Capítulo 12

3.1K 223 8
                                    




SARGENTO CHRISTOPHER WILLIAMS - Algum lugar do Iraque.

Olho para o horizonte e tudo que vejo é o deserto e um sol escaldante. O combustível já está nas últimas e eu não sei onde estou pra variar. Alguns minutos passam, até que eu avisto algumas casas... Oh! É a cidade em que fizemos a última operação, e onde por acaso achei Mackenzie. Isso quer dizer que estou perto da base militar americana. Só espero que o combustível dure... Estou desidratado e morrendo de fome! Tenho pilotado por horas infinitas, ainda com medo de que aqueles homens me peguem, ainda com a imagem de Will em minha mente.

Will.

Eu deveria ter continuado firme com a minha decisão de não deixá-lo ir para Bagdá.

Will.

Ele teria voltado para os EUA e iria defender sua família lá mesmo.

Ele teria voltado para os EUA e iria defender sua família lá mesmo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Will.

Ele iria me odiar e talvez nunca mais nos falássemos. Mas eu poderia viver sem o seu perdão, se ele ainda tivesse a vida.

Will.

Eu ensinei tantas coisas para aquele garoto. Quantas vezes eu não estive no fundo do poço e somente ele foi capaz de me tirar de lá.

Will.

Eu me via nele. Seus olhos brilhantes, sua coragem, sua transparência. Aquele ar de quem ia dominar o mundo, um dia.

Will.

Mas agora... Não há nada.

Will.

O mundo o engoliu. A guerra o destruiu.

Will.

Sua família já deve ter sido avisada...

Will.

Quantas lágrimas sua mãe já derramou?

Will.

Quantas vezes o seu pai já se culpou?

Will.

De quem é a culpa?

Will.

Talvez não seja, mas sempre vou sentir que é minha. Porque eu poderia ter evitado. Enquanto aquele "E se" estiver na minha mente, a culpa também vai estar.

Eu nunca disse que o amava. Por quê? Por que não dizemos o que queremos quando temos tempo? Por que não nos permitimos viver? Talvez eu nunca tenha dito por que não seria coisa de homem, ou porque não queria privilegiá-lo. Mas eu o amei. E houve muitas vezes que meu coração gritou, mas eu o calei. A primeira vez foi quando ele pegou numa metralhadora e deu seu primeiro tiro... Acertou o alvo de primeira. E então ele veio correndo para mim como uma criança que acabou de ganhar um presente e me abraçou. E depois, quando eu o vi chorando em um canto, com um olho roxo, porque um soldado o agrediu sem motivo aparente. Nunca me senti tão furioso. Fiz de tudo para Will me contar quem foi, e quando descobri, pendurei o maldito agressor pela cueca no arame farpado. Os momentos mais extremos da nossa vida nos fazem querer gritar amor. E se eu pudesse voltar no tempo, eu diria que o amava em todas as ocasiões. E mesmo que ele tenha partido, mesmo que minha vida nunca mais seja a mesma por causa dessa guerra, ela ainda me deu um presente macabro. Ela tirou a vida de Will, mas também o colocou na minha vida. A guerra nos uniu. A guerra nos separou. Eu ganhei um filho, para perdê-lo.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora