Capítulo 4

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- o senhor não precisa ir – Will fala, tentando me convencer a ficar.

- não, eu irei – termino de limpar meu fuzil – não quero que nada dê errado. Querendo ou não, estou sentindo que algo ruim vai acontecer.

- mais um motivo para não ir. Isso de sexto sentido é perigoso.

Rio.

- boa tentativa – digo – mas o soldado Moore não poderá ir e não posso escalar outra pessoa agora.

Olho para o relógio. Já são 19h30min. Levanto-me. Já estou bem equipado e pronto para ir. Saio da sala e vou para o galpão, onde todos os soldados já estão.

- soldados – bato palmas – chegou a hora. Não se esqueçam da importância dessa missão, não se esqueçam de também serem cautelosos. Calma e agilidade. Vamos lá.

Saímos do galpão e vamos para a pista de pouso, onde os dois helicópteros estão posicionados e prontos para nos receber. Robert e Martin são os pilotos, os melhores daqui. Entro no helicóptero de Martin e me arrumo em meu assento. Todos os outros fazem o mesmo. Eu espero que eles conversem, façam piadas ou algo do tipo, como sempre, mas fico até incomodado. Eles estão quietos. Sérios e concentrados. Suspiro. Eles sabem da gravidade dessa missão. O helicóptero ganha altitude e começamos a viagem. Voamos pelo céu iraquiano, quase invisíveis na escuridão da noite. Fecho os olhos e não consigo visualizar nada especifico. Só a escuridão. São tantas coisas para pensar, que não consigo pensar em nada. Faço uma oração mentalmente. Sempre bom ter uma ajuda extra. Eu nunca fui muito religioso, mas Irina sim. Sua fé sempre foi tão grande, que me fez acreditar que talvez realmente exista uma grande força soberana sobre todos nós. Só espero que ele veja o lado certo, que nos ajude. Eu só quero dormir tranquilo, sem medo de que minha família seja atacada por algum lunático terrorista. Que quando Irina e eu tivermos filhos, se ela ainda me quiser, que eles vivam em paz e que eu os veja crescer sem medo. Minha oração termina, assim como meus pensamentos. Só abro os olhos quando sou cutucado por Connor.

- Estamos chegando – ele avisa.

Espreguiço-me. Nem acredito que dormi.

- desligar luzes – ordeno.

Logo tudo fica escuro e o interior do helicóptero é iluminado por uma fraca luz vermelha.

- Iremos vasculhar casa por casa, pois não sabemos onde podemos encontrar informações – aviso – se encontrarem mulheres ou crianças nas casas, não as toque. Não matem os homens, mas imobilizem-nos e façam uma revista. A maioria dos que ainda vivem aqui são pessoas simples e que nada têm a ver com o EI. Levaremos como reféns apenas os homens que possuírem armas em casa.

Todos escutam e concordam rapidamente.

Logo o helicóptero começa a pousar no meio da pequena cidade.

- coloquem os óculos de visão noturna – alerto e todos colocam os óculos.

Já em terra firme, saímos de um por um. Analiso o lugar... Há exatamente vinte casas, formando um grande círculo, no qual estamos no meio. Por que o círculo? Olho para o meio do grande terreiro em que estamos e então vejo um poço bem no meio do pátio. Claro. Água é fundamental. Não penso muito. Divido os homens e cada um vai para um lado. Meu grupo está em número menor, de modo que estamos em sete. Dividimo-nos em dois grupos para podermos entrar em duas casas ao mesmo tempo, acelerando o máximo possível. Os sargentos Evans e Mason me acompanham e enquanto andamos até a primeira casa, observo todas as outras. São todas de tijolo, com reboco branco. Algumas pequenas, outras de andar. Logo que chegamos à porta, Mason faz o seu trabalho e atira no trinco, arrombando a porta. Entro primeiro... Há uma pequena sala, mas vamos logo pelo corredor. Através do homem da casa poderemos saber se há algo valioso aqui ou não. Entro em um quarto e vejo que há três crianças, acordadas e assustadas.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora