Capítulo 1

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DOIS ANOS ANTES

"Uma base militar americana foi supostamente bombardeada por membros do Estado Islâmico".

Levanto o olhar para a televisão.

"O total de mortos chega a 11. Há 15 feridos confirmados. O EI ainda não se pronunciou a respeito, mas já é previsível que tenha sido obra deles. Cerca de cinco caixotes repletos de bombas foram lançados por um avião suspeito. Recebe-se a notícia de que um avião que partia de Dubai para a França foi sequestrado. O que nos leva a criar ainda mais suspeitas... Mais informações sobre o ocorrido estarão disponíveis em breve".

Desligo a televisão. Pego meu copo com café e despejo na pia. Perdi a fome. Encosto-me ao balcão e giro meu olhar pela cozinha. Meus olhos param na porta. Mais precisamente no homem encostado a ela. Christopher.

— você ouviu? – pergunto.

— Sim – ele vem até mim – recebi uma ligação.

Seus olhos verdes me olham, suplicando. Eu já sei o que vem a seguir. Viro-me para o balcão, apertando minhas mãos nos cantos com toda a força. As mãos de Christopher rodeiam minha cintura, mas eu bato nelas e ando para longe.

— você já vai me abandonar? – pergunto, com a voz embargada.

— eu nunca vou te abandonar, Irina. Mas o meu dever é lutar pelo meu país.

— o seu dever é lutar por mim!

— eu já luto por você todos os dias! – sua voz aumenta – quando eu vou para uma guerra, estou defendendo o lugar que você mora! Eu só quero que esteja segura.

— não, Christopher. Você parou de lutar por mim há tempos – seco as lágrimas em meu rosto – mas tudo bem, vá. Você chegou há quatro dias e já vai embora, por tempo indeterminado. E eu vou ficar aqui sozinha, passando noites sem dormir, com medo de que você morra a qualquer momento!

Saio da cozinha e ando direto para o quarto, batendo a porta do mesmo com toda a força. Caio na cama e começo a chorar desesperadamente, abraçada ao travesseiro. Em questão de segundos, sinto meu corpo ser rodeado pelo corpo de Christopher.

— Irina, me escute. Eu amo você. Eu prometo que vou voltar.

Viro meu corpo, ficando de frente para ele. Nossos olhos se cruzam e eu toco em seu rosto. Minha mão desliza por toda a superfície de sua pele... Seu nariz longo e fino, maxilar quadrado, seu cabelo preto como petróleo. Mais lágrimas deslizam sobre meu rosto, que logo são limpas pelos dedos de Christopher.

— o que você está fazendo? – ele pergunta, enquanto fecha os olhos.

— estou memorizando o seu rosto – sorrio fracamente – absorvendo seu cheiro, sua pele macia... Já que ficaremos tanto tempo longe novamente.

— eu vou voltar em breve – ele sorri.

— nós dois sabemos que isso não vai acontecer. Você disse a mesma coisa há um ano. E esses atentados... Estão aumentando cada vez mais.

— Sim. Já foram seis nos últimos dois anos, contra diferentes países – ele admite – mas eu acredito que um dia teremos paz. Eu te prometo que se nada disso terminar em três anos, desisto do Exército e então poderemos viver e aumentar a família.

Sorrio.

— é bom que cumpra – belisco sua barriga – senão trarei de arranjar outro marido!

— faça isso e você será a responsável pela morte do pobre coitado.

Gargalho.

— E o que você faria soldado? – pergunto.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora