIUM WAY!
Essa corrida é para valer! O vencedor será premiado com o carro mais caro do mundo! Então queridos motoristas prestem muita atenção, essa não é fácil e você tem apenas três chances!"

Sim, o narrador do jogo explicava a corrida, e realmente são três chances, eu fiquei indignada e preocupada, se eu não conseguisse vencer aquela porcaria de corrida, ele voltaria a Gran Premium First, a primeira corrida desta seção. Nem sei se é isso, mas esta que eu tinha que passar era a última da sequência de cinco corridas.

LEGAL MATT, LEGAL! — pensei, enquanto fazia uma curva totalmente fechada.

— MERDA! Que droga, bati, já estava terminando!

— Calma Mag, ele se refaz, só não bata novamente. — Ele riu.

Continuei concentrada na corrida, eu estava quase no fim.
Minhas mãos estavam suando, se eu perdesse aquilo eu ia ter um treco ali.

"Estamos chegando ao final, queridos telespectadores e quem está em primeiro lugar é David Philips, em segundo Luke Gnowski, e é em terceiro Matt Hudson!
A disputa está acirrada, vamos lá pessoal, quem será que ganha essa?"

Eu precisava muito chegar em primeiro lugar, até por que se eu chegasse em terceiro Matt não ganharia o carro. E eu sei o quanto é difícil perder um jogo e voltar fases novamente. E também o quanto seria ruim ter que voltar a pé para minha casa.
Faltavam apenas 12 metros para a linha de chegada, passei o segundo colocado.

- AEEEEEE! TOMA! PASSEEEI!

Foi tão emocionante, que eu não pude conter a comemoração presa dentro de mim.
Matt me olhou assustado.

— Calma Mag, respira, quase que você me matou! Não pensei que você assim, tão... tão extrovertida? Mas, gostei de conhecer essa versão da menina tímida do colégio.

— Sorry. E não, não sou extrovertida. Só me empolguei um pouquinho, acontece às vezes.
Eu sorri.

Só faltava mais um, estava quase lá, quase ganhando o jogo e a liberdade.

Matt me fitava, com aqueles grandes e delineados olhos azuis.
Me sentia envergonhada e responsável pela felicidade de um garotinho de dezoito anos.

"Eita! O prêmio está em minhas mãos, vamos Mag, é agora ou nunca!" pensei.

Sem essa de era uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora