IRINA WILLIAMS – Marckolsheim, França.
Saímos do carro e logo dona Catarina corre para a entrada da casa, onde sua sobrinha lhe espera. Elas se abraçam fortemente por vários segundos, enquanto eu as observo encostada no carro. Elas acenam para mim e então entramos na casa. Ela me cumprimenta e me faz algumas perguntas. O nome dela é Amelié. Sentamos à mesa da cozinha e ela nos conta vários casos que aconteceram na cidade. Por aqui estão todos em estado de alerta. Por sorte, a cidade tem um local subterrâneo secreto, em caso de bombardeios. Nós comemos e em seguida eu vou para a sala, onde os filhos de Amelié estão. São três: Cécile, uma linda menina de sete anos, Denis e Wallace, ambos com 10 anos. No início, eles ficam tímidos, mas após um tempo já estamos jogando videogame juntos. Eu sempre me dei muito bem com crianças... Chris sempre diz que eu serei uma mãe fantástica. Chris... Será que um dia o verei de novo? Será que um dia o abraçarei novamente? Beijarei seus lábios... Direi que o amo... Minha vontade é de deitar no chão e chorar até morrer afogada em lágrimas. Quero percorrer os sete cantos do mundo em busca do meu amor.
"Por que você está chorando?" Cécile pergunta.
Volto para a realidade e vejo as três crianças me olhando confusas e ao mesmo tempo assustadas. Olho para baixo e vejo que minha calça está molhada de tantas lágrimas.
"Nada" limpo o meu rosto "desculpem crianças... Onde é o banheiro?"
Eles apontam para uma porta e eu levanto, indo até ela em seguida. Fecho a porta e sento no chão. Tapo minha boca com força e choro silenciosamente. Não consigo definir o que passa pela minha mente. É um turbilhão de pensamentos e saudades. Minhas amigas, minha família, meu marido... Não poder vê-los, saber como estão, está me deixando cada dia mais atormentada. Sinto que sou uma bomba que a cada momento pode explodir.
Levanto-me e lavo meu rosto na pia. Sequer me olho no espelho. Apenas saio do banheiro e volto a me sentar no sofá, como se nada tivesse acontecido. As crianças me olham, mas decidem deixar pra lá. E eu também.
CHRISTOPHER WILLIAMS
Estou há uns dez minutos dirigindo. O movimento de carros é grande, na direção contrária à minha. Acelero mais. Estou com o coração apertado. Temos que sair logo da Europa... Se Irina está mesmo na França, ela está por perto. A única informação que tenho é que ela está no Norte. França pode ser um país pequeno, mas mesmo assim.... São várias cidades. Como vou encontrá-la no meio de tanta gente? Que falta um celular faz! Dirijo por vários minutos, até chegar na ponte do rio Reno. Após trinta minutos de espera, consigo passar. Continuo o caminho, seguindo reto o tempo todo. Finalmente avisto a entrada da cidade que Müller mencionou... Marckolsheim? Acho que esse é o nome. Entro e passeio pela mesma... Há tantas pessoas. Por onde começo? Vou começar pelos hospitais. Se ela estiver ferida, estará em um deles. Não sei se fico esperançoso ou triste com isso. Graças a Deus tenho um GPS... Vai me ajudar muito. Entro no primeiro hospital e vou direto na recepção. Está superlotado. Tento convencer a recepcionista a me ajudar, mas ela está irritada e nervosa.
"Por favor, senhora. Eu só preciso saber se minha esposa está aqui. Irina Williams é o nome dela" digo praticamente implorando.
"Senhor. Você está cego? Olhe ali atrás! Existe uma fila e ela está crescendo mais e mais, com pessoas em situações de emergência. Com licença".
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀
RomanceIrina e Christopher estão casados há cinco anos. Ele é um soldado americano, ela é uma empresária conhecida mundialmente. O amor deles é frio e cheio de mágoas, pela distância física e emocional (Christopher está sempre em missões) e por ela ser mui...